Francisco de Assis, modelo referencial do humano - V



FRANCISCO E A  MÍSTICA

Mística é a introdução nos mistérios do sagrado e da vida, é estar imerso na vida com as motivações mais profundas. Francisco, ao dispor-se à vida, ao buscar o que ele mesmo não sabia, deixou-se conduzir pelo Senhor, deixou-se conduzir pelos confrontos e foi conduzido ao que procurava. Diz ele em seu Testamento: “Foi assim que o Senhor concedeu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência: como eu estivesse em pecados, parecia-me sobremaneira amargo ver leprosos. E o próprio Senhor me conduziu entre eles, e fiz misericórdia com eles. E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo se me converteu em doçura de alma e de corpo”.  Mística também significa guardar um segredo, recolher-se para colher o melhor; entrar na intimidade de Deus, de si mesmo, da vida. Francisco, quando olha de um modo intenso para si mesmo, é porque primeiro olhou para Deus; saiu do rumor da cidade e recolheu-se nas cavernas, florestas e eremos; para ele, os eremitérios não eram lugares para ficar, mas para sair. Chegar ali, abastecer-se de silêncio, prece e recolhimento e sair. O eremo não acentuava um isolamento, uma alienação, uma fuga da convivência, um individualismo, mas um preparar-se para a fraternidade, para a comunidade. Hoje, muita gente fracassa socialmente porque não tem o recolhimento da profundidade pessoal.

Mística é o húmus que faz desabrochar, o oculto que desvela a intimidade que transparece. É beber na fonte de toda inspiração, ter as mais fortes convicções. A sua vontade bem trabalhada é o fio condutor de sua vida e que coloca a sua vida em movimento; a sua mística é a energia de amor e fé que passa por dentro deste fio; é uma energia divina  que acende e faz com que o mundo inteiro se ilumine com a presença de Deus em Francisco.

Continua

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