NOS PASSOS DE FRANCISCO - 3

 


UM MOVIMENTO DE ESPIRITUALIDADE

Quando falamos de Movimento de Assis queremos reforçar a ideia que há séculos invade a história como uma inspiração, carisma, modo de ser e estrutura; mais do que uma ideia é um Ideal de Vida; não só um momento de iluminação, mas um grupo de pessoas que uniu ao Projeto de Vida de Francisco de Assis. Uma árvore que imediatamente se ramificou em frondosos ramos. 

Com o decorrer do tempo estes ramos fizeram a ponte de passagem entre a intuição para a instituição, sem perder a força originante conservando uma repercussão notável no modo de ser e viver, na teologia, na espiritualidade, na piedade, na pregação, na missão, nas ciências e nas artes. É movimento, na sua origem porque é uma corrente, uma escola de vivência e espiritualidade. Uma vida vivida segundo o espírito que começou com Francisco de Assis numa época bem determinada e se espalhou para reformar e revitalizar a eclesiologia e o mundo através dos séculos. O Movimento de Assis quis um retorno à vida da Igreja Primitiva para levar a Igreja e a eclesiologia da época à sua máxima realização evangélica; o que hoje chamamos de retorno às Fontes.

O Movimento de Assis significou uma ruptura com a situação que o tempo e misérias humanas haviam criado no espaço eclesial e na sociedade. Francisco de Assis, sentindo-se insatisfeito com aquela situação de tempos e estruturas cansadas e envelhecidas, de uma sociedade rude e avarenta, busca uma nova forma de vida. Ainda hoje, já estruturado como Ordem e Instituições, tem esta capacidade de ser, de um modo fecundo como um movimento de vanguarda e de reforma permanente. “Esses homens e mulheres de Assis libertaram-se de sua condição social. Romperam com sua classe e abandonaram suas profissões. Aprenderam a bastar-se a si mesmos, através de seu trabalho de produção e serviço. Ávidos de vida, mais que de bens, foram pelo mundo afora. Distinguiram-se com precisão aquilo que o mundo queria fazer deles e o que eles queriam fazer no mundo, aquilo que eles tinham vontade de fazer com seus bens em prol dos outros, para além das ordenações e hábitos deste mundo. 

Assim, com este propósito, chegam a definir com clareza refletida aquilo que fariam na confusão e nos tateamentos de sua época. Tendo suas energias orientadas, o movimento caminhava com mais ou menos intensidade, força e eficácia (...) Singram caminhos livres de todas as pressões impostas por uma classe obcecada por vantagens materiais. Têm clareza sobre o assunto e exercitam-se na disciplina de um propósito bem preciso. No coração de sua fidelidade, manifestam espírito de alegria. Não podem impedir que borbulhe neles o desejo de cantar. Surge uma nova força na história” (Flood David. Frei Francisco e o Movimento Franciscano. Petrópolis, Vozes, 1986, 107-114).

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO FILHO

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