Não existiu amor cortês no estupro do Barão




Era tempo da Cavalaria Medieval no século XIII e nas vivências do jovem Francisco de Assis; e com isto era tempo de ter um Código de Comportamento que louvava e protegia a Dama, sua dignidade, seu fascínio, sua beleza, seu encantamento e sua presença física e espiritual. A Senhora, Mulher e Rainha era o fin’amours, a pedagogia necessária para controlar a brutalidade e a natural superioridade do homem. A função da mulher era ajudar a evoluir para melhor a personalidade do homem. Era uma fusão de virtudes.

Era tempo atual na Favela do Barão, no Rio de Janeiro. Uma jovem de 16 anos sofre o estupro ao ser violentada por 33 homens. A notícia impactou e estremeceu consciências e opiniões. Movimenta-se a luta pela dignidade da Mulher. Volta-se para o conceito, que vem desde a Idade Média, o urgente modelo de beleza e o modelo de virtudes. Todos se posicionam, mas quem quer dar qualidade ao Amor? Se o Amor decai como existir homens e mulheres no exercício da virtuosidade?

Leio a notícia e os comentários. Se a notícia relata uma barbárie, os comentários estupram todas as mulheres. A maioria das palavras quer responsabilizar a menina de 16 anos pela violência masculina, e quer dar razão a horda sem código de honra ou sem alma da Favela do Barão. Todos dizem que ela estava onde não devia estar, que vestia-se como não devia vestir-se, que fumava, que namorava o perigo e que escolheu ser a atriz principal do violento e real filme, com o conhecido enredo que revela a trágica estatística de 11 mil mulheres estupradas no Brasil a cada minuto. Mas pergunto: com armas na mão e nas palavras, é fácil impor conceitos e pré-juízos. Porém, quem gostaria de realizar um confronto entre Beleza física e Virtudes? Quem gostaria de ir lá na Favela do Barão e dar qualidade ao Amor? Quem gostaria de virar o jogo e mostrar que a Mulher não é um objeto de uso, ou objeto de Amor, mas o próprio Amor? Que volte a Cavalaria Medieval com seu Código Cortês-Cavaleiresco para derrotar estas facções de violência contra a humanidade que não precisa ser tão decadente assim! Honra e Amor ainda valem nesta vida de drogas e podem tirar muita gente desta droga de vida!

FREI VITÓRIO MAZZUCO, OFM

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