Algumas ideias sobre a Teologia Franciscana - VI

Pintura da artista Regina Ammerman

Francisco de Assis é fundador de uma Ordem sem ter diploma, sem ser um intelectual, sem ter passado pelos horizontes do conhecimento humano onde está a filosofia, a física, o direito, a astronomia, a medicina... Mas tudo isto está implícito em sua grande percepção da vida. A Fraternidade por ele fundada não tinha um direcionamento da busca e da atividade intelectual. Acolheu pessoas simples, letradas ou não com uma única proposta: os dons existem para viver e servir segundo a Boa Nova. Entrar na Ordem, mesmo sendo douto, era renunciar o status da cientificidade. Unir a todos pelo amor fraterno e não pela bagagem da ciência.

Diz Tomás de Celano: “Ele sempre teve o constante desejo e o vigilante esforço de perseverar entre os filhos o vínculo da unidade, para que fossem afagados em paz ao colo de uma única mãe os que foram trazidos pelo mesmo Espírito e gerados pelo mesmo pai. Queria que os maiores se unissem aos menores, que os sábios se ligassem aos simples com afeto de irmão de sangue, que os distantes se associassem entre si pelo laço de amor” (2Cel 191, 1-3 ), Cfr. também 2Cel 192, 193 e 194 (Nova tradução das Fontes pgs. 419 a 421).

Não possuía apego aos livros por uma questão de desapego e desapropriação; ter livros era caro e privilégio de uns poucos.Seu livro era o Evangelho e o seguimento apaixonado do Deus presente na Experiência de Jesus Cristo. Acolheu com naturalidade os intelectuais na Ordem; acolheu-os com a mesma abertura que recebeu nobres e pobres (cfr 1 Cel 31). Muitos de seus frades estudaram e ensinaram nas universidades já em seu tempo.

Fazia um confronto entre a sabedoria do mundo, onde giravam os estudos, mas também a instrumentalização do saber para dominar, acumular, vangloriar-se, ser superior aos demais, ascender socialmente e distinguir classes. Ele não queria que o poder do saber desviasse da Minoridade (cfr 2Cel 189).

Continua

Comentários

Denise Pires disse…
No mundo o saber é inquestionavelmente usado como poder. Todos tão inteligentes, cultos, ricos, cheirosos, viajados e influentes. Poucos pensam e atuam primordialmente pelo bem comum. Mesmo nas profissões que cuidam diretamente do ser humano, da pessoa. Existem exceções, claro. Entre os senhores Frades não é assim e creio que São Francisco deixou explícita a questão: estudar sem "perder o espírito da oração".

Sua Bênção.
Denise.