800 ANOS DA REGRA BULADA – A REGRA E VIDA É ESTA: VIVER O EVANGELHO! - FINAL

 


Quando se lê a Regra pela primeira vez, tem-se a sensação de monotonia, aridez e exigência. Isto porque ela é simples no modo de dizer as coisas da vivência fraterna. Mas nela está o jeito de Deus, do Bem, da Misericórdia, da Fraternidade, do Amor, da Oração e Missão, da Igreja como lugar de unidade apostólica. As Regras e a Regra Bulada nascem dos Capítulos como a verdade de muitos. O Carisma pessoal e comum nascem à luz de Pentecostes. Uma Regra que destaca a pobreza, o trabalho como pura graça, as expressões de caridade, a pregação, o apostolado, tudo como Projeto de Vida. A partir da Regra confirma-se a virtuosidade mais pura do franciscanismo: evangelicidade, eclesialidade, minoridade, fraternidade, liberdade espiritual, apostolicidade, vida comunitária e espírito de serviço. São valores que nos levam a um encontro e ao brilho da convivência sem cair no pieguismo.

A Vida Fraterna é antes de tudo uma virtude; morar junto é consequência. A veste não é um  esterótipo, mas símbolo de comunhão. Uma apresentação de um modo de vida que mais do que jurídico é modo de ser. A Regra nos dá uma proposta comum de vida para dizer que minha vida não é mais minha vida, mas pertence ao Projeto, a Forma de Vida. Dou a minha vida para aquilo que nos une e o que nos une traz fidelidade e felicidade. É preciso intuir na Regra um grande princípio, que a partir da Fraternidade gera uma nova humanidade.

Regra não é para ser padrão de censura, mas medida de inspiração, uma medida que sustentou e sustenta gerações e gerações de Fraternidades. Ela nos amadurece sem mesquinharia. A vida não se conquista com facilidade, mas com a provocação de sempre buscar a Graça e esta Graça gerou no inicio da Ordem pessoas vigorosas e regradas. A Regra levanta o nível dos nossos afazeres; qualquer ação é uma ação de maior grandeza; é uma tessitura onde vai-se formando uma vida franciscana. Todas as decisões do futuro dependem da escuta dos primeiros tempos da Regra; isto nos amadurece.

Nós somos a possibilidade de nos dispor com liberdade e responsabilidade à uma tarefa que é nos proposta: abraçar uma Forma de Vida. Ela é decisão, um querer que vem do coração, um empenho, tenacidade, constância perseverança, disposição para escutar o valor maior. É a busca de uma nova medida para a nossa vida, maior e mais profunda. Para isto a Regra é necessária. Ela não é imposta de fora, mas uma convocação que vem de dentro. Se vier de fora não vou sentir como se fosse minha. Mas se perceber que vem de dentro  ela vai tocar o meu ser com afeição e paixão. Somos apaixonados pela Regra? Normalmente não. Como texto ela fica nas estantes e gavetas; como vivência ela precisa ser acordada, nem que seja a cada jubileu. 

A Regra sustenta a OFM, a OFMConv, a OFMCap, a TOR, a OFS e mais de 350 Congregações e Institutos aprovados. Ela é a origem segura e ajuda a todos tornarem-se origem. A nossa origem a partir do Evangelho e do Movimento Penitencial é uma conversão contínua. Buscar a Deus e seu Projeto do Reino é a teologia da Regra; vencer o mal com o bem é sua dimensão ética; amar é sua força afetiva. 

Francisco de Assis não inventou uma Regra, mas deu uma visão mais enriquecida de uma vivência do Evangelho mais prática. Sua vida foi acolher progressivamente Jesus Cristo, a Regra é a confirmação desta firmeza espiritual. Sua visão e imersão na vida de Jesus Cristo deu a ele e a seus seguidores e seguidoras uma prática de Cristo. A Regra é a arte de viver Cristo e indica um seguimento dinâmico, um itinerário vivo. O modo de seguir Jesus Cristo não é neutro ou de fazer cada um do seu modo, mas é um posicionamento. Francisco de Assis não quis criar uma escola teológica, mas sim propor um descobrimento prático dos divinos mistérios que envolvam um itinerário espiritual. A Regra nos exige a coragem de ser cristãos e cristãs na coragem de ser Evangelho, esta é a Vida.

FREI VITORIO MAZZUCO FILHO


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