ITINERÁRIO A ASSIS - 20 - Fonte Colombo

























Hoje, sábado, dia 15 de setembro, passamos o nosso dia em Fonte Colombo, o Santuário da Regra Franciscana. Ninguém deve arriscar a sua vida com coisas pequenas. A grandiosidade da vida está na purificação das escolhas. Se há uma escolha verdadeira quando se orienta para o melhor e para o maior. Devemos sempre colocar a nossa vida num patamar mais elevado. Francisco molda a sua vida na grandiosidade do Evangelho. “A Vida e a Regra é esta: viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Por isso, hoje subimos 547 metros na montanha e fomos ao “Sinai Franciscano”. Temos uma Regra de Vida totalmente baseada na Palavra do Senhor.

Fonte Colombo tem reminiscências antigas de lugar sagrado desde o século VIII, mas não tinha este nome em sua primitiva história. Francisco chegou aí no século XIII, em 1217, e deu ao lugar o nome de “Fons Columbarum”, porque encontrou no meio da bela floresta uma fonte que jorrava das pedras e era bebedouro para as pombas. Outros falam que foi uma dama nobre de sobrenome Colomba que cedeu o terreno para ele. Entramos cantando o Hino da Regra Franciscana, muito conhecido dos franciscanos seculares. Fomos à igreja, fizemos a nossa reverência, falamos da importância do lugar e depois saímos para descobri-lo em sua silenciosa beleza. O dia estava esplêndido! Priorizamos a Capelinha da Madalena (a Capela do Tau) e lá vimos e contemplamos um dos maiores ícones Franciscanos, o Tau, gravado em vermelho na parede, provavelmente por São Francisco. Descemos para o Sacrum Speculum: as Grutas Sagradas. Nelas Francisco, sob inspiração do Senhor, ditou a Frei Leão a nossa Regra de Vida de 1223, a regra definitiva. E em seguida nos separamos para um dia todo de deserto, silêncio e meditação em cada canto, e, sobretudo no fabuloso bosque com suas trilhas, água corrente, verde quase outonal e  muito recolhimento.

Com nosso roteiro em mãos, cada um pôde fazer o caminho de Francisco que subiu ao monte; que teve a ajuda de Frei Leão e Frei Bonício para escrever com precisão as palavras que determinam o fio condutor de quem segue a vida franciscana. Escrever uma Regra, para Francisco não era compilar um texto normativo, mas sim organizar com o Evangelho, com o Amor e com a força da Fraternitas um modo de vida.

Aqui, em Fonte Colombo, nosso Pai Seráfico passa por uma dolorida intervenção cirúrgica, tem os nervos dos olhos cauterizados para que a doença que atacava suas vistas fosse mitigada.

Ontem, um anônimo escrevia um comentário no meu blog dizendo assim: “Espiritualidade ou fantasia? Só Assis tem Espiritualidade?” Costumo não responder aos anônimos, pois prefiro o face a face dos que são seguros de sua verdade, mas preciso dizer algo para este irmão ou irmã anônimo: Estou com um grupo de peregrinos que querem refazer um caminho espiritual, se estivéssemos buscando fantasia teríamos ido  para a Disney, Orlando, na California. Aqui, nós vemos documentos que comprovam os fatos, trazemos em nossas mãos Fontes seguras, há crônicas e registros, dados e datas, história real e também Legendas Medievais escritas para a edificação do Espírito. Francisco é um santo histórico e de legenda. Tem um bilhete de entrada em todas as culturas, é arquétipo humano e santo. Um perfeito seguidor e imitador de seu Mestre. Assis não retém o monopólio da Espiritualidade porque é a síntese de todas as Espiritualidades. Aqui vêm cristãos e não cristãos, crentes e não crentes, todos que sabem que o Espiritual abre caminhos; nós apenas fizemos desta viagem um Itinerário para esquentar uma forte busca do mistério profundo e simples ao mesmo tempo. Chegamos ali pelas 9h40 e saímos depois das 16h, o tempo cronológico não vimos passar, o que sentimos foi o kairológico tempo da Eternidade.

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Comentários

Denise Pires disse…
Frei Vitório, mais um dia maravilhoso. Para os senhores, todos Franciscanos, da Primeira ou da Terceira Ordem, certamente está sendo magnífico estar nos locais exatos e históricos onde estiveram São Francisco e os primeiros Frades. Imagine, o local onde foi ditada a Regra, o Tau vermelho na parede, os caminhos silenciosos que nosso Seráfico santo percorreu. Eu não sou da OFS, apenas simpatizante, mas sinto a profunda emoção de vocês, através das palavras do senhor. Não posso negar, gostaria de estar aí, mas fico feliz em ler os relatos, muito feliz.

Abraços para todos.
Denise.