ESPIRITUALIDADE PARA UMA VIDA VIRTUOSA – 13

Ser cavaleiro era ter uma Pedagogia Iniciática; ser e viver em constante treinamento e aprendizado. Devia servir como um valete, um escudeiro, um noviço que preparava a ação de um grande senhor. Participar de torneios que reavivavam os sonhos de glória, desejos e esperança de um possível amor. Ter um ideal humano que atravessava a história a combater por algo que fosse bom e compensador. Ter a poesia como transfiguração da realidade sufocando a sua rudez. O tema central desta poesia era o Amor e a mulher, o assim chamado Amor Cortês, um sentimento novo, que não se baseia na atração física, nem na exaltação da sexualidade, mas que fazia da mulher uma imagem ideal. É um puro encantamento pela Dama; o feminino buscado como ideal distante, como uma afirmação de si mesmo. A Dama, a Princesa, bela e distante, é uma metáfora de busca para demonstrar audácia e valor. A mulher aparece como um valioso prêmio, representa uma união real e encarnada com os valores buscados.


Marco Bartoli nos diz: “a cultura cavaleiresca representa uma exaltação do amor e da mulher: na realidade, nas narrativas cavaleirescas, a mulher é sim, colocada como sobre um pedestal, mas quem a coloca é sempre o homem, a quem ela deve esta sua promoção (...) Se registrava uma correspondência precisa entre a vida vivida e a vida sonhada, entre a vivência cotidiana e o imaginário fantástico. As virtudes que eram exigidas da mulher eram: prudência, silêncio, discrição, humildade. Todas estas coisas que faziam uma mulher gentil, isto é, como devia ser a filha de um bom “gens”, de uma boa família aristocrática” (Bartoli Marco, “ Chiara d’Assisi, Roma, Istituto Storico dei Cappuccini, 1989, 36-39).

Os cavaleiros pertenciam a uma Ordem Cavaleiresca. O que significa a Ordem neste caso? Um cavaleiro solitário nem sempre pode manter uma mística completa. Ele precisa de um empenho de vida interior ajudado pelo coletivo. É um encontro entre o aperfeiçoamento pessoal e a força do grupo. Ordem é estar unido à uma entidade com legames sagrados, uma força comum, um espírito comum que vai tomando forma de grupo para manter, de modo comunitário, o sonho de coragem, fé e fidelidade. É viver em confrarias. Sua entrada nestas confrarias não era um sacramento, mas uma série de atos e símbolos com caráter religioso. Havia a Investidura. Pela investidura abençoava-se o cavaleiro, incutindo-lhe favores divinos, a perfeição cristã, as graças necessárias para seu estado, a missão de serviço à Deus e à cristandade.

Continua

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