FESTA DE SANTO: UMA ESPIRITUALIDADE BRASILEIRA - Final


5. Festa do Divino: festa do povo

1. “A festa do Divino é a festa do Espírito Santo elaborada e celebrada pelo povo junto com a Igreja em Pentecostes para a Festa do Divino Espírito Santo. Não pode ser uma celebração sem emoção, sem alma, e muito fria. Muitos católicos, nesse dia, entram e saem da missa sem saber o que se celebra no dia de Pentecostes.

A devoção do povo ao Divino Espírito Santo é o povo na rua, o povo em procissão, o povo partilhando refeição, a bebida, a dança e a música. O povo construindo sua liturgia a céu  aberto, comungando com a natureza. O Espírito é Aquele que  iluminou a terra e a fecundou desde seu início: “A terra era um vazio imenso, sem nenhum ser vivente, e estava coberto por um mar profundo. A escuridão cobria o mar, e o Espírito Santo de Deus se movia por sobre a água”, descreve nos seus primeiros versos o Livro do Gênesis .
Festa do Divino, é uma festa espiritual, uma festa da devoção do povo nos seus símbolos, nas suas músicas típicas, nas danças e folias do Divino, nas bandeiras vermelhas e coloridas que traduzem a esperança da bênção e da cura, da proteção à lavoura e à cidade. A bênção da fartura do alimento, a luz para as autoridades do município e da Igreja para administrar bem a terra sobre a bênção do Divino.

Festa do Divino, festa do povo que expressa sua devoção e confiança erguendo o Mastro do Divino nas alturas para que, a exemplo do que acontecia nos navios antigos, o mastro levantasse a sentinela bem no alto  para sempre vigilante,  pudesse assinalar a aproximação do perigo. Assim o Espírito Santo, representado  em sua bandeira no alto do mastro, está a espreita para defender  seu povo.

Festa do Divino, festa do povo que expressa sua devoção e profunda fé que se manifesta no gesto de “deitar-se para o Divino” a Mortalha. Os devotos “amortalhados” deitam no chão, cobrem-se de lençol feito mortalha. O “amortalhado”, em sinal de gratidão, morre para si mesmo para viver somente do Divino, o Divino Espírito Santo.

Congada na Festa do Divin de São Luiz de Paraitinga 

As cantorias, as congadas, as procissões coloridas, a quermesse, os comes e bebes.

Celebrar o Divino Espírito Santo é decidir-se pelo novo. É crer na possibilidade de que com Ele a face da terra, o rosto do mundo, podem ser transformados. O maior pecado que podemos cometer contra o Espírito Santo é resistir a mudança, ao novo, seja na igreja, seja na sociedade. O Divino é a força impulsionadora  da Igreja que a impele à uma ação renovadora, transformadora e revolucionaria da realidade e da história. O Divino Espírito Santo sacode a tentação da inércia, do marasmo, da acomodação, da rotina, da mesmice da Igreja e da sociedade. É Ele que desperta profetas, lideranças, movimentos, sínodos, congregações religiosas, formas novas de ser igreja, de fazer politica, formas novas de pastoral, ministérios e serviços na igreja e na sociedade.

Celebrar e festejar o Divino é dizer não ao mal e ao estático. Celebrar o Divino é aderir com unhas e dentes ao “Envia teu Espírito Senhor, e renova a face da terra”.

Em muitas paróquias no interior deste país se  dá um destaque todo especial a esta festa, juntando a liturgia popular da Festa do Divino, criada pelo povo. Com a grandiosa  procissão  das Promessas do Divino, com as bandeiras e bandeirolas típicas e com a congada vinda de um determinado lugar. Venham receber as bênçãos do Espírito Santo!”

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