FRANCISCO DE ASSIS, UM JOVEM PARA OS JOVENS


Neste outubro de 2017, em feriado prolongado, estive num Encontro de Jovens em Santo Amaro da Imperatriz com o jovem Francisco de Assis. E fiquei pensando que em cidades escondidas, entre centros maiores, acontecem coisas grandiosas. Perugia e Assis, Florianópolis e Comunidade São Francisco de Assis. No painel do salão a frase: “Loucos como Francisco”, e eu pensando, que aqueles mais de 60 jovens estavam indo na contramão do consenso: perto da praia, sol e mar; foram ali para aprender, conviver e rezar.

A cidade de Assis viu aquele jovem, que era orgulho de seu pai e mãe, andar pelas ruas como um líder, elegante, esbanjando dinheiro e simpatia. Trabalhava com o pai e gastava o que ganhava. Uma alma boa, espírito justo, coração cheio de bondade. Tinha o modo normal dos jovens de então: amizades, alegria, festa, taberna, serenata e sonhos de conquistas, e a brilhante carreira das armas. Mesmo gastando muito nas farras com seus amigos, Francisco tinha uma sensibilidade para com os que vinham pedir esmolas.

A cidade de Santo Amaro da Imperatriz viu o espírito de Assis reunir jovens do Sul, com ânimo, iniciativa, vontade, criatividade, liderança e aquela disposição de saber com um jovem de Assis como se anda neste país e pelo mundo com jeito de devolver sentidos. Suas famílias orgulhosas de ver filhos aproveitando bem o tempo, deixaram que seus filhos fossem até ali e eles foram recebidos em casas de outras famílias com abraços acolhedores de mudar o mundo. Jovem que tem ideal abre portas nunca vistas, são filhos e filhas de uma grande família de uma humanidade que ainda acredita.

Assis e Perugia tinham uma rivalidade entre si. Nobres e plebeus, vez ou outra, entravam em combate. Francisco de Assis vai para a luta e é preso. Na cadeia vence as grades com bom humor, mas também com momentos de tristeza, melancolia e incertezas.  Experimenta a doença. Dizem que vai ser honrado pelo mundo inteiro. Sonha com um palácio cheio de armas. Tem que tomar decisões de servir o Senhor ou o servo. Volta para a sua terra. Francisco está estranho como um apaixonado.


Santo Amaro da Imperatriz viu aqueles jovens reproduzirem a vida de Francisco de Assis num teatro sugestivo feito com a seriedade daqueles que sabiam que não podiam brincar coma vida de um mito, místico, modelo e santo. As famosas serenatas na praça de Assis enchiam um salão de música com som e ritmo de rock, danças e alegria no rosto. Nenhuma disputa entre si. Todas as classes sociais estavam ali representadas, sobretudo aqueles que tinham as mãos calejadas pelo trabalho na terra. Muitos sonhos e dinâmicas representativas. Camisetas sugestivas e gente enamorada de seu jeito. Nenhuma disputa, mas muita busca.

Assim como Francisco de Assis fez estrada, entrou em frestas e florestas, descobriu lugares, silenciou e cantou, dividiu e reuniu; aqueles jovens meditaram a Encarnação: Deus vem morar na terra dos humanos tomando jeito de criança para dar jeito na humanidade. Aqueles jovens refletiram a Cruz, o lugar do Amor capaz de tudo, capaz de levar até o fim uma escolha: um Deus que deixa marcas. Aqueles jovens moldaram a massa do pão, saborearam a Eucaristia e sentiram o gosto de um Deus vivendo inteiro em cada pedaço, sangue único correndo na veia de todos.

Em Santo Amaro da Imperatriz os jovens recriaram outra Assis e partilharam ideias, escutaram profundamente, silenciaram, fizeram preces marcantes e reconstruíram certezas.  Sonho de Francisco, sonho de Clara, sonho de Diego, de Laís, de Mariana, de Leão, Gabriel, Rufino, Cícero, Edson, Ângelo e Ângela, e tantos que participaram de uma experiência já feita em muitas Caminhadas, Missões, Acampamento, e agora mais uma: ajeitar no canto da cidade que pulsa as energias de um circuitos de águas, um eremitério, um retiro, um momento forte de formação, e beber na Fonte Pura do Evangelho. Reverência a estes jovens!

FREI VITÓRIO MAZZUCO

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