A Trindade, Francisco e a nova criação - 11


3. Continuação do subtítulo "Caminhos da reflexão teológica"
Cristãos vindos da cultura médio-oriental grega denominada pela concepção monárquica absoluta e, em conseqüência, por um estrito monoteísmo a ponto de terem dificuldade de admitir Jesus como Deus encarnado e Filho de Deus, sentiam a urgência de enfatizar a trindade das Pessoas e, a partir, daí compreender a unidade divina. Também eles partiam do credo que reza: “creio em Deus Pai todo-poderoso”. Sublinhavam mais a idéia de Pai que a de Deus. E diziam o Pai é cheio de vida, de inteligência e de amor. Ao expressar-se a si mesmo profere a Palavra reveladora de sua natureza paterna. É o Filho do Pai. Ao proferir a Palavra, o Pai emite, simultaneamente, o sopro que carrega esta Palavra. É o Espírito Santo, espirado pelo Pai junto com o Filho. O Pai, portanto, comunica toda sua natureza e substância de forma diferente (senão teria dois filhos), de tal sorte que Filho e Espírito Santo são consubstanciais ao Pai e, por isso, são Deus. Num ambiente de ausência de comunhão onde campeiam as desigualdades e o individualismo desenfreado, os cristãos são levados, naturalmente, a sublinhar as três pessoas divinas em comunhão e iguais em eternidade e em infinitude. As relações entre elas é tão absoluta e completa, a comunhão entre as três divinas pessoas é tão suprema que formam um único Deus cheio de vida, de amor e extravasão de si.


Texto de Frei Vitório Mazzuco, ofm e Leonardo Boff

Imagem de Andrei Rublev

Amanhã, continuação deste subtítulo "Caminhos da reflexão teológica"

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