COMO E COM OS TRÊS REIS MAGOS: VAMOS AO PRESÉPIO! - Final
Os Três Reis Magos reencontraram a origem divina. O presépio onde chegaram é a alma do mundo. A partir de então, a alma de Deus e de tudo são Um! Da Hierofania à Epifania. Gaspar, Melchior e Baltazar não estão com este nome no Evangelho, e a Boa Nova não diz que são três, mas diz que eles “chegaram do Oriente”, tinham perguntas: “Onde está o rei que acaba de nascer?” “Vimos uma estrela no Oriente e viemos adorá-lo” ( Mt 2, 1-12). Como a dizer para nós, como aquela canção do Gil: “Se oriente rapaz!”. Oriente o caminho pelo coração que você encontra. Tinham três presentes dado por cada um. Por isso podemos imaginar que são três. O que a gente oferece é que nos dá nome e diz quem somos. Nós não sabemos muito quem eles eram, mas as catacumbas de Priscilla e Calixto em Roma riscaram os traços deles na parede como um perfil na linha do tempo. Tertuliano e Orígenes os colocaram nas crônicas da história. O salmo 71, 10-11 narra de modo orante: “Os reis de Társis e das ilhas lhe enviem presentes, os reis de Sabá e Seba lhe paguem tributo. Todos os reis se prostrem diante dele, e o sirvam todas as nações!”. Reis são regência da vida do povo, mas como reger sem ter um Deus?
Quem são estes Magos? O bispo gaulês, Cesário de Harles (470-542) pregou que eles eram três, e no século IV surgiram seus nomes. Porém isto não importa muito. Eles significam tanta coisa! Representam até os continentes Ásia, África e Europa. Eles foram três cabeças encontradas em Constantinopla e trazidas como relíquias pelas Cruzadas para Milão. Eles foram cultuados a partir daí como Santos Reis. Frederico Barbaroxa doou estas relíquias para Reinaldo van Dassel que as colocou num relicário precioso na catedral de Colônia, Alemanha, no dia 23 de Julho de 1164. Eles viraram personagens do livro, “Historia Trium Regum”, do carmelita Frei João Hidesheim. Eles inspiraram os artistas que retrataram o Nascimento na Biblia Pauperum. E estão na Legenda Aurea, que amplia o conhecimento de seus nomes: Apelio, Amerio e Damasco no Hebraico; Galgalat, Malgalat e Sarathin no Grego e Gaspar, Melchior e Baltazar no Latim. Para o mundo das Tradições é preciso dar nome para aqueles que a indicam caminhos. Dar nome é trazer para a existência. Dois brancos e um negro, um com 60 anos, outro com 40 anos e outro com 20 anos. Etnia, idade, realeza, honra e reverência.
Ontem e hoje nos Reisados, na Folia de Reis, na Religiosidade Popular eles representam este humano que busca um Deus, gente como nós. Tem até na tradição popular, São Baltazar, santo rei dos negros. Santos Reis das Congadas e Moçambiques, das danças, das festas e das rezas, dos remédios contra vertigens e contra os perigos do caminho, contra febres e feitiços, contra pregadores de sermões longos para não se perderem em muitas palavras. Santos Reis dos Sermões de Antônio Vieira que na sua pregação de 1662 diz que o Senhor não permitiu que eles se perdessem nas estradas, nem que mudassem de pátria, que voltassem para de onde vieram. Que os Santos Reis nos ajudem a chegar lá, sem a opressão do poder da soberania, mas no silêncio da adoração. Que eles não permitam que os pobres desta terra se percam ou que ninguém vá ao seu encontro. Reis vieram, reis voltaram. Que os Santos Reis nos livrem da tirania de Herodes que mudou para cá, transformou o Sinédrio em Congresso e Câmara, e está matando crianças e velhos, mantando nossos sonhos e esperanças, nos descuidados e desmandos da nossa perdida política nacional. Mas apesar de tudo não perdemos a força, resistência e fé! Com a Encarnação, este Menino vem mostrar para nós, que apesar de tudo, a humanidade tem jeito!
Feliz Natal! Com e como os Santos Reis, vamos ao Presépio pedir esperanças! Vamos encontrar o Menino Deus! Paz e Bem na gloria do céu e nos humanos de vontade estrelada e boa!
FREI VITORIO MAZZUCO
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