A MÍSTICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS - 25


A MÍSTICA DA ENCARNAÇÃO

Sem encarnação não há comunicação

"Vede a humildade de Deus!", gostava Francisco de dizer.

E foi ali, em Greccio, que ele teve esta idéia, e tomado por um grande desejo disse aos seus irmãos: "Quero lembrar o Menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro." (1Cel, 84).

   Naquele tempo, ainda não existiam os presépios de Natal, principalmente os presépios vivos. A ideia era nova, simples, e até ingênua.

Tinha surgido no coração de Francisco como uma chama de Amor. Uma idéia extraordinária como só os poetas podem ter, pois são eles que nos fazem voltar aos olhos da infância. E, logo, reencontramos os segredos perdidos. Um boi e um burro, um estábulo; e o Natal é restituído com o realismo de sua ternura.

Ver e fazer ver o Filho de Deus, nascendo ao mundo na humildade e na pobreza de um presépio entre animais; nada era mais importante para o futuro do mundo. Numa sociedade mercantil, onde o soberano era o dinheiro, o que podia ser mais útil do que fazer brilhar a gratuidade de um Deus? Num mundo de clérigos ávidos de poder e honra, o que podia ser mais salutar do que lembrar a humildade de um Deus? E num tempo de guerras, violências, Cruzadas... o que podia ser mais urgente, mais necessário do que fazer ver a doçura e a mansidão de um Deus?

Não era só uma simples ideia. Era toda a vida de Francisco. Reinventar o Natal, Reencontrar a Humanidade, a Ternura de Deus era o que Francisco queria para si mesmo, para os irmãos e para o mundo inteiro. Era o seu presépio vivo. Era preciso ver longe, muito longe. E assim, a partir da coisa mais simples do mundo, fora dos caminhos comuns, dos caminhos batidos, ele reencontrava a Fonte Oculta da Ternura e da Fraternidade.

Na foto acima, tirada durante a "Experiência de Assis", em 2012, a Gruta de Greccio.

Continua

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