FRANCISCO DE ASSIS E A ESMOLA



Na Vida Segunda de Tomás de Celano temos o relato: "Noutra ocasião, na Porciúncula, ao voltar um irmão de Assis com esmola, já próximo de cemitério, começou a prorromper em canto e a louvar o Senhor em alta voz. Tendo-o ouvido, o santo salta de repente, corre para fora e, tendo beijado o ombro do irmão, coloca o saco em seu próprio ombro e diz: 'Bendito seja meu irmão que vai com prontidão, pede com humildade e volta alegrando-se'” (2Cel 76).

No início da Ordem havia o frade esmoler. Saía pedindo esmolas para ter o que partilhar com a Fraternidade e com os pobres que batiam as portas das Fraternidades. A esmola, no período medieval, podia ser a ostentação de quem tem e podia dar, como a superação de todos os entraves daquele que ia pedir. Dar e receber comportam valores. O Evangelho é claro quando diz: "Recebeste de graça, de graça deveis dar” (10,8). Pedir era um exercício de extrema humildade. Dar era o exercício de colocar em comum. Francisco ao ver o irmão voltar cantando e louvando sabe que este está feliz pelo dever cumprido de pedir para suprir as necessidades dos que precisam. Sai em direção ao irmão num salto de acolhimento, gratidão e reconhecimento. Beija os ombros que suportaram o peso das coisas carregadas. Esmola é prontidão em perceber as necessidades; é a humilde receptividade do pedir e receber, é a alegria de ver o amor transformado em gestos concretos de comunhão de palavras, presença e de bens.

FREI VITÓRIO MAZZUCO

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