ITINERÁRIO – 22 – Festa das Chagas

























Hoje, 17 de Setembro, Festa das Chagas de São Francisco, tivemos o privilégio de celebrar a Festa no lugar onde ele recebeu os Estigmas! Entramos de corpo e alma, emoção, sentimento e fé na programação da Fraternidade do Monte Alverne. Ontem, às 18h30,  a oração das Vésperas e às 23h30 a Solene Missa da Vigília da Festa que entrou  madrugada adentro, com a Igreja de Santa Maria dos Anjos do Alverne completamente tomada.

Frades de todos os lugares e ramos da Ordem, OFS, Religiosos e Religiosas e uma quantidade enorme de Jovens da GIFRA ( Gioventù Francescana) que chegaram de uma caminhada retiro e passaram a noite toda em Vigília. O Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei José Rodríguez Carballo, OFM, presidiu a celebração.

Convocou a todos para a contemplação, disse que contemplar é olhar a vida de um modo sobrenatural, olhar a vida com os olhos do transcendente, com os olhos do céu, com os olhos de Francisco e Clara. Na manhã de hoje participamos das Laudes e, às 11 horas, da Soleníssima Missa da Festa, na Basílica central.

À tarde, a Procissão das 15 horas com a bênção para a Itália e a reverência à Relíquia (o Sangue ) de São Francisco. Às 18h30, as Vésperas Solenes. Todas as celebrações foram presididas pelo Ministro Geral que, por duas ocasiões, saudou com muito carinho o nosso grupo de Peregrinos do Brasil.

Ontem e hoje foram dias esplêndidos de sol numa interação festiva entre a festa litúrgica e a festa da mãe natureza que veio comemorar junto trazendo luz, céu azul, clima ameno e muita alegria. Individualmente ou em pequenos grupos mergulhamos nas múltiplas facetas do Alverne. Quantos lugares, quantas mensagens! O Conde Orlando de Chiusi que doou este lugar a São Francisco deve ter recebido o cêntuplo pela sua amizade e generosidade para com o Santo! Que lugar magnífico! Santo Antônio de Pádua morou uns meses aqui em 1230.

 O Ministro Geral da Ordem, São Boaventura, também residiu e escreveu, não por acaso, a sua obra “Itinerarium mentis in Deum”, em 1259, justamente nesta montanha, que é por si só, um Itinerário para que a inteireza humana volte-se para seu Deus e para si mesma.

A Capela dos Estigmas tem sempre uma lâmpada acesa para lembrar aquele evento de luz que iluminou o monte e silenciou os pedregosos recantos. Deus tomou forma num corpo! Muitos fizeram as trilhas da bela e única floresta natural da Itália e foram até o cume ver a cruz que continua a falar numa evocação singular.

Encontramos dezenas e dezenas de capelas e grutas e em algumas dormiu, orou, dialogou com Jesus, recebeu a visita do Senhor, o nosso Irmão Menor Francisco de Assis. Um forte terremoto rachou as pedras e criou naturais lugares de esconder-se para revelar. A arquitetura do lugar foi sendo construída pouco a pouco e parece querer escalar junto para chegar ao mais alto.

Na praça chamada Quadrante reúnem-se, fazem paradouro e passagem, os muitos peregrinos. Relógios solares marcam a hora de não ter pressa, pois o tempo do espírito não é o tempo dos cronômetros. Os poços lembram a sede saciada e o relaxar dos pés cansados de tantos caminhos e constantes buscas. Os muitos campanários marcam liturgia das horas, e a música dos sinos harmoniza-se com a melodia do lugar, vento silvando nos altos ramos da frondosa mata. Uma grande hospedaria se espalha por entre antigas paredes, pátios e potes imensos de terracota. Há vários refeitórios para os peregrinos e muitos voluntários servindo pratos e sorrisos. Boa comida, bom vinho, boa convivência numa babel de línguas e culturas, mas um só coração e uma só alma. Este é sempre o prato do dia.

Pátios e corredores aguardam a procissão diária, com a Cruz, os frades e o latim do Hino ao Seráfico Pai e a virtuosa ladainha à Santa Mãe de Deus. A colorida e expressiva arte em cerâmica de Andrea dela Robbia  nos espiam e acompanham com os olhos onde quer que vamos. No Corredor dos Estigmas, quadros com afrescos mais contemporâneos relatam uma Legenda Franciscana de séculos. No meio do corredor uma porta prepara o impacto e a surpresa do leito de Francisco, uma cama de pedra onde ele dormia, um granítico espaço receptáculo da mais pura prece. Um imenso precipício nos separa 70 metros dos atalhos que fazem chegar ao vistoso e grandioso vale.

A gruta de Frei Leão, o Eremitério dos Estigmas, o claustro com a cisterna maior, as capelinhas, os carvalhos, baobás, enfim o bosque e seus penhascos. Foi o Itinerário de uma Alma que encontrou este lugar; ontem e hoje passamos e repassamos por ele para encontrar a nossa alma franciscana, e  chegar aqui com 31 irmãos e irmãs, assim como Francisco  foi chegando com os seus. Anjos e demônios travaram batalhas por aqui, mas quem venceu foi um Serafim Alado! Numa parede do grande corredor de 78 metros está cravada a prece dos Louvores a Deus, o conhecido Bilhete a Frei Leão: Tu és o Bem, o Sumo Bem, Todo Bem; tu és Fortaleza, Doçura, Guarda e Defensor.

Quem passa pela força deste abrupto e místico lugar tem que sair transfigurado. E  temos que sair com a missão e o propósito que nos deu hoje o Ministro Geral, na hora da Bênção e do Envio: “Façam, onde estiverem, o Amor ser Amado! E não deixem de fazer soar o constante brado de Francisco: Meu Deus e meu Tudo!”.

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Comentários

Denise Pires disse…
Frei Vitório,

um grande privilégio, uma tocante beleza, que posso imaginar através do relato do senhor, estar no dia da Impressão dos Estigmas, no Monte Alverne (amo esse dia especialmente). Ontem rezei no altar de S. Francisco e na Missa, pelo grupo de vocês, pelo senhor em especial e por todos os Franciscanos.
Tudo parece muito maravilhoso, as Celebrações presididas pelo Ministro Geral, as procissões, os ofícios, a Juventude Franciscana,o refeitório, a solene alegria, o carinho entre todos, o amor de Deus feito visível na memória deste prodigioso dia na vida do Seráfico santo. A minha vida se modifica um pouco apenas de ler e imaginar tudo isso. Que Deus continue acompanhando vocês a cada instante.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

Abraços para todos.
Denise.