São Luís de França e os Franciscanos - VI
Partida e bênção de São Luís para as Cruzadas |
Frei Sandro Roberto da
Costa, ofm
1.4 A
volta da cruzada, a saudade do Oriente: a morte às portas de Túnis
De volta da cruzada, entre 1254 a 1270, Luís continua desempenhando sua
missão de monarca cristão. Se antes já exercia suas funções como rei exemplar, praticando
a justiça e defendendo o direito, principalmente dos pobres, após o retorno do
Oriente estas práticas se acentuam. Os estudiosos sublinham a mudança de
comportamento após a volta da cruzada. A experiência frustrada deixou marcas
profundas na alma de Luís. O rei justo, ético, modelo de cristão piedoso, passa
a ser ainda mais cioso da prática da justiça, além de acentuar suas práticas de
devoção e de piedade, e suas obras de caridade para com os pobres e os
religiosos.
Desde que retornara da cruzada, o horizonte de vida de Luís passou a ser a
Terra Santa. Em meio às funções que exigiam a administração do reino, o monarca
deixava claro que não sossegaria enquanto não organizasse uma nova expedição à
Terra Santa. A decisão foi anunciada a 25 de março de 1267. Em 04 de junho de
1270, Luís, seus filhos João Tristão e o herdeiro Filipe, além de vários nobres,
partiram em direção a Túnis. Desembarcados às portas da cidade, uma forte
epidemia de disenteria e febre ataca os cruzados. João Tristão morre a 03 de
agosto. Depois de muito sofrimento, estendido sobre um leito de cinza em forma
de cruz, Luís inicia sua definitiva viagem ao encontro daquele que tão
ardentemente buscara nesta vida. Um longo processo iniciado logo após sua morte
vai culminar com a canonização solene, sob o pontificado de Bonifácio VIII, em
1297. Sua festa foi fixada em 25 de agosto, dia de sua morte.
2. A
espiritualidade que moveu São Luís de França
“Os contemporâneos do rei... praticamente não tinham como deixar de
classificar esse soberano a não ser com a palavra santo – mas um santo
excepcional, do mesmo modo que São Francisco o tinha sido como religioso, no
início do mesmo século XIII”[15]. Esta
afirmação do ilustre medievalista francês nos fornece elementos para uma
análise da espiritualidade que inspirou os gestos e decisões do monarca, a
ponto de ter sido declarado santo pela Igreja. Um dado importante é o fato de
que Luís já era considerado santo por seus contemporâneos. Mas era um santo com
um endereço definido: um santo franciscano. Ora, de onde vem esta percepção? Para
dar uma resposta, temos que nos debruçar brevemente sobre a espiritualidade cristã
que dominava então o Ocidente à época de Luís.
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