DE JUBILEU EM JUBILEUS – 6

 


Os Espirituais não querem perder o movimento que está no início da Ordem. Querem recriar o Movimento de Assis e imitar fielmente o São Francisco de Assis histórico. Não se impressionam pelo crescimento e transformação em uma Ordem, mas se apoiam no Espírito das Origens, na Tradição Oral e nos Escritos dos Primeiros Companheiros, destacando a Legenda dos Três Companheiros, (Ângelo( +1258), Rufino (+1278) e Leão( 1278), que são para eles os testemunhos privilegiados desta origem. Os Espirituais têm a liderança de Frei Leão e ainda destacam Bernardo de Quintavalle (+ 1242) que viveu 16 anos depois da morte de São Francisco, Clara de Assis (+1253), viveu 27 anos depois de São Francisco e Frei Egídio de Assis(+1261), viveu 35 anos após a morte de São Francisco.

Nos 50 anos após a morte de São Francisco estavam presentes ainda os Testemunhos Vivos que usavam a expressão em seus escritos: “Nos qui cum eo  fuimus” ,isto é, “nós que com ele estivemos” ( cf. Compilação de Assis,14, 2 e nos vários parágrafos seguintes) Influenciavam gerações futuras. Tinham muito contato entre si e por cartas e bilhetes, mantinham viva a memória dos primeiros tempos. Foram muito importantes para o conhecimento de São Francisco. Ângelo Clareno entra na Ordem em 1260 e conheceu pessoalmente Ângelo, Egídio e João (companheiro de Egídio). Eles eram a Minoria, chamados os Súditos. O termo Espirituais vem a ser mais usado a partir de 1274 e tiveram nomes muito influentes por serem os que recolheram material para as Fontes dos primeiros tempos. Eram os seguintes: Giovanni de Parma, o Ministro Geral depois de Boaventura de Bagnoreggio; Corrado de Ofida, amigo pessoal de Frei Leão. Giacomo de Massa , muito amigo de Clara, Leão e Egídio. Viviam em Regiões bem destacadas que se tornaram os centros de irradiação dos Espirituais, nas Marcas, Itália, (ali viveu Ângelo Clareno), na Provença, França (Pedro Olivi) e na Toscana, Itália, (Ubertino de Casale).

Os Fraticelli que aparecem forte em 1317, são a difusão das Tradições dos Espirituais e passam a ser um nome genérico que indica Vários Grupos, Outros Grupos da frondosa árvore franciscana, são chamados de “frutus de paupere vita”, frutos da vida em pobreza. Deles também surgiram o ramo feminino das Beguinas e os Pizzochi. Sofreram bastante e foram tachados de hereges. Formam 02 grupos: 1. Os Religiosos que são bem radicais na vida da Pobreza e na opinião. Usavam o Latim na comunicação e na escrita. Deste grupo fazem parte Michelle de Cesena e Guilherme Ockham. 2. Os Leigos, as Beguinas e os Pizzochi. Escreviam e falavam o italiano vulgar. Estes dois grupos estavam nas Marcas, Úmbria, Toscana, Roma, Napoli, Sicília e Provença e eram grupos que reagiam contra o estilo de vida da Ordem e consideravam-se os que viviam melhor a Regra de São Francisco. Lançavam um questionamento que pode ser bem atual: Quem tem mais valor? Os que estão na Regra, mas não a viviam ; ou os que não estão na Ordem, porém vivem a Regra? 

Estes grupos não criaram uma separação para detonar a Ordem, mas sim separar para ser o mais fiel possível a Forma de Vida das origens. Para todos estes grupos a questão é uma só: serem fiéis a Regra, ao Evangelho e a Pobreza. Diz Duncan Nimmo: “A união do coração vai melhor assegurada separando as estruturas”. Eles separaram o peso das estruturas, mas não se separaram no coração; por isso de Jubileu em Jubileus lá se vão 800 anos! 

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO FILHO

Imagem ilustrativa: Afrescos de Ubaldo Oppi na Capela de São Francisco (Pádua, Basílica de Santo Antônio)


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