FRANCISCO DE ASSIS E A ENCARNAÇÃO – DE GRECCIO PARA TODOS OS CANTOS DO MUNDO - 3

 


Estamos nesta reflexão por causa do Jubileu do primeiro presépio feito por São Francisco  em 1223, portanto, 2023, ano celebrativo do evento acontecido naquele bosque próximo a aldeia de Greccio. O que Francisco de Assis realizou ali foi a visualização criativa da narração do Evangelho sobre o nascimento de Jesus, num processo de criação de personagens de um modo criativo, inteligente, piedoso e infinitamente transbordante de mensagens. O presépio não é uma metáfora, é um fato que revela Deus que diz: aqui estou! Não é apenas uma encenação, é uma revelação. 

No presépio a Palavra dá vida a cada criatura e cada criatura se torna palavra viva, brilhando em cada sinal. O presépio passa a ser este sinal inesgotável e cada criatura que ali se apresenta tem a sua plenitude. A Encarnação deixa-se dizer no presépio que passa a ser o próprio reflexo de Deus no mundo sensível.  Greccio é celebração de alegria porque o Evangelho da Infância exulta de alegria. Cada detalhe da existência, através da Encarnação se conecta com Deus. A vida de tudo está na Palavra e a Palavra tem que ser mostrada para dizer que tudo tem as marcas do Criador.  Para São Francisco não existem apenas as criaturas, mas sim a comunicação que cada criatura é no sentido da Palavra. 

Para Francisco de Assis o presépio resplandece a divindade e a humanidade de Jesus Cristo numa bela teofania, a mais bela de todas, e por isso precisa de homenagem! Fazer presépio é honrar de um modo luminoso a luminosa presença de Senhor em nossa história. Presépio não é ajuntamento de imagens, mas comunhão com Deus por meio da percepção e da gratidão. Se a Palavra se fez criatura, as criaturas se reúnem para proclamar a Palavra que veio ser como nós: pessoa! O presépio é o estar junto, estar em casa, ver, contemplar, viver com e viver por uma causa. Um Reino que abraça o universo a partir de uma manjedoura, um trono simples para um Menino Rei humanizado. Nele a gloria é visível. “Quem me vê, vê o Pai”(Jo 14, 7). 

No presépio a Palavra tem carne de nossa carne e se manifesta na plasticidade da Encarnação que Francisco quis mostrar. A partir de então o presépio mostra a identidade de Jesus que é pura relação. Estar em relação com o Pai, com o Espírito, com todos os seres. Ele é o Pai tornado Ele mesmo em todas as criaturas. A Palavra que começa a ser gerada no princípio está para sempre em toda a eternidade. Palavra vem para o mundo para dar vida ao mundo. No presépio, cada personagem diz que a Palavra vivifica o mundo e se distribui em todos os cantos da vida. 

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO FILHO

Imagem ilustrativa: Presépio do Convento São Francisco (SP)

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