OS ÍCONES E AS IMAGENS III

Os Ícones revelam a espiritualização da matéria como reflexo da Encarnação, o revelar-se de Deus no Universo. Usavam material natural porque acreditavam que tinham dentro de si bem combinadas as energias divinas e terrenas que influenciavam as substâncias vegetais e minerais.  Pintar um Ícone era efetuar uma transformação da matéria, é recuperar uma visão sacramental do mundo.

Não é uma mera arte ou tarefa ligar cores, mas sim criar a irradiação do reino divino, cujo símbolo maior, no mundo físico é a Luz. A luz e suas cores simbolizam o princípio da unidade dentro da multiplicidade. Por exemplo, nos Ícones a veste que toca o corpo venerável irradia energia e luz.
Há, também, no Ícone a sutil geometria das formas puras: curvas (círculo), verticais e horizontais (quadrado) e diagonais (triângulos). Elas estão entrelaçadas em um conjunto harmonioso. É a linguagem da geometria sagrada.

Aparece o nome da pessoa sagrada. A palavra faz parte integrante do desenho e parte essencial da linguagem visual.

Os dedos e mãos também tem significado especial: abençoam, rezam e apontam para Deus. Os rostos não são retratos comuns, mas descrevem a presença divina no ser humano. As cabeças nunca são pintadas de perfil, pois a Palavra de Deus deve ser recebida face a face. O alto da cabeça tem forma aproximada de um círculo, que é o símbolo da perfeição,  concórdia, totalidade do que é santo, Deus.

A arcada superciliar forma uma ponte sobre o topo do nariz, e os olhos são moldados com cuidado para se harmonizarem com os contornos  da cavidade ocular. A linha do septo nasal termina em uma ponta oval e é contínua com as narinas. A parte inferior da orelha está sempre descoberta, pois a pessoa está ouvindo.

Imagem: Christ Pantocrator, Hagia Sophia (1185-1204)
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