ECOTEOLOGIA- PARTE 9-UNIDADE 3- 2. A RAIZ HUMANA DA CRISE ECOLÓGICA
O ser humano nem sempre concebe a vida de um modo harmonioso; a sua ação no mundo pode arruinar a natureza. Ele tem em suas mãos o poder da tecnologia: a era industrial trouxe a máquina a vapor, eletricidade, telégrafo, ferrovias, automóveis, avião, as indústrias químicas, a energia nuclear, a evolução dos aparelhos que ajudam a medicina moderna, a informatização, a cultura digital, a inteligência artificial, a robótica, a nanotecnologia e a biotecnologia. Tudo isso tem que ser enaltecido porque mostra a atuação e a capacidade da inteligência humana de tornar a nossa vida mais funcional e mais prática. A questão é perguntar: tudo isso será usado somente para o bem? Não podemos esquecer que regimes autoritários fizeram uso da bomba atômica, do mercado das armas para impor seu poder ceifando vidas.
Os progressos vindos do
mundo midiático, da medicina e das engenharias deram a nossa vida um outro
ritmo e muitas facilidades nas conquistas de soluções.
A tecnociência, bem
orientada, pode produzir coisas realmente valiosas para melhorar a qualidade de
vida do ser humano, desde os objetos de uso doméstico até aos grandes meios de
transporte, pontes, edifícios, espaços públicos. É capaz também de produzir coisas
belas e fazer o ser humano, imerso no mundo material, dar o salto para o âmbito
da beleza. Poder-se-á negar a beleza de um avião ou de alguns arranha-céus? Há
obras pictóricas e musicais de valor, obtidas com o recurso aos novos
instrumentos técnicos. Assim, no desejo de beleza do artífice e em quem
contempla esta beleza dá-se o salto para uma certa plenitude propriamente
humana. (FRANCISCO,2015, p. 66)
O poder que está nas mãos
do ser humano não está no uso da tecnologia e de sua força para a economia. A
humanidade tem que ser educada para o uso adequado destas forças. Tem que
transformar e não fazer uma apropriação de intervenção sobre a vida, a
natureza, manipulando as forças naturais em função do lucro sem pensar nas
consequências.
IMPORTANTE
“O antropocentrismo
moderno acabou, paradoxalmente, por colocar a razão técnica acima da realidade,
porque este ser humano já não sente a natureza como norma válida nem como um
refúgio vivente. Sem se pôr qualquer hipótese, vê-a, objetivamente, como espaço
e matéria onde realizar uma obra em que se imerge completamente, sem se importar
com o que possa suceder a ela. Assim debilita-se o valor intrínseco do mundo. Mas,
se o ser humano não redescobre o seu verdadeiro lugar, compreende-se mal a si mesmo
e acaba por contradizer a sua própria realidade. Não só a terra foi dada por
Deus ao homem, que a deve usar respeitando a intenção originária de bem,
segundo a qual lhe foi entregue; mas o homem é doado a si mesmo por Deus,
devendo por isso respeitar a estrutura natural e moral de que foi dotado”.
(FRANCISCO, 2015, p. 73)
Texto originalmente publicado pela USF- FREI VITORIO MAZZUCO FILHO
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