NOS PASSOS DE FRANCISCO - 4

 


VIDA DE PENITÊNCIA

A ideia e ideal de um Movimento Franciscano não exprime somente um fervor momentâneo, por mais sincero e apaixonado que seja, mas sobretudo a necessidade, profundamente sentida e sofrida, de sair de um estado de imobilismo, de resignação cética que afligem tantos homens e mulheres de ontem e de hoje. O Movimento de Assis significa o mover-se para metas precisas dentro das exigências do carisma. Ele é uma força de pressão capaz de fazer expelir os problemas de ontem e de hoje. É sempre uma nova maneira de viver a proposta franciscana e de situar-se no confronto com os outros, tanto nas fraternidades como em todo o mundo. Uma estrutura fraterna e dinâmica fundada sobre a fidelidade e capaz de uma marcante presença. Ele é essencialmente aquele modo vivo que começa na consciência de cada um e realiza comunitariamente o carisma originário de Francisco, recuperando valores perdidos: a inspiração, a fantasia, a utopia, a fidelidade criativa, o contínuo reinventar o modo de viver juntos, a comunhão recíproca, a fé, a educação espiritual permanente, a encarnação de valores humanos, éticos e cristãos baseados na essência do Evangelho. O Movimento de Assis não é um gueto fechado, mas abre-se para todas as dimensões da sociedade e não apenas para o plano eclesial; compromete-se com todo o mundo para uma colaboração madura e responsável para melhorar a vida. 

O Movimento de Assis tem suas raízes nos Movimentos Penitenciais da Idade Média, movimento estes que geraram a figura do penitente, monge ou não, enclausurado ou itinerante, mas um humano que fazia da exigência ou do rigor da penitência o meio para livrar-se do erro e assegurar a salvação. E não somente em vista de um pecado que lhe era inculcado, mas também frente a uma calamidade, um acontecimento que perturbava, uma situação que devia contestar. Pela penitência engajava todo o seu ser, canalizava todo o sentimento, exercitava a vontade. Para Francisco e seus primeiros seguidores e seguidoras, a penitência é um projeto de vida: eliminar o próprio eu, para deixar transparecer um valor maior: O Senhor! Como ele mesmo diz em seu Testamento: “Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência” (Test 1). A penitência é eliminar excessos para chegar a medida certa.

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO FILHO

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Imagem: Frei Pedro Pinheiro, OFM


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