DE JUBILEU EM JUBILEUS – 7

 


De Jubileu em Jubileus as Fraternidades Minoríticas se reinventam; umas decaem outras crescem na fidelidade ao melhor do Carisma. Algumas vivem a forte experiência espiritual, outras se ancoram no suporte jurídico. Na origem, as fraternidades primitivas eram construídas perto de onde passavam os rios e riachos. Há testemunho nos Arquivos Históricos que diz: “Façam nossas casas vizinhas ao rio para que possamos lavar os pés”. Peregrinos, andarilhos e itinerantes rachavam e sujavam os pés na terra e pedras das estradas, o lugar da água corrente era a sua sala de recreio. Não tinham claustro, mas abrigavam todos sem precisarem de senhas para entrar. Viver do pouco era uma ascese como um valor de domínio de corpo e espírito; hoje administrar o muito é contratar onerosa assessoria de empresas especializadas que transformam a ascese em ter que ler e escrever relatórios com inúteis e infundadas análises. Mesmo assim ainda sobrevivem os Juníperos e Egídios com santidade apropriada e adequada, porque o Carisma não deixa de ser um fenômeno. Nas origens os quadros de Giotto mostravam a Bíblia dos Pobres, hoje os pobres pintam um quadro provocativo fazendo fila em nossas obras. 

Das Lectio Divina aos comunicados escritos ou virtuais; da teologia, da dogmática, do conhecimento metodológico e científico, do humanismo franciscano formativo às sendas perdidas de não saber mais para onde ir quando se fala de formação  e estudos. Não conseguimos mais atualizar Francisco num mundo velho como o nosso. Se perdermos a mística e a espiritualidade como evangelizar? Por isso, de Jubileu em Jubileu temos que olhar e voltar a algumas raízes, e por que não conhecer?

          Vejamos:

 Pietro Olivi (+1228) dizia que a fazer obra de caridade é exigência da contemplação, porque é consequência natural da nossa condição de Ser Menores, fundamento da Penitência. Ângelo Clareno( +1337) afirma que a pobreza é um caminho místico; e que para viver uma vida virtuosa é preciso uma certa violência espiritual como exercício, pois não há progresso espiritual sem esforço. Ubertino de Casale (+1329) ensina a meditar e a praticar os mistérios da vida de Jesus Cristo, sobretudo a Paixão e Cruz. Jacopone de Todi (+1306) ensinava a alegria do coração e do amor na aniquilação de si mesmo para exaltar o outro. Para ele, pobreza e minoridade exprimem um caminho de purificação, iluminação e união. São Bernardino de Siena (+1444) foi do eremitério às missões populares como o apóstolo do Nome de Jesus. A pregação itinerante era um modo de renovar a sociedade, um fruto maduro da meditação e oração que se tornavam sermão e opção. João de Capistrano (+1456) queria ao menos uma hora de meditação diária, repassando palavra por palavra, sílaba por sílaba os mistérios presentes no Ofício Divino e nas Coroas Franciscanas com seus sete mistérios de dores e alegrias. Querubim de Spoleto (+1484) escreveu uma Regra de Vida Espiritual como um método para rezar com a mente e coração em plena ligação com o corpo e espirito os 45 Pais-Nossos, diariamente, levando em conta o pensamento, a afeição, a fala, o modo, a conversação e como ele mesmo dizia, a “mundificação” da prece como pensar, meditar, amar, falar, fazer, conversar e perdoar. Para ele, a oração é concreção e participação. Pedro de Alcântara (+1562) trouxe o jeito de pensar os limites humanos como a consciência de si e a plena atenção aos benefícios de Deus. Preparar-se para rezar não pode ser feito de qualquer maneira, mas de um modo bem acurado para um agradecimento e oferta de si mesmo a Deus. 

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO FILHO

Imagem: S. João de Capistrano (Vatican Media) S

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