ITINERÁRIO A ASSIS - 16



























Com aperto no coração, saudade e aquela sensação de que podemos sair de Assis, mas Assis não sai da gente... nos despedimos da cidade e tomamos o rumo do Vale de Rieti (11/9). Primeira parada em Pian d’Arca, onde Francisco, que andou naquela região, pregou ao povo e aos pássaros e tocou o coração de tanta gente, que pediram para ele criar uma Ordem para os leigos. Ali vai nascendo a Ordem Franciscana Secular. Junto ao nicho comemorativo do fato, narrado em detalhe por I Fioretti 16,  vimos um teatro preparado pelos irmãos de Taubaté e Wilton, presidiu um momento celebrativo muito forte e belo. Já no ônibus foram lidos os textos sobre Cannara, Bevagna e Spoleto, de modo que sabíamos onde estávamos e de onde saímos; vimos os lugares de nossas raízes.

Paramos em Foligno e fomos até a Praça da Comune, onde Francisco vendeu cavalo e mercadorias para arrecadar dinheiro para reconstruir São Damião. Fomos da Praça da Comune para a Praça São Francisco, na igreja do mesmo nome, onde está o corpo da Beata Angela de Foligno. Ela é uma convertida e mística da Ordem Franciscana Secular. De Foligno a Montelucco, um Eremo de incrível beleza e simplicidade. Chegamos a Rieti no final da tarde.

O que falar do Itinerário de hoje? Percorremos caminhos dos frades primitivos e seu Seráfico Pai. Cannara tem a igreja onde o beato Lúcio Modestine recebeu o borel franciscano da Terceira Ordem (OFS). Pregar o Evangelho nas cidades suscita chamados além da vida religiosa regular. Se há paixão na fala, há poderosa atração. A Ordem Franciscana Secular já nasce com identidade definida: o Evangelho nos caminhos do mundo. O ser humano e todos os seres escutam a força da Palavra. Em Pian d’Arca, os pássaros escutam. Todos estão sob os cuidados do mesmo Pai, Providente e Criador.

Uma espiritualidade forte ultrapassa a compreensão da humanidade e inunda o cosmo.  Em Bevagna temos a confirmação desta verdade e as marcas dos pés mensageiros de Francisco na pedra do lugar. Caminho espiritual deixa marcas em todos os lugares. Tudo são marcas e vestígios; tudo pura revelação. Nós vimos!

Em Foligno vimos um esplendoroso centro comercial. Lojas mostrando estética, moda e uso. No tempo de Francisco era igual. Ele já havia andado por ali trazendo mercadorias de seu pai. Um dia voltou, não para vender com a intenção de aumentar o patrimônio de Pedro Bernardone, mas sim para reconstruir um lugar em ruínas. Em Spoleto, ele vê truncado seus sonhos de ir conquistar glórias e terras nas Apúlias. Seguir o Conde Gualtier e voltar sagrado cavaleiro. Truncado o sonho? Não! Ele teve um outro sonho: voltar para Assis e segurar a forte experiência de Deus que vai dando jeito aos seus novos projetos. Há momento que o coração tem que ser obedecido. Quando o coração fala, o caminho muda. Ele não foi adiante no sonho das armas; voltou para dentro de si mesmo para perceber que devia conquistar um sentido de maior atenção aos outros.

O Eremitério de Montelucco (Monte + lucco = bosque  sagrado ) nos mostrou as escondidas, conservadas e despojadas celas dos frades de 1217; lugares tão pobres e ricos na irradiação de uma força espiritual que podemos sentir ainda hoje. Pedra, taquara, entrelaçado de cipó e barro vulcânico foram abrigos de Santo Antônio, São Francisco, São Leopoldo de Gaichis, São Bernardino de Sena, São Francisco de Pavia. As grutas, os caminhos, a paisagem que se abre para a imensidão do vale, dizem para nós: ‘homens santos habitaram aqui, e por isto este lugar nunca mais foi o mesmo’;  mais do que um simples espaço físico... é um chão sagrado.

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Comentários

Anônimo disse…
Frei Vitório, conforme o relato do senhor, deve ter sido um dia importante para as pessoas da OFS. Tantos marcos, tantas indicações e
memórias da Terceira Ordem.
Maravilhoso sentir o despojamento, mesmo a extrema pobreza dessas celas dos antigos Frades... Um certo anseio por isso, um sonho. E concordo que quando o coração fala, o caminho muda, e mesmo que não deixemos, muda. O caminho muda até sem que percebamos.

Abraços para todos.
Denise.