A Compreensão Franciscana do Homem - 14ª parte


5. A Penitência: Um Caminho para eliminar os excessos

Para Francisco e seus primeiros companheiros a penitência é uma carta de identidade porque está integrada num projeto de vida: eliminar o próprio egoísmo para deixar transparecer o Senhor, como ele mesmo diz no Testamento de 1226: “Foi assim que o Senhor concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência”.
Desta frase do Testamento podemos ver que penitência significa aquela reviravolta que leva o homem “de uma vida instintiva centrada sobre o seu próprio eu, para uma vida inteiramente sujeita e abandonada à vontade e senhoria de Deus”(19)
Para o frade primitivo ser penitente é sair do mundo secular e entrar mais no espaço do divino, individualmente ou dentro de um grupo:
“Diziam: ‘De onde sois?” Ou então: ‘A que Ordem pertenceis?’ E eles respondiam com simplicidade: “Somos penitentes e viemos da cidade de Assis’”(3Comp 37)
Com um modo original os frades primitivos se integravam na concepção penitente da época: engajar todo o seu próprio ser, canalizar o sentimento, exercitar a vontade.
O fazer penitência está no cerne do ideal de Francisco, no seu pensamento, na sua ação. Através da penitência molda a sua existência para entregá-la totalmente ao Senhor. (20)

(19) K. Esser, Origini e Inizi del Movimento e dell’Ordine Francescano, Milão, Jaca Book, 1975, 197
(20) R. Pazzelli, San Francesco e il Terz’Ordine. Il Movimento Penitenziale Pré-francescano e francescano, Pádua, Ed. Messagero, 1982.

Imagem de Benlliure

Amanhã, a continuação deste artigo

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