São Luís de França e os Franciscanos -II


Frei Sandro Roberto da Costa, ofm
Na “geografia” espiritual do Ocidente medieval, a França destaca-se, por ser a “filha primogênita da Igreja”[6]. Os monarcas franceses, por sua vez, em função da unção que recebem na cerimônia de consagração, com o óleo da “santa âmbula”, gozam de uma exclusividade sobre os demais reis europeus: são os reis mais cristãos da Europa, o rei da França é o “Rex Christianissimus”, o “Rei Cristianíssimo”.

Seguindo a tradição, o jovem príncipe foi educado, desde a mais tenra idade, dentro dos princípios cristãos, que também norteavam a vida de seus pais. Luís VIII era cognominado “Leão”, por sua bravura nos campos de batalha, mas também por sua firmeza no combate aos inimigos da fé, testemunhada principalmente no empenho para eliminar a heresia cátara no sul da França. Preocupados em dar uma boa formação religiosa e intelectual ao futuro rei, seus pais confiaram sua educação a preceptores de comprovado saber e fidelidade religiosa[7].

Sua mãe teve que enfrentar sérios desafios durante a minoridade do filho, até consolidar o poder. Nobres e opositores do reino argumentavam com a menoridade de Luís, e pelo fato de a regente ser uma mulher. A  Inglaterra aproveitou da ocasião para fazer valer seus direitos sobre territórios perdidos nos anos anteriores. Branca, todavia, soube mostrar seu valor, fazendo frente de modo corajoso e firme a todas as ameaças ao trono. Luís atingiu a maioridade aos dezenove ou vinte anos, em 25 de abril de 1234, e logo a seguir casou-se com Margarida de Provença. Sua mãe, no entanto, continuou ocupando uma posição de proeminência nas decisões mais importantes do reino.




[6] A França tem este título pelo fato de que Clóvis, o rei dos Francos (tribo bárbara que vai dar origem à França), ter sido batizado em 499, pelo bispo católico Remígio, sem ter antes passado pela heresia ariana, como os demais povos bárbaros.
[7] Frase famosa na Idade Média: “Um rei iletrado não passa de um asno coroado”.  

Continua

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