800 ANOS DA REGRA BULADA – A REGRA E VIDA É ESTA: VIVER O EVANGELHO - III

 


O biógrafo Tomás de Celano afirma que São Francisco “tinha um zelo muito ardente pela profissão e pela Regra, e deu uma bênção especial para os que eram zelosos por ela. Pois dizia aos seus que a Regra era o livro da vida, a esperança de salvação, a medula do Evangelho, o caminho da perfeição, a chave do paraíso, o pacto da eterna aliança” (2Cel. 208).

Também é muito expressivo o texto da Legenda Espelho da Perfeição:  “Perfeito zelador da observância do Santo Evangelho, São Francisco desejava ardorosamente que todos observassem nossa Regra que, no seu entender, era o livro da vida, a medula do Evangelho, e concedeu uma bênção especial aos que a cumprissem fielmente. Dizia com efeito, a seus discípulos que a Regra que professamos é o livro da vida, a esperança da salvação, a escada da glória, a medula do Evangelho, a senda da cruz, o estado da perfeição, a chave do paraíso e o pacto da eterna aliança. Desejava que a compreendessem e a conhecessem e que nas conversações discutissem sobre ela, a fim de reanimar os desencorajados, e que para trazer à memória os votos proferidos meditasse cada um sobre ela, atenta e frequentemente. Ensinou também que a tivessem sempre diante dos olhos como testemunho da vida que deviam levar e de sua observância. Mais ainda, ensinava e aconselhava sus frades a conservarem consigo até a morte” (EP 76).

Nestes textos acima temos a definição do significado da Regra a partir das palavras inspiracionais das Fontes Franciscanas.  E esta Regra Franciscana, tal como como foi escrita, é a última das quatro grandes Regras das importantes famílias religiosas: Basiliana, Agostiniana, Beneditina e Franciscana. É como  a última pedra da construção  sobre um modo muito específico  de viver no mundo com solidez, com alicerce, com segurança.

Francisco diz que aos que quiserem abraçar esta vida, podem professar e observar a Vida e a Regra. Ele fala na investidura do hábito, no tempo da provação, “panos da prova” como sinal de comprometimento: “E terminado o de provação, sejam recebidos à obediência, prometendo observar sempre a Vida e Regra” (RB II).

Quando estudamos, celebramos e fazemos a nossa imersão no conhecimento da Regra Bulada, sabemos que estamos numa Fonte que vai inspirar tantas Formas de Vida de todos os ramos que nascem do único tronco. A seiva desta árvore fecunda e frondosa é o Evangelho, como se Jesus Cristo tomasse partido de Francisco e reivindicasse para si a origem da Regra. Quem não percebe isto está fora. A Regra não se perdeu, mas muitos se perderam da Regra. Ela vem da revelação divina. Escrita na montanha onde está o êremo de  Fonte Colombo é como se um novo Sinai simbólico nos mostrasse um novo Moisés mostrando a Lei. Não se muda o que Deus inspira, mas encontra-se diversos modos de adequar o fundamento da Regra.

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO FILHO

Imagem ilustrativa: Giotto -  São Francisco Pregando a Honório III (wikipedia, domínio público)

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