ITINERÁRIO A ASSIS – 5
Vitral na Igreja de São José em Milwaukee (EUA) |
Claro que ele não é Jesus, mas sim seu imitador mais intenso e perfeito. Por isso, nas legendas deste Santo há alguns paralelos. Por exemplo, ao chegar em Assis, entre as grande Basílicas encontraremos pequenas igrejas e outros lugares menores, mas com forte significado. Há o Oratório de São Francisco Menino. Como entrar ali? Há o lado artístico e histórico para se observar, afinal de contas é bem próximo à casa onde Francisco nasceu. Encontraremos uma inscrição em latim que recorda que ali, naquele oratório, foi um estábulo de boi e asno, lugar onde nasceu Francisco, um Espelho para o mundo. É a aproximação com a manjedoura; pura lenda, mas uma hermenêutica necessária para uma vida de seguimento apaixonado.
Estamos no ano de 1182 e Dona Giovanna della Picardia, conhecida e abreviada em seu nome pelo jeito italiano, como Dna. Pica (a madame “della Picardia” = da região francesa de Picardilly), esposa do rico mercador de tecidos e comerciante, Pedro de Bernardone, tem seus problemas como parturiente. O marido está viajando e sua gravidez tem sérias complicações. Há muita prece e remédios caseiros naquela expectativa do nascimento de mais uma criança em Assis.
Conta a legenda que, ela recolhe um pobre andarilho, desconhecido em Assis, dentro de sua casa e lhe dá comida e pouso. O despojado itinerante, antes de partir, muito agradecido pela acolhida daquela fina e bondosa mulher, aconselha e profetiza: “A senhora, como mãe, só poderá ter um parto bem-sucedido se deixar a criança nascer entre palhas num estábulo”.
Crucifixo de São Damião |
Saindo do Oratório de São Francisco Menino, subindo pelas vielas, podemos chegar à Basílica de Santa Clara. Templo guardião do célebre Crucifixo de São Damião e de impressionantes relíquias. Uma Basílica de contemplação, oração, silêncio e ternura. Corpo de mãe Clara repousa ali. O expressivo Crucifixo bizantino falou para Francisco palavras da inspiração; toque inicial de um longo itinerário espiritual. A inspiração gerou uma revolução naquele lugar. Clara de Assis vai ser a cuidadora da Inspiração. Um teve a Inspiração e saiu pelo mundo, a outra vai morar aos pés da Inspiração, para que a Cruz continue falando: “Reconstrói a minha casa!”. A doce Clara, convertida pela pregação de Francisco, sua mais fiel seguidora, é o degrau mais alto daquela ascensão para os lugares do Altíssimo. Mas sobre ela falaremos mais adiante, quando visitarmos, in loco, a casa da interioridade franciscana clariana.
Da Basílica de Santa Clara chegamos à Catedral de Assis, a conhecida Duomo, dedicada ao mártir São Rufino (foto acima). Ali Francisco foi batizado. Está lá, no batistério , a pia onde ele recebeu a água da iniciação. Chegou ali para ser batizado com o nome de João. A mãe, nobre francesa, já tinha o nome em homenagem à santa e heroína francesa Joana d’Arc, e quer batizar o filho com este nome em homenagem ao Precursor, ou quem sabe, o masculino de Joana , ou para lembrar o místico de todos os Evangelistas. Nome forte este de João!
O pai, Pedro Bernardone, está viajando quando Francisco nasce e será batizado. Ao voltar, quer fazer valer as suas homenagens: ele ama a França, centro do mundo na época. É um apaixonado pela França onde vai buscar suas mercadorias que o fazem crescer entre os novos ricos em Assis. Ele ama a sua mulher a bela, piedosa, cortês e polida, a simpática francesa Giovanna della Picardia. Deste amor francês por um lugar e por uma mulher impõe um nome: Francisco! Homenagem à França! É o primeiro nome Francisco da história. Ficou na História!
Mas voltemos ao batismo: conta a lenda que um desconhecido, destes penetras que aparecem em momentos únicos, surgiu do nada e se ofereceu para tomar o pequeno nos braços. As pedras do lugar marcam este fato simbólico. Há símbolos que grudam para sempre no imaginário e mensagem. E, pouco depois, em meio a festa caseira de pós-batizado, um outro estranho e velho mendigo aparece, pede para segurar no colo o menino, e entre admiração e afagos diz à mãe: “Cuide bem deste menino, porque ele será grande diante do Senhor. O príncipe das trevas muitas vezes fará oposição aos seus planos. Zelai para que ele não caia vítima de suas armadilhas!”.
E depois destas palavras desaparece entre as ruelas de Assis, e mesmo procurado, jamais foi encontrado. A mãe de Francisco e todos os presentes, tomados de espanto, guardaram as palavras deste misterioso velho e novo Simeão. Não se espantem os que caminham comigo neste relato, Francisco é, de fato, um Santo de legenda! As legendas não têm compromisso com a história real, mas sim com relatos orais e escritos para a edificação do Espírito. Em louvor de Cristo, amém!
Acompanhe a nossa viagem!
Comentários
João Pedro da Fonseca
Lendo seu blog e as passagens sobre Assis sentimo-nos com se, de fato, estivéssemos lá - tivemos a graça de lá estar em 2004(inesquecível por ter sido e primeira vez, emocionante, indescritível!) e 2006, visitamos também o Vale de Rieti e La Verna. Obrigado por reavivarnos tão intensamente o itinerário franciscanos que fizemos quando de nossa estada por lá (que saudade! um dia voltaremos). Abraço fraterno e, se possível reze por nós em terras franciscanas. Alessandro, Maira, Otávio e Heitor
Vamos finalmente realizar o sonho de ir a Assis em maio. Pretendemos ir a La Verna nos dia 30, 31, 1,e sair dia 2 pela manhã, mas pelas pesquisas não é muito fácil chegar lá. Queremos sair de Assis de trem até Arezzo e depois Bibiana. Mas lá em Chiusi, como fazer? O senhor poderia nos dar uma luz? Precisamos estar em Roma dia 2 dejunho para pegar o avião que sai às 19hs. Desde já muito obrigado
frei!