A RIQUEZA DA ICONOGRAFIA FRANCISCANA – 35

 


O HÁBITO FRANCISCANO - II

O modo de viver é a investidura do Evangelho. O hábito franciscano é o Evangelho que veste bem o corpo do frade e da fraternidade. Chegar ao modo do Evangelho passa pela renúncia, pela penitência, pelo total despojamento. Renunciar a si mesmo, investir-se da cruz, iniciar um caminho de purificação: “Desde então, prepara para si uma túnica que traz a imagem da cruz para nela expulsar todas as fantasias demoníacas; prepara-a muito áspera para nela crucificar a carne dos vícios e pecados; prepara-a, finalmente, paupérrima e grosseira, para que de maneira alguma ela possa ser desejada pelo mundo” (1Cel 22,6). Pecado e vícios podem ser o não uso adequado da Graça, e a beleza da veste está no esplendor da Graça que toma conta da vida e não no colorido dos panos.

Para Francisco, o mais importante é ser pobre por possuir a única riqueza que o realiza, que é seguir apaixonadamente o Senhor. Seu hábito é como uma veste nupcial de quem fez a escolha certa sabendo a quem entregaria o seu coração. “O seu hábito pobre indicava onde ele ajuntava suas riquezas. Daí, alegre, seguro, desembaraçado para correr, alegrava-se por ter trocado os tesouros que hão de perecer pelo cêntuplo” (2Cel 55,9).

Ao revestir-se do Tudo não precisa do muito e do luxo, mas é preciso estar inteiro em cada pedaço da vida que escolheu: “Afinal não quer que em nenhuma ocasião os irmãos tenham mais do que duas túnicas, no entanto permite reforçá-las com remendos costurados. Exorta a detestar os panos delicados e critica asperamente diante de todos os que fazem coisas contrárias; e para confundir a estes com seu exemplo, costura um saco grosseiro sobre a própria túnica; também na morte pediu que a túnica exequial fosse coberta com um saco barato” (2Cel 69,10-11).

Ao revestir-se do máximo da pobreza e da minoridade não precisa da ostentação de livros: “Devem ser suficiente hábito e caderno sem acumular livros” (2Cel 185,9).

CONTINUA

FREI VITORIO MAZZUCO

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