ESPIRITUALIDADE PARA UMA VIDA VIRTUOSA – 27

Na sua origem, o Projeto Franciscano, teologicamente é centrado na Encarnação, na Paixão e na Eucaristia. A Encarnação é um Deus que vem morar junto, é humano, é carne da nossa carne, é raça, é Filho do Homem, é um atencioso, pleno de cuidado e solidário. A Paixão mostra que a Cruz não é fim; é fonte! Fonte de capacidade do Amor se entregar até as últimas conseqüências. Morrer prometendo ao contrário o paraíso e arrumando uma Mãe para o discípulo e para o mundo. A Cruz fala em meio a enigmas, entregas e incompreensões, mas sempre fala e manda reconstruir! A Eucaristia lembra, cada dia e em todos os lugares, a partilha, o fortalecer a caminhada, o dar um pedaço de si, revelando nele a própria natureza, alimentando de um Deus que se faz humildade e comida para tocar o humano nas suas entranhas. É fazer-se inteiro em cada pedaço! A Eucaristia faz ir para a mesa quem mais precisa.


Francisco de Assis ensinou a solidariedade através do Cântico das Criaturas, isto é, a destinação universal de todos os bens, a fraternidade universal e o universalismo fraterno. O Altíssimo Onipotente é sempre um Bom Senhor, o Sumo Bem, é o Deus de nosso coração que nos convoca a um Amor Universal, inaugura a fraternidade e a solidariedade de todos os seres, de todas as criaturas, de todas as pessoas. Todo ser criado nos remete à fecundidade social do amor. A verdadeira fraternidade humana se ampara na comunhão de valores e de bens fundamentais para a vida: a terra, a água, o ar, o fogo, a luz, o verde das plantas, a habitação, o mundo limpo e bonito, partilhado e cuidado para oferecer a todos as melhores condições de viver. Ao dividir tudo isso, conquistamos a verdade, a justiça, o amor, a solidariedade, a liberdade, a mais plena comunhão de bens e de dons.

Com o Projeto Franciscano, aprendemos que solidariedade é energia de amor e generosidade, que é busca incansável do bem, do dom de si à fraternidade humana; uma atitude permanente de renúncia e serviço; de gerar recursos para viver e trabalhar em benefício de todos. Aprendemos que pobreza não é contrária ao sonho de ter, nem a angústia de não ter, mas é gerar recursos, trabalhar e dividir com todos. Aprendemos que obediência é atitude constante de escutar o Amor e dizer: “De boa vontade o farei, Senhor!” e, a partir daí, ter paixão na vontade e nos projetos. Aprendemos que a pureza de coração é epifania de um amor solidário e universal.

Continua

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