Francisco de Assis, modelo referencial do humano - XII


Hoje vivemos a grande crise da alteridade por causa da perda do sentido dos outros. Há a fragmentação da família, a desatenção a idosos, enfermos e crianças, a intolerância, impaciência, nacionalismos e regionalismos que vêm à tona, preconceitos, exclusão, segmentação de linhagens, indiferença para com os indígenas, xenofobia e outras atitudes de indiferença, agressão e morte.

Para Francisco, nada do que era humano era estranho; ele recuperou a pertença ao grupo humano e ao convívio com todos os seres. Para ele, mais importante do que viver é conviver.

É preciso intuir com ele que a fraternidade é o grande princípio para novamente estabelecer uma nova humanidade. Com o seu grupo primitivo, que na intensa vivência fraterna são modelos de alteridade, aprendemos a não viver no grupo da mediocridade e da banalidade, mas sim dos que têm o vigor do espírito para encontrar o sentido de estar juntos.

Vejamos o que diz uma Legenda Franciscana: “Quando voltavam a se ver, enchiam-se de tão grande prazer e de alegria espiritual que não se recordavam de nada da adversidade e, mormente, da pobreza que padeciam (...) Amavam-se uns aos outros com profundo amor, serviam-se e nutriam-se mutuamente, como uma mãe serve e nutre seu filho. Tanto ardia neles o fogo da caridade que lhes parecia fácil entregar seus corpos, não somente pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas também um pelo outro, de boa vontade (...). Estavam arraigados e fundados no amor e na humildade, e um reverenciava o outro como se fosse seu senhor. Quem entre eles sobressaía pelo ofício ou por qualidade parecia mais humilde e desprezível do que os outros. Igualmente, todos se dispunham totalmente a obedecer: quando se abria a boca de quem ordenava, imediatamente estavam preparados seus pés para andar e as mãos para trabalhar. Qualquer coisa que lhes era ordenada julgavam que lhes era ordenada segundo a vontade do Senhor; e, por isso, era-lhes suave e fácil executar tudo”.

Continua

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