São Luís de França e os Franciscanos - XI
Frei Sandro Roberto da
Costa, ofm
2.2.2 Um rei
paciente no sofrimento
Luís é um rei que, como cristão exemplar, suporta
pacientemente os sofrimentos. E não são poucos. Ainda jovem, aos 28 anos, após
a guerra contra os ingleses, começa a sofrer de febre terçã (uma espécie de
malária). Em 1244, sofre com uma diarreia tão grave, que chegam a considerá-lo
morto. Nesta ocasião faz o voto de partir em cruzada[35].
As doenças o perseguem, sejam as crônicas, como a febre ocasionada pelo
paludismo, sejam outras que surgem em várias ocasiões: erisipela, diarreia,
escorbuto. Mas todos testemunham a paciência do rei frente aos sofrimentos. Joinville
testemunhou os sofrimentos do rei durante a sétima cruzada. Segundo ele, o rei,
quando prisioneiro dos muçulmanos, sofria de grave infecção intestinal. Estava
muito pálido, “com os ossos da coluna todos tão pontudos e tão fraco que era
preciso que um homem de sua criadagem o levasse para todas as suas
necessidades... À noite desmaiou por várias vezes; e, por causa da forte
disenteria que tinha, foi preciso cortar o fundilho de suas ceroulas, tantas vezes ele descia para ir ao
banheiro”[36].
Na partida para a oitava cruzada, o rei estava tão fraco que provocou a indignação
de seu amigo Joinville, com aqueles que o deixaram partir naquele estado. O rei
mal podia caminhar, pela fraqueza: “ele não podia aguentar ir nem de carroça
nem a cavalo. Sua fraqueza era tão grande que ele se resignou que eu o
carregasse...”[37].
Sua morte será causada pelo tifo. Mas Luís não é um rei triste. Le Goff afirma:
“Talvez nisso também haja um traço de espiritualidade franciscana”[38].
[35] Stein, Henri, Pierre Lombard, médecin de Saint Louis In: Bibliothèque de l'école
des Chartes. 1939, tome 100. pp. 63-71.doi : 10.3406/bec.1939.449186. http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/bec_0373-6237_1939_num_100_1_449186.
[36] Le
Goff, São Luís, oc., p. 175; p. 766, citando
Joinville.
[37] Idem, 768.
[38] “Graças a Joinville, vemos São
Luís rir e às vezes rir às gargalhadas”. Le
Goff, Jacques, São Luís, oc., p. 431.
Continua
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