ESPIRITUALIDADE PARA UMA VIDA VIRTUOSA – 11
O cavaleiro não é somente um célebre arquétipo de um imaginário sempre fascinante, mas foi o meio com o qual o ocidente cristão encarnou, organizou, e defendeu o próprio ideal de humanidade e de sociedade. Um símbolo vindo de longe, porém com uma orientação profunda, que ergueu uma ética e uma espiritualidade diferente daquela dos círculos eclesiásticos; pode-se dizer que criou uma moral leiga. O cavaleiro surge também como uma figura de edificação moral do combatente autônomo e do exército que servia os senhores feudais, uma afirmação concreta da cristandade entre os leigos, uma divulgação apaixonada do humano e do sagrado. Aí é que reside o seu ponto de atração ainda hoje vital; e o chamado que continua a fazer e exercitar constitui, o lado mais profundo do interesse de hoje sobre a função da civilização medieval, num tempo atual onde vivemos uma profunda e geral crise de valores e falência do caráter.
O mundo medieval tem como grande característica no campo das idéias gerais: as concepções religiosas que a tudo invadem e explicam; e, no mundo das ideais do seleto grupo da nobreza, a inspiração cavaleiresca, para reduzir tudo a um belo quadro, onde brilhava a honra e a virtude; um elegante jogo de formas nobres para criar ao menos a ilusão de uma certa ordem. Mas o que é mesmo este ideal cavaleiresco? Enquanto ideal de uma vida bela e justa, a concepção cavaleiresca tem uma característica singular: é um ideal estético na sua essência, composto de uma fantasia muito variada, plena de emoção heróica. Quer ser um ideal ético, quer valorizar um ideal de vida, colocando-se em relação com a piedade religiosa e com as virtudes vividas na nobreza, especificamente na corte. É a misteriosa mistura de consciência moral e ambição que sobrevive na pessoa humana quando já perdeu tudo: fé, amor, esperança. É aquele sentido de honra que sobrou na pessoa, e que, bem trabalhado, torna-se fonte de novas forças. Uma positiva ambição pessoal que é desejo de glória; uma vontade apaixonada de ser lembrado pela posteridade. Uma inspiração que não anda separada do culto do herói, porque a vida cavaleiresca é uma constante imitação, uma luta constante.
Piedade, coragem, austeridade, sobriedade e fidelidade era a imagem de um cavaleiro ideal. Isto não se adquiria sem certa exigência, sem um certo ascetismo. Este mundo de sentimentos ascéticos é a base sob a qual cresceu o ideal até chegar a idéia de perfeição ( per+facere ): uma intensa aspiração a uma vida bela, uma energia animadora. O cavaleiro é o representante de uma liberdade absoluta que se entrega a uma causa. Tem a coragem de arriscar a sua vida por algo muito grande na medida que a causa exige. (Esta reflexão é a síntese de um texto maior e mais aprofundado; cfr. Mazzuco Vitório , “Francisco de Assis e o Modelo de Amor Cortês Cavaleiresco”, Vozes, Petrópolis, 1994,5º edição).
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O mundo medieval tem como grande característica no campo das idéias gerais: as concepções religiosas que a tudo invadem e explicam; e, no mundo das ideais do seleto grupo da nobreza, a inspiração cavaleiresca, para reduzir tudo a um belo quadro, onde brilhava a honra e a virtude; um elegante jogo de formas nobres para criar ao menos a ilusão de uma certa ordem. Mas o que é mesmo este ideal cavaleiresco? Enquanto ideal de uma vida bela e justa, a concepção cavaleiresca tem uma característica singular: é um ideal estético na sua essência, composto de uma fantasia muito variada, plena de emoção heróica. Quer ser um ideal ético, quer valorizar um ideal de vida, colocando-se em relação com a piedade religiosa e com as virtudes vividas na nobreza, especificamente na corte. É a misteriosa mistura de consciência moral e ambição que sobrevive na pessoa humana quando já perdeu tudo: fé, amor, esperança. É aquele sentido de honra que sobrou na pessoa, e que, bem trabalhado, torna-se fonte de novas forças. Uma positiva ambição pessoal que é desejo de glória; uma vontade apaixonada de ser lembrado pela posteridade. Uma inspiração que não anda separada do culto do herói, porque a vida cavaleiresca é uma constante imitação, uma luta constante.
Piedade, coragem, austeridade, sobriedade e fidelidade era a imagem de um cavaleiro ideal. Isto não se adquiria sem certa exigência, sem um certo ascetismo. Este mundo de sentimentos ascéticos é a base sob a qual cresceu o ideal até chegar a idéia de perfeição ( per+facere ): uma intensa aspiração a uma vida bela, uma energia animadora. O cavaleiro é o representante de uma liberdade absoluta que se entrega a uma causa. Tem a coragem de arriscar a sua vida por algo muito grande na medida que a causa exige. (Esta reflexão é a síntese de um texto maior e mais aprofundado; cfr. Mazzuco Vitório , “Francisco de Assis e o Modelo de Amor Cortês Cavaleiresco”, Vozes, Petrópolis, 1994,5º edição).
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Denise.