SANTA CLARA DE ASSIS, ALGUNS ASPECTOS DE SUA VIDA


 Ama os pobres porque viu a mãe cuidar dos pobres sem fazer muita ostentação.


A história de Clara começa no dia 20 de janeiro de 1193 em berço de família nobre. Na sua família existem sete homens que fizeram os votos cavaleirescos e isto já dá uma base para a importância e poder da sua família na fina nobreza e aristocracia de Assis. Ela conheceu os costumes da nobre linhagem, a vida dentro de um palácio, a opulência de uma parte dos moradores muito ricos da cidade que viviam os que tinham e podiam gastar. A casa onde viveu tinha muitos servos e servas e a circulação de condes e personagens da corte. O que inicia o clã é Offreduccio que morre quando Clara é ainda muito criança. Monaldo, irmão mais velho de Offreduccio, assume o cuidado do grupo de família que ali habitava. No palácio moram todos, inclusive Simeão, pai de Rufino, que mais tarde segue Francisco de Assis. Entre este grupo de pessoas ligadas a Offreduccio está Favarone, marido de Hortolana e pai de Clara. Há indícios de que o nome Hortolana vem em homenagem a esta mulher que vai gerar uma horta de belas flores e plantas.

Favarone vem de favorecido. Era uma parte da nobreza que sabia usar bem os favores, privilégios e a força do mercado. Favarone não parava muito em casa, pois era um cavaleiro errante e voltado para o comércio de armas. Esta sua ausência faz crescer a força de Hortolana, mulher muito humana, de personalidade forte, de fé profunda, uma autêntica dona de casa. Viajou também em peregrinações que formavam o costume de metas a serem alcançadas na Idade Média. Hortolana espera seu primeiro filho. Pede muito diante do Crucifixo que venha com saúde e que a ajude no parto. A tradição diz que ela ouviu uma voz inspiradora de que teria uma filha que iria iluminar o mundo todo. A filha que nasce recebe o nome de Clara, que em latim medieval significa ilustre e luminosa.

Clara nasce cercada de muito afeto e é cuidada com muito amor por sua mãe. O pai sempre foi ausente da vida de Clara, mas dedicou seu carinho nos breves momentos que esteve em casa. É a mãe que ensina a fé e as preces, que dá toda a educação. Da mãe herdou firmeza de vontade e doçura. Conviveu com muitas mulheres no palácio num clima de boa relação. Clara era linda e tinha uma energia de feminilidade muito grande. Criativa e alegre, criou como menina um método próprio de ajuntar pedrinhas para contar as orações. Ama os pobres porque viu a mãe cuidar dos pobres sem fazer muita ostentação. Em Assis há um contraste entre o fausto da nobreza e os muitos mendigos que imploravam comida e roupa pelas ruas. Clara tira o que sobra da abundância de sua mesa e leva para os que precisam. Fazia com descrição e escondimento, privilegia os órfãos por quem tinha atenção especial em função de ter nascido numa boa família. Tem caráter voluntarioso e decidido. Conhecia o latim porque pôde estudar como uma jovem aristocrática. Sua inteligência é intuitiva. Seu caráter é firme, sincero e sem abatimento diante de dificuldades. Vê sempre o lado bom de tudo.

Assis teve um conflito social entre nobres e burgueses que chegou de fato a uma guerra. Por razões de segurança, o tio Monaldo leva a família para Perúsia, e lá, Clara vive alguns anos com Catarina sua irmã mais nova. Por ser maior e a cidade mais influente da região, Perúsia é o lugar onde Clara conhece as relações humanas, o diálogo, o acolhimento e o moldar-se como uma dama nobre. Aos dezessete anos volta para Assis e vê nascer Beatriz, sua irmã caçula. Pouco sabemos de Clara neste período, pois ela não se mostra muito, mesmo sendo uma jovem muito cobiçada. Quase não aparece na janela. Sua vida é ir da casa para a igreja e da igreja voltar para seus aposentos. Desde muito cedo quer pertencer apenas ao Senhor. Vive de um modo discreto com a guarda dos costumes domésticos. Não se empolga com os projetos matrimonias da família a seu respeito. Diz a testemunha, Rainério de Bernardo no Processo de Canonização: “Como era bela de feições, cedo lhe procuraram marido. Muitos de seus familiares fizeram pressão para que consentisse no casamento, mas ela jamais acedeu. A própria testemunha confessa que muitas vezes a quis influenciar neste sentido. Mas ela não lhe deu ouvidos, antes pelo contrário, exortava-o a deixar o mundo” (PC 18,2).

A falta de herdeiros masculinos na família faz aumentar a pressão, e segundo o costume de então, os pais decidem o futuro dos filhos fazendo boas alianças. Porém, Clara sabe muito bem o quer para a sua vida. A voz intuitiva e misteriosa que falou com sua mãe antes do parto, agora fala através do brilho próprio de Clara de Assis.

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO

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