ITINERÁRIO A ASSIS - 24
Nosso segundo dia em Roma começou bem cedo. Saímos às 7 horas para participarmos da Audiência Coletiva com o Papa. Muitos do grupo só entenderam por que saímos cedinho quando viram a imensa fila de peregrinos aguardando o momento de entrar no enorme, moderno e suntuoso anfiteatro. Uma multidão de etnias, culturas, línguas e motivos diferentes para estar ali: grupos organizados por agências de viagem, peregrinos, paróquias, escolas, um encontro internacional de abades beneditinos, congregações e ordens em Capítulos Gerais, corais, jovens recém-casados, seminaristas, movimentos, comunidades de experiências religiosas diversas, e nós, a Ordem Franciscana Secular.
Bem cedo, a caminho do Vaticano, no ônibus, fizemos a nossa primeira reflexão e focamos a questão do Franciscanismo como o grande encontro entre a intuição e a instituição. Ser obediente e fiel à Igreja é levar para dentro da instituição a força do carisma e receber a força da unidade eclesial.
A Legenda dos Três Companheiros nos fundamenta num belo relato: “O bem aventurado Francisco resolveu pedir ao mencionado senhor Papa Honório, um dos cardeais da Igreja romana, a saber, o predito senhor de Óstia, como se fosse papa de sua Ordem, a quem os irmãos pudessem recorrer em seus negócios. O bem aventurado Francisco tivera uma visão que podia ter induzido a pedir o cardeal e a recomendar a Ordem à Igreja romana. De fato, vira uma galinha pequena, que tinha as penas emplumadas, com os pés à maneira de uma pomba doméstica; ela tinha tantos pintinhos, que não podia reuni-los sob suas próprias asas, e eles andavam ao redor da galinha, permanecendo fora. Despertando do sono, começou a pensar sobre tal visão e imediatamente reconheceu, pelo Espírito Santo, que ele era representado figurativamente por aquela galinha e disse: “Eu sou essa galinha, pequeno de estatura e frágil por natureza, e devo ser simples como a pomba e voar ao céu com a paixão alada das virtudes. O Senhor, por sua misericórdia, deu-me e dará muitos filhos aos quais não poderei proteger com minhas próprias forças; portanto, é necessário que eu os recomende à Santa Igreja, a fim de que os proteja e governe sob a sombra de suas asas” (LTC 63). A Audiência Papal nos ocupou a manhã toda.
Na parte da tarde focamos três lugares para uma visita histórica cultural: O Coliseu, a estátua de Moisés na Igreja de São Pedro in Vincoli, e a Fontana de Trevi. O Coliseu ou Anfiteatro Flaviano ganhou este nome porque teve próximo uma colossal (Colosseum) estátua do imperador Nero. Impressiona pelo seu colosso arquitetônico. Abrigava 50 mil pessoas e foi um lugar do “panis et circenses” do Império Romano, o pão e o circo. Lugar de diversão, espetáculos, lutas de gladiadores, combates entre homens e felinos, leões, tigres, leopardos etc. Reprisavam épicas batalhas e até mesmo batalhas navais com cenários e engenharia de dar inveja hoje aos efeitos de Steven Spielberg. Os imperadores Trajano, Vespasiano, Domiciano e outros celebraram aí suas glórias. É a gigantesca propaganda ideológica de um Império que marcou toda uma civilização. Beda, o monge, profetizou em sua obra “De temporibus liber”: “Enquanto o Coliseu se mantiver de pé, Roma permanecerá; quando o Coliseu ruir, Roma ruirá e quando Roma cair, o mundo cairá”... bem, pelo menos viemos de muito longe para conferir... e ele ainda ali está...
Chegamos à igreja de São Pedro in Vincoli ( São Pedro em Cadeias) depois do meio da tarde. Ela é do ano 431. Tem no altar central as cadeias (as correntes) que foram usadas no apóstolo Pedro na prisão (cfr. Atos dos Apóstolos). Mas a grande atração desta igreja vem da Arte. Nela está o túmulo do Papa Júlio II, grande mecenas dos maiores artistas da época renascentista, e, sobretudo de Michelangelo. E o genial Michelangelo o fez em 1545. A figura central deste mausoléu é Moisés. A estátua é de tal perfeição que o próprio Michelangelo extasiado e alucinado diante da beleza de sua obra, bateu com o martelo na estátua e gritou: “Por que não falas?” Nós, de queixo caído, fotografamos.
Andamos muito pelas ruas vendo a bela, milenar e misteriosa Roma. Curtimos seus becos e cafés, suas lojas igual um brechó superchic, sua riqueza inesgotável de história e sua insana agitação motorizada, num contraste entre o ontem das gigantescas e artísticas construções e o hoje das máquinas. Fomos parar na Fontana de Trevi (Fonte dos Trevos). É uma obra barroca. Esplêndida! A fonte de água está aí desde 19 a.C. e a obra de Leon Alberti e Bernini, veio mais tarde, a partir de 1629, continua até hoje a encantar os turistas que se aglomeram ali. Há uma lenda que, se alguém, jogar uma moeda em suas águas, com as costas voltadas para a fonte, sempre volta a Roma. Por via das dúvidas todos nós fomos lá fazer o ritual de jogar as moedas, numa pueril alegria. Digo para vocês que foi a quinta vez que repeti o mesmo gesto... Morei em Roma dois anos e esta é a quarta vez que volto à cidade conduzindo um grupo. Não sou muito chegado a superstições... “mas hoje estou aqui, vivendo este momento lindo, de costas pra você e as mesmas emoções...sentindo!”
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Comentários
Penso nas ruelas, bequinhos, com suas lindas pequenas casas e sobrados e na grande confusão que dizem ser o trânsito.
Boas visitas, aproveitem a arte, a beleza.
Abraços.
Denise.