OS ÍCONES E AS IMAGENS - IX


O olho chega a sua oferenda sacrifical, de onde nascera uma segunda visão, a sobrenatural, que sublima, substituindo a simples visão corporal. É o olho interior, o olho do coração, o olhar dos místicos que percebem a luz divina.

Os valores mais propriamente religiosos e místicos do olho são numerosos e variados. A palavra ‘ayin’, olho, ocorrem 675 vezes no Antigo Testamento e 137 vezes no Novo Testamento o que marca a riqueza de suas significações simbólicas. Ele designa primeiro o órgão da visão modelado pelo Criador para o bem do homem e da mulher, pois “é uma alegria para o olho ver o sol”. Mas o olho é também um órgão do conhecimento que a Escritura associa sempre a qualidade de sábio e prudente: assim Balaão, o adivinho cujo olho esta fechado para as realidades terrestres que o cerca, mas que se abre para o escondido e o invisível desde momento que ele encontrou o Todo Poderoso (Nm 25,25). O Senhor faz dele um vidente cego usando assim o tema de uma visão superior a visão corporal normal. Simbolicamente, o olho designa a consciência do humano que Javé abre para o conhecimento de sua lei.

Para o mundo bíblico Deus vê tudo, Ele é o Deus ao qual nada escapa. Sua soberania transcendente tem como característica a onividência. Seu olho divino é justiceiro, diante dele o justo poderá encontrar graça; é um olho paternal, o da providência divina. Mas qualquer que seja seu desejo o humano não tem a possibilidade de ver a Deus face a face, pois ninguém pode ver Javé sem morrer (Sl 42,3).

Continua

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