A MÍSTICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS - 24


A MÍSTICA DA ENCARNAÇÃO

Sem encarnação não há comunicação

Francisco nos ensinou a nascer para Deus, para o mundo, para as pessoas e para si mesmo. Tudo isto ele celebrou no Natal, que quis transformar numa experiência mística, num novo nascimento. Ele se fez menino com o Menino. O Espírito do Senhor faz acontecer nele seu "advento de doçura", no auge do rude inverno da natureza e da humanidade.

Estamos no fim do ano de 1223, numa pequena aldeia da montanha do Vale de Rieti, no centro da Itália. Esta aldeia chama-se Greccio. Ali o ano deve terminar como todos os outros: no frio, na distância isolada, na pobreza. A neve vai caindo e as atividades externas vão tomando-se raras. As mulheres fiam a lã, e os homens cortam e racham a lenha.

Diante da lareira, dentro de casa, contemplam o fogo que crepita. Eles, silenciosos, esperam. Esperam o quê? O retorno de dias melhores? A primavera? O sol? Tudo isto e mais ainda: um pouco de calor humano, amizade, alegria. Sonham com um sopro de inocência e de ternura. Mas o que pode trazer-lhes, naquele momento a felicidade?

Na Liturgia, a cristandade escuta: "Oxalá rasgasses os céus e descesses! (Is 63,19) "Céus, destilai orvalho lá do alto; nuvens, fazei chover o Justo..." (Is 45,8). Parece que em Greccio não há ninguém para falar aos corações. É a imensa solidão do inverno. E como são longas as noites de inverno na montanha! Há o uivar dos lobos. Terra gelada, terra ansiosa, a expectativa de um pouco de Amor, "quando enfim verás nascer a aurora divina?"

Ali todos ouvem falar de Francisco de Assis, que lhes ensinou a viver segundo o Evangelho e em grande fraternidade com todas as pessoas. Revela-lhes o verdadeiro rosto de Deus. Não do Deus dos domínios da eclesialidade, nem das Cruzadas, nem do dinheiro. Mas um Deus dos pequenos que vem a nós com doçura.

Continua

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