ESPIRITUALIDADE PARA UMA VIDA VIRTUOSA - 7

Quais são os Sete Dons do Espírito Santo? Eles aparecem nesta forma virtuosa:


Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus (ou Reverência). Vamos elencar os Sete Dons para que nos dê um caminho de virtuosidade:

SABEDORIA: Não vem de saber, mas de sabor. O sábio é aquele que sente o gosto de todas as coisas, que saboreia as experiências. Vai com sede e fome na busca intensa do quer ser e conhecer. É a arte de saborear a experiência da vida. O sábio oferece um conhecimento mais saboroso da verdade, pois a apresenta com mais afinidade, com mais tempero. A via é o paladar, no plano sutil. É ver, sentir, criar gosto com sob os olhos do Bem Amado. Como diz Mestre Eckart: “Deus degusta-se nos meus sentidos”.
O conhecimento passa pelos sentidos e forma o Mestre.

INTELIGÊNCIA: O caminho é o intelecto, o plano mental e intelectual. Intelectual vem do latim: “intelligere”, que quer dizer: estar na força da inteligência. Inter+legere: ler entre as coisas, ler na evidência exterior de tudo o seu interior. Legere significa colher, ajuntar, acolher. É o conhecer, o estudar, o pesquisar. É o aprendizado e ensinamento. O discipulado. A conquista do saber que vem do pensamento lógico e racional. Usar a mente para o conhecimento e o esclarecimento. Instaurar uma consciência que leve a escolher o melhor e mergulhe numa profunda compreensão da existência. O conhecimento passa pela grande bagagem de informação e assimilação e forma o Professor.

CONSELHO: É a palavra precisa na hora oportuna. O direcionamento espiritual, moral, ético e virtuoso. Mostra o caminho. É a troca de experiências como testemunho de vida e apoio. Faz parte da prudência e ajuda a tomar decisões oportunas sem insegurança. Sugere o que fazer nas dificuldades da vida, ensina como falar, a quem falar e quando falar.

FORTALEZA: É não alinhar-se ao lado da fraqueza. É o ideal da força presente nas virtudes. É a força do ânimo diante das adversidades da vida. A vida não é uma luta só contra as contrariedades externas, mas é a luta diária para vencer-se. É não fugir das dificuldades. O forte abraça a grandeza da vida. Para o filósofo Platão, as virtudes baseiam nestas que considera as virtudes cardeais: fortaleza, temperança, prudência e justiça. Para o mundo Bíblico é a força de Deus com quem o humano pode sempre contar ( Dt 4,32-39). A força salvífica que Israel experimenta provém da força de um Deus que ama seu povo. Para os povos bíblicos, a fortaleza vem da fé e da esperança. No NT, a fortaleza é ser como Jesus Cristo, "sem mim nada podeis fazer” ( Jo 15,5). Firmeza, estabilidade e fortaleza devem caracterizar um caminho de fé e de amor ((Jo 15, 4-9). São Tomás de Aquino fala da fortaleza como o “bonum arduum”, que remete à contínua superação das contrariedades; é a obrigação de ser forte. É a superação da vulnerabilidade. O anjo não precisa ser forte, pois não é vulnerável, porém o humano tem que ser porque possui limitações. A fortaleza é superar a fragilidade. Para Paul Tillich, a fortaleza é a superação das angústias existenciais na vida moral. O humano deve superar seus grandes medos: angústia diante da morte (a ameaça de perder o ser); a angústia da culpabilidade (a psicose de que tudo é pecado); e não senso, a falta de noção (o desafio ao ser espiritual). A tarefa da fortaleza é sustentar o ser humano na defesa da sua dignidade, em tudo o que pode ameaçá-lo. É o passo necessário para a via da per + feição; o ser humano como um contínuo fazer-se (ens contingens), é o caminho da realização. Fortaleza é combater o mal com a mesma força de realizar o bem. Fortaleza é resistência: dizer não ao medo, não retroceder, agarrar-se ao Sumo Bem. Fortaleza é empenho em empregar todas as suas energias na construção do humano e de um mundo melhor.

CIÊNCIA: é o conhecer ( con + naitre = nascer junto com a experiência ); é o estar ciente do ser e dos seres. É buscar compreender. Sondar o universo e seus fenômenos (con - siderar). Entrar na realidade de tudo sob a luz de Deus. A verdadeira ciência vê cada criatura como reflexo da sabedoria e bondade do Criador. É dar o devido valor a todas as coisas, às pessoas, aos fatos e às realidades da vida e do mundo.

PIEDADE: Não queremos ligar esta virtude à questão devocional. O devoto que reza com piedade, mas sim a piedade como o modo de ser sensível na arte de relacionar-se. Apiedar-se. Procurar um relacionamento reto e justo que tenha soluções para as dores do outro. Não ter dó, mas orientar o outro para a sua força. É o interesse fraterno que visa o melhor. A piedade nos capacita a enxergar e não camuflar a essência das pessoas.

TEMOR DE DEUS (REVERÊNCIA): Esta virtude é totalmente diferente do medo, do pavor, da paúra, ou como quisermos chamar; também não é “respeito humano”, ou bajulação subserviente e nem uma mera admiração ou respeito de fã. A Sagrada Escritura chama de Temor de Deus, o que é a base da sabedoria: uma profunda reverência. Na concepção franciscana, reverência é a abertura límpída, disposição para perceber a grandeza de Deus e do Mestre. É uma humilde resposta cheia de gratidão, docilidade, cordialidade, benquerança, doação livre, amor e respeito pela imensidão, grandeza, nobreza, humildade e bondade do Criador e todas as suas obras (cfr. Dn 3,57-88.56 ). É um louvor que se abre com admiração, simpatia e respeito à suave força originária. É reconhecer a nossa pequenez diante da Grandeza do Criador. É evitar a presunção e o orgulho reconhecendo a grandeza e a bondade de Deus. Esta virtude torna a alma delicada, fiel, respeitosa (Eclo13). É admiração, maravilhamento, encantamento, caminho de reconhecimento e conquista da verdade do ser e de todos os seres.

Continua amanhã

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