NOS PASSOS DE FRANCISCO – 1
O MOVIMENTO DE ASSIS QUE SE TRANSFORMOU EM TRÊS ORDENS, CONGREGAÇÕES, INSTITUTOS, FAMÍLIAS RELIGIOSAS, GRUPOS DE ESPIRITUALIDADE, INCONTÁVEIS RAMIFICAÇÕES E UM NÚMERO INCALCULÁVEL DE SIMPATIZANTES
No ano de 1990, ao voltar dos estudos na Itália, comecei a falar do Movimento de Assis e sofri algumas críticas, pois muitos que pertencem a nossa frondosa árvore genealógica inspiracional, não queriam aceitar o termo para não confundir com outros e tantos Movimentos Espirituais existentes nas Igrejas e em todas as Tradições Religiosas. Trinta e um anos depois retomo a questão, pois nascemos como um Movimento de Conversão a partir do Evangelho, que na sua origem viveu a fluência e a vivência encarnada da Palavra de Deus. Tornou-se Ordem mais tarde. Francisco começa entre 2001 e 2005 sozinho e com os primeiros companheiros e Clara que vão chegando aos poucos. A Ordem se firma entre 1221 e 1223 com o processo de aprovação das Regras.
Muitas pessoas entendem São Francisco de Assis e o Franciscanismo como um Caminho para a compreensão de uma visão cristã de mundo, como uma força espiritual, como uma releitura do Evangelho, e a partir daí vivem o mundo, a própria vida, a força espiritual como motivação existencial, em nossa Casa Comum. É um Movimento que nasce em primeiro lugar dentro de cada coração e vai para o coração de tudo que existe para movimentar a vida. Conversão é movimentar-se do lugar da estagnação. São oito séculos de um passado sempre presente e atual que entra em muitos detalhes do dia a dia. Tornou-se uma família de seguidores e seguidoras encantados e enamorados, que dentro de instituição ou não, de um modo comunitário ou individual, se enraizaram numa solidez espiritual.
Ser feliz é ter raiz. Ser feliz é beber em mananciais que saciam a força dos projetos pessoais e comuns. O Franciscanismo tem rosto porque tem Fontes Franciscanas e Clarianas; Fontes estas que são uma inspiração que saiu da dimensão pessoal e fraternal e se tornou universal. Tem datas definidas, mas não se prende ao cronológico; o “Memoriale Propositi”, de 16 de abril de 1221 colheu os frutos da inspiração para propor a instituição. O que sobrevive é sempre a inspiração, porque é uma fonte que não seca. Do século XIII aos séculos futuros traz uma vivacidade inesgotável, sempre leve, flexível, livre e oportuna. Não nasceu de delírios de seus fundadores, Francisco, Clara e seus primeiros companheiros e companheiras, mas sim nasceu de passos bem dados, precisos e seguros.
CONTINUA
FREI VITORIO MAZZUCO FILHO
Imagem do filme de Roberto Rossellini (1950), "As Flores de São Francisco"
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