São Luís de França e os Franciscanos - V
Frei Sandro Roberto da
Costa, ofm
1.3 Gravemente doente: o
voto da cruzada
Uma vez organizado e pacificado o reino, Luís organizou a sétima cruzada.
Na origem desta expedição está a grave doença que o acometeu, em dezembro de
1244, e que o deixou praticamente à beira da morte. Num esforço extremo para recuperar
a saúde, o rei fez a promessa de que, se ficasse curado, iria organizar uma
cruzada[13].
Depois de quatro anos de preparação, em junho de 1248, com sua mulher
Margarida, e seus irmãos Carlos de Anjou, Afonso e Roberto de Artois, após
receberem a bênção do papa Inocêncio IV, partiram para libertar o Santo
Sepulcro. O reino ficou a cargo de sua mãe, Branca de Castela, que já dera
provas suficientes de que teria condições de conduzi-lo na ausência do filho. Devido
a uma série de reveses, incluindo tempestades que desviaram a frota, além de
epidemias, os cruzados tomaram, em 08 de junho de 1249, a cidade de Damieta, no
Egito. No caminho para o Cairo, deu-se a famosa batalha de Mansurá, onde perdeu
a vida o irmão de Luís, Roberto de Artois. A disenteria e o escorbuto ajudaram
a enfraquecer ainda mais a tropa. Luís e seus soldados foram feitos prisioneiros
pelos muçulmanos. Sua mulher, Margarida, passou a comandar os cruzados. Após o
pagamento de um vultuosa soma, Luís e seus soldados foram libertados depois de
um mês de cativeiro, em maio de 1250. O rei e suas tropas passaram ainda quatro
anos na Terra Santa, consolidando as fortalezas cristãs, conduzindo negociações
entre cristãos e muçulmanos. Tendo recebido a notícia da morte da mãe, retornou
à França, entrando em Paris em setembro de 1254[14].
[13] Segundo uma fonte contemporânea aos fatos, teria sido a mãe de Luís, Branca de
Castela, a fazer o voto, com as relíquias sobre o corpo do filho, num momento
de desespero, quando todos achavam que o rei estivesse morto. In Mercuri, Chiara. San Luigi e la crociata. In: Mélanges de l'Ecole française de Rome.
Moyen-Age, Temps modernes, T. 108, N°1. 1996. pp. 221-241. doi :
10.3406/mefr.1996.3483. http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/mefr_1123-9883_1996_num_108_1_3483
[14] Sobre a participação de Luís em
duas cruzadas há muita bibliografia. Citamos apenas algumas obras: Laband, Edmond-Rène, Saint Louis Pèlerin. In: Revue d'histoire de l'Église de France.
Tome 57. N°158, 1971. pp. 5-18. Doi : 10.3406/rhef.1971.1856 http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/rhef_0300-9505_1971_num_57_158_1856; San Luigi e la Crociata, oc.
Continua
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