A MÍSTICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS - 5
1.1 – Características da Mística na fluência do século XX
No século XX cresce o debate sobre a natureza da mística e a universalidade desta experiência. Até o Concílio Vaticano II, os caminhos da mística começavam na hermenêutica baseada sobre as Fontes Bíblicas e da Patrística; porém é exatamente a partir daí que começa a elucidar o significado de natureza do estado místico, da vocação universal à perfeição, do itinerário de virtudes, do vértice da experiência espiritual, dos fenômenos místicos e retoma-se a questão da contemplação adquirida (ativa) e da contemplação infusa (passiva), duas compreensões que têm a ver com o direcionamento da VIA PERFECTIONIS através, da UNIO MÍSTICA, uma espécie de matrimônio espiritual. A mística é essencial para a perfeição e caminho obrigatório para chegar ao ESTADO MÍSTICO, isto é, o próprio Amor recebido diretamente de Deus.
Não se pode deixar de lembrar que nos dois casos existem os fenômenos extraordinários que os acompanham: a prece mística, os efeitos que aparecem além do esforço humano, a pura graça; ou aqueles que tem a cooperação dos exercícios necessários tais como: meditação orientada, silêncio, prece comum. A contemplação adquirida é ativa e ordinária. A contemplação infusa é passiva e extraordinária.
Independente da questão de um Curso Sistemático de Teologia Espiritual, que a partir de 1931, com Pio XI, coloca a ascética como disciplina auxiliar e a mística como disciplina especial. O que nos interessa aqui nesta reflexão? Mostrar que todo este desenvolvimento une num mesmo tronco a mística e a ascética na História da Espiritualidade. Que a perfeição cristã vai crescendo graças à presença de dons do Espírito Santo que operam sobrenaturalmente na vida mística, e a busca incessante da vida da graça, da fé, da caridade e de dons do Espírito Santo, da força extraordinária dos milagres, das visões e da profecia.
Tudo isto faz parte do desenvolvimento da via espiritual e encontra a sua culminância na contemplação e na experiência mística.
Não podemos esquecer de citar o grande pensador cristão Jacques Maritain (1882-1973), que mostra em sua obra o fascínio pela mística; para ele a mística é a culminância de toda forma de conhecimento e consequência da verdadeira metafísica. Para ele, mística é conhecimento das coisas profundas de Deus, experiência esta que vai do contato direto e imediato com Ele, um contato que envolve amor e conhecimento.
Continua
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