ALGUNS PENITENTES E SUA INFLUÊNCIA NO MOVIMENTO PENITENCIAL - 6




Todo movimento cresce com a expressão viva de seus fundadores ou influenciadores. No caminho penitencial temos que destacar alguns, e vamos fazê-lo de um modo muito sintético. Pedro de Bruys, teve sua atividade entre 1112 – 1120, não sabemos muito sobre ele, mas ele foi um crítico do clero decadente de seu tempo, por isso mesmo sua atividade foi considerada herética. Não considerava válido o batismo de crianças, não acreditava na Igreja como edifício, repudiava a piedade sobre a Cruz do Senhor, a intercessão de preces pelos defuntos, a Eucaristia e da Sagrada Escritura conservava apenas os Evangelhos e as Cartas de Paulo. Teve fim trágico, queimado na fogueira pelo povo. Mas ficou uma alerta quanto ao clero que estava longe de sua função. Arnaldo de Brescia, que morreu em 1155, interessava muito pelo caminho espiritual, não se misturando nas disputas entre o Papado e o Senado de Roma. Queria a reforma dos costumes eclesiásticos, uma vida mais de pobreza e mais próxima aos ideais do Evangelho. Apoiou o Senado Romano e quis que os bens da Igreja passassem para os príncipes. Seus discípulos criaram a seita dos Arnaldistas, que desautorizava o clero que não tivesse uma vida pobre. Influenciados pelas ideias de Arnaldo de Brescia, consideravam o fundamento da ordem sacerdotal e da hierarquia apenas as virtudes evangélicas. Não aceitam receber sacramentos dos sacerdotes que eram indignos; para eles, a Igreja não podia ter poder judiciário e coercitivo. Foram condenados no Concílio de Verona em 1184, mas continuaram como um grupo separado por todo o século XIII, tempo de Francisco de Assis.

Os Pátaros ou Patarenos, eram originários da Pataria e se transformaram num movimento político-religioso, originário de Milão na segunda metade do século XI. Surgiram em função da reforma gregoriana e reagiam contra os elementos puros da igreja ambrosiana contra a corrupção que nela reinava, contra a simonia e o concubinato do clero. Os Cátaros (os puros), surgiram por volta de 1140, em Colônia, na Alemanha. Eram maniqueístas e muito racionalistas. Foram influenciadores de uma reforma da vida religiosa, política e social. Destacavam a vida dos primeiros apóstolos e seu modo de conduzir a Igreja. Para eles, ser Igreja era seguir as pegadas de Cristo sem ter nada, nem casa, nem campos, nem dinheiro. Criaram uma independência doutrinal e hierárquica, criando o que eles chamavam a Igreja dos perfeitos. Não assistiam a missa de sacerdotes que tivesse uma concubina ou não vivessem a vida apostólica. Suas ideias dualistas afirmavam um deus bom, criador dos espíritos, e um deus mau, criador de tudo o que é matéria. Para eles, a alma vem de Deus e o corpo vem do demônio. As almas estão aprisionadas no corpo. Cristo não era Deus e nem homem, mas sim um anjo adotado por Deus. Foi adotado num corpo através de Maria, viveu, sofreu e morreu neste corpo. No Batismo do Jordão recebe o Espírito, mas não é um Batismo na água e no Espírito, mas um exorcismo. Para eles, os fiéis podem ser libertos de seus pecados seguindo um caminho de penitência. Negam a Santíssima Trindade. Impactaram os fiéis quanto ao relaxamento do clero. Por suas ideias foram considerados heréticos.

Imagem: Monumento a Arnaldo, em Brescia, Itália.

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FREI VITORIO MAZZUCO

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