OS ÍCONES E AS IMAGENS - Final

Diz o apostolo João: ”ninguém jamais viu a Deus”, mas Jesus prometeu àqueles que têm o coração puro verão a Deus (MT 5,8). Essa bem aventurança faz do olho o símbolo da pureza interior. A primeira pregação cristã insiste em mostrar a oposição entre os olhos da carne e os olhos de espírito, a seguir a física precedendo simbolicamente a abertura dos olhos do coração (At 9,18). A função do Filho é revelar seu Pai: “quem me viu, vê o Pai” disse Jesus a Filipe, mas no fim dos tempos a plena visão será dada a todos e “os olhos de todos contemplarão a glória de Deus assim como ele é” (Jo 14,9; 1Jo 3,2). O olho é a luz interior no humano iluminado, e o protótipo desse humano de luz é o “olho de luz”.

Em numerosas tradições filosóficas religiosas esse interior permite acesso a sabedoria. O olho da alma ofuscado pela luz da inteligência, se fixa na pura claridade; a alma vê então a luz que se encontra no interior de seu próprio olhar.

O olho interior só é órgão de sabedoria porque é capaz da própria experiência de Deus. Toda revelação se apresenta como um véu que se retira diante dos olhos para se ver a visão beatifica e a contemplação. Olho do coração é um tema freqüente na literatura espiritual e na arte. Não pode nem ver nem discernir seu objeto sem a luz, assim também a alma não pode contemplar a Deus sem a luz da fé, a única que pode abrir os olhos do coração. Para os padres do deserto o “homem inteiro, deve se tornar olho”.

No século X, Filóteo o Sinaíta, escrevia: “nos encontraremos a pérola do Reino dos Céus dentro do coração, se primeiro purificarmos os olhos de nosso espírito”.

Comentários

Denise Pires disse…
Prezado amigo Frei Vitório,

estou agora com o meu livro da Litrugia das Horas III e na contra-capa achei anotações muito interessantes que eu fiz em 11/06/2003, era uma quarta-feira, 10a Sem do TC. No final eu coloquei uma citação Bíblica:

2Cor 5
"Pois caminhamos pela FÉ e não pela VISÃO"

Esta citação coroa perfeitamente tudo que eu escrevi antes (surpreendente, não lembrava-me disto).
Mas foi em um momento no qual eu devo ter sentido e dito: Sim, Senhor, eu nada enxergo, mas Tu és o meu guia.

Lindos os escritos dessa série, que acompanhei atentamente.

Abraços fraternos.

Denise.