A Trindade, Francisco e a nova criação – 13


Talvez uma representação concreta e de cunho popular nos facilite a compreensão de pericórese trinitária. Em fins de julho de 1986, realizou-se o VI Encontro Intereclesial de Comunidades Eclesiais de Base na cidadezinha de Trindade, Goiás. Nos fundos do local do encontro havia em enorme painel onde se lia: “A Santíssima Trindade é a melhor comunidade”. Representava-se a SS. Trindade da seguinte forma: apareciam as duas mãos do Pai, das quais saía em forma de pomba o Espírito Santo que, por sua vez, repousava sobre a cabeça do Filho, Jesus Cristo. Este, erguendo os braços, tocava as mãos do Pai. Agarrados aos seus ombros, à esquerda e à direita, havia representantes do povo e dos movimentos populares como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e outros. Com isso se queria significar: existe a comunhão humana feita de participação e de comunhão de todos entre si e com a Trindade. Os divinos três são distintos e irredutíveis. Um não é o outro. Mas ninguém se afirma em exclusão do outro. Cada pessoa divina se afirma, afirmando a outra e se entregando totalmente a ela. As pessoas são distintas para poderem se entregar umas às outras e estarem em comunhão.
Ampliando:
1) Como aplicar criativamente a reflexão trinitária a estas afirmativas?
a) “A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam”.
b) “A SS. Trindade e, pois, um mistério de inclusão que impede de entendermos uma pessoa sem as outras”.

Imagem: Santuário de Trindade, em Goiás

Texto de Frei Vitório Mazzuco, OFM, e Leonardo Boff
Amanhã, continua com o subtítulo “4. Um mistério de comunhão: a pericórese”

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