REFLEXÕES SOBRE A DIMENSÃO POLÍTICA DO FRANCISCANISMO - 5
São Francisco de Assis e a Teologia da Libertação
Para Francisco de Assis existe vida celebrada, fé celebrada, realidade celebrada. Existe um texto que preciso retomar aqui: “Se é verdade, como disse um romancista em tempos sombrios de repressão nazista, de que pode haver situações em que falar de rosas parece constituir um crime, porque implica silenciar sobre tantos erros, é também verdade que para os cristãos, junto com o esforço de transformar a vida, há também um lugar para a celebração”. Realidades da fome, do empobrecimento, da exploração, dos atentados, das intervenções, da morte precoce de tanta gente, de tudo o que o mundo e o nosso país hoje enfrentam, não pode deixar ninguém indiferente. O jeito franciscano não é indiferente e se faz um grito profético. Viver, celebrar e falar é instaurar uma reflexão que impacta, que suscita debates, rejeições e críticas e também entusiasmos. No meio de tudo isto importa não perder a questão fundamental e manter a suficiente serenidade para ver as coisas se um modo bem claro, e não no embotamento das mídias.
Francisco de Assis não ficou apenas à mercê de análises sócio-teológicas, um ponto de vista vindo de fora. Ele se envolve lá onde está o povo com jeito penitente e pedindo mudanças. Ele não é apenas um homem que fez um caminho de santidade e ficou na lembrança das ladainhas. Ele torna-se um fato, um acontecimento. Foi para dentro da eclesiologia de então e saiu dos limites da Igreja para se tornar um fenômeno público da cristandade medieval e moderna.
CONTINUA
FREI VITORIO MAZZUCO
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