O NATAL EM CADA CANÇÃO - FINAL


NA INTENSIDADE DE VIVER

Quando em cada trecho de uma canção, pequeno ou não, aprendemos alguma coisa, crescemos na intensidade de viver. A vida, na paisagem da terra, se mostra na Encarnação do Deus da Vida na carne pulsante de seu Filho, e no Presépio a Encarnação atinge os humanos, a animação dos animais, o florescer dos vegetais e o cristalizar-se dos minerais. Para estar bem com a vida é preciso acolhê-la, valorizá-la, trabalhá-la nos diversos modo de doar-se, percebidos pela sensibilidade do corpo. Habilitar-se à vida significa deixar-se apropriar por ela nos modos de seu realizar-se. Para falar é preciso antes aprender a escutar, muito mais precisamos aprender a escutar a vida que se consolida em sua doação.

“Para vossa moradia, escolhei bem vosso terreno. Cultivando o espírito, sondai as profundezas. Olhai o que não pode ser visto, porque está além da forma. Escutai o que não pode ser ouvido, porque está além do som. Pegai o que não pode ser tocado, porque é inatingível" (Lao-Tsé, Tao Te King, 8).

A vida é uma atividade ininterrupta de vir a ser diferenciado de suas realizações. Em si mesma, a vida nunca está pronta e acabada. Ela está por toda parte se realizando: nas flores vestidas de cores e perfumes, nas estrelas vestidas de luzes, no ocaso do sol vestido de certa melancolia. Sua invisível beleza esplende nos visíveis modos de seu mostrar-se alegre, triste, doce, amargo, bonito, feio...não importa, ele está sempre próximo a nos animar, partilhar e consolar.

Este amar só é possível quando atentos nos modos de seu mostrar-se, surpreendemos a sua presença! Podemos então dizer que os modos de seu mostrar-se são acenos da vida, diferentes espetáculos de seu aparecer e desaparecer. Nos acenos de mostrar-se, há uma certa afinidade da vida com a lua. O luar é aceno da lua: é espaço de namoro, de celebração e de gozo da sua invisível presença. Assim é o dom da vida: sedução sem igual no real de suas diferentes realizações. Canções falam da lua.

Para perceber o dom da vida nos acenando em suas diferentes realizações, é preciso que sintamos a sua realização em nós mesmos, assim endeusada na Sagrada Escritura: "Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? ” (1Cor 3,16). Porque o Espírito do doador da vida que habita em nós podemos cultivá-lo treinando nosso olhar para vê-lo morando nas coisas. Isto quer dizer que é preciso conduzi-lo rumo às coisas. Quanto mais amorosamente moramos nos sítios da terra, mas nos apercebemos morando na clareira do céu. O bem morar do corpo é a dádiva da terra e do céu. O Natal nos evidencia esta verdade.

AS CANÇÕES NATALINAS MOSTRAM QUE O CORPO É VENTRE COLADO AO SOLO (SL 44,25). O PRESÉPIO REVELA A COMUNHÃO UNIVERSAL COM TODOS OS SERES, E NOS AJUDA A ADMIRAR O LIVRE DOAR-SE DE DEUS E DE TODAS AS SUAS OBRAS. CANTEMOS!

FREI VITORIO MAZZUCO

FELIZ NATAL!

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