O MOVIMENTO PENITENCIAL E ALGUMAS DE SUAS PRÁTICAS - 3



O Movimento Penitencial tem a sua força no século VII até o século XI. Ele vem de transformações sociais causadas pelas migrações. Um povo quando muda de lugar amplia a cultura, mostra novos costumes e surgem novas práticas. O migrante não é um bandido, mas sim alguém que precisa de um novo lugar para estabelecer a sua capacidade de viver e sobreviver. Já nestes séculos eram considerados bárbaros, como se fossem pessoas que barbarizavam, as “invasões bárbaras” mexiam com as cidades e feudos ainda remanescentes.

A vida civil sofre este impacto, e a Igreja também. Mudam a antiga ordem, fundem-se etnias, cultura antiga e nova se misturam. O mercado cresce e dita normas justas ou injustas. Na parte da justiça o foro eclesiástico é mais procurado que o foro civil. Nos séculos XII e XIII ainda temos reflexos destas leis. Francisco de Assis é julgado em praça publica por foro civil convocado pelo seu pai, mas é defendido por um foro eclesiástico representado pelo Bispo Guido.

Os Penitentes deviam seguir as orientações da Ordo Poenitentiae e não podiam portar armas, ter vida militar e participar de guerras. Há um jejum legislado que toma alguns dias da semana, menos o domingo. A Quaresma é tempo forte de penitência e havia três Quaresma por ano. Por isso vemos também Francisco de Assis usando vários períodos para fazer a sua Quaresma.

Penitências eram pagas com dinheiro ou com punições corporais, feitos com disciplina. Há um manual chamado “Penitencial” que foi usado entre 1207 a 1215 que organiza as Penitências solenes, públicas  e privadas. A solene abria o tempo da Quaresma e era feita em público. As Penitências públicas supunham uma peregrinação. A Penitência privada era feita de modo sigiloso diante do confessor. Havia as peregrinações voluntárias que era ir a lugares santos. Tinha também as peregrinações impostas por causa de pecados e escândalos. Isto levou para as ruas pessoas rezando salmos, hinos e cânticos espirituais.

Em contraste com a peregrinação surge o Eremitismo. Encontrar um lugar para ficar a sós com Deus e sair um pouco da conturbada vida civil e eclesiástica. Os Eremitérios eram lugares de desapego, silêncio, recolhimento e muita oração. Não eram mosteiros onde havia a clausura e a estabilidade. O êremo era um lugar para permanecer um tempo e depois retomar aos afazeres do século.

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO

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