O Movimento Penitencial e a mudança de atitude - 2



A palavra grega metanoia tem uma multiplicidade de significados, desde o saudável confronto com o ato de perdoar, sempre difícil e desafiador, como também o significado de penitência e conversão, mas sobretudo como mudança de lugar e de atitude. Romper com um modo de ser, uma vida e uma mentalidade anterior e dar novos rumos a própria vida. É a convocação que está no Evangelho: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino de Deus” (Mt4,17). Metanoia também é corrigir o que está errado e voltar-se para algo maior que vai dar um grande propósito para a vida. É uma escolha e um aprendizado pelo bem e com o bem e não estar ao lado do mal; é não compactuar com erros pessoais e comuns. O profeta Oséias diz que é abraçar uma amizade pessoal com Deus (Os 3). É melhor estar sob a custódia divina. O coração tem que pulsar por aquilo que vale a pena (Ez 33,14-15).

De que adiantariam os maiores sacrifícios se não levarem a uma mudança interior? É abraçar a verdade em oposição a hipocrisia. Mudança radical de costumes. No Novo Testamento, Jesus propõe a escolha da fé e do amor para ter grandes motivações na vida. Sentir-se mais filho do que nunca! É adesão total ao Pai e crer nas Palavras do Filho, fazendo uma fusão com as palavras do Evangelho que passam a ser espírito e vida. O coração muda e a partir daí fluem as obras. Crer e amar. Fé e prática de boas obras.

Para os penitentes franciscanos, a mudança de atitude está em encarnar o Evangelho e seguir o jeito de Francisco que de olho e na escuta de uma inspiração original que o fez estar além do espaço do mundo. Sair do mundo para estar melhor no mundo de um jeito diferente. Estar no mundo com a alegria de ter uma nova postura. Estar no mundo com qualidade. “Desde então, com grande fervor e exultação, começou a pregar a penitência” (1Cel 23). Tomás de Celano nos relata: “Francisco reuniu seus companheiros e, depois de lhes ter falado longamente sobre o Reino de Deus, o desprezo do mundo, a negação da própria vontade, o domínio sobre o corpo, dividiu-os em quatro grupos de dois e lhe disse: “Ide, caríssimos, dois a dois pelas diversas partes do mundo e anunciai aos homens a paz e a penitência” (1Cel 29). Em 1209, o Papa Inocêncio III, ao receber o grupo de Francisco pela primeira vez na Cúria Romana, diz: “Ide com Deus, irmãos, e como Ele se dignar vos inspirar, pregai a todos a penitência” (1Cel 33); e continua Tomás de Celano: “O valorosíssimo soldado de Cristo passava por cidades e castelos anunciando o Reino de Deus, a paz, o caminho da salvação, a penitência para a remissão dos pecados “ (1Cel 36).

Ser penitente é um encaminhamento da existência. É identificação com um caminho de transformação, projeto prioritário do Reino de Deus, uma mudança transformante.

FREI VITORIO MAZZUCO

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