Evangelização na Educação - Perspectiva Franciscana - 3


2.1. Evangelizar com ousadia e profecia

Evangelizar a partir do bom exemplo e das obras. Nossas ações não são apenas reflexos das nossas competências pedagógicas e administrativas, mas são sinais, gestos concretos de uma ação que é testemunho de vida. É a nossa constante Epifania. Revelar quem somos nós! Nosso Carisma e Missão é a nossa mística de serviço e não apenas um belo cartaz na parede. O Papa Francisco retoma o jeito de Pedro e tira o papado do pedestal. Nós temos que nos inspirar nele e tirar o orgulho e o poder de quem tem poder, de quem tem o poder de ter, de quem tem o poder do sabe, para a beleza do colocar tudo em comum. Evangelizar é ser um cuidador dos desejos e necessidades.

Não podemos fazer em nossas Escolas apenas uma catequese disfarçada, uma extensão da paróquia, com usos e vícios clericais, uma mistura de tudo que achamos que é Ensino Religioso, ou então a redução a festivos e burocráticos Eventos Religiosos. Não! Temos muitas coisas feitas assim e nem questionamos a qualidade ou o despreparo de quem faz. Para Evangelizar não basta apenas saber ler bem, falar, apresentar, cantar, dançar ou tocar um instrumento. Mas é preciso estar na escuta de um Grande Valor, na Boa Vontade, na Vontade bem trabalhada e na Obediência: Deus está pedindo algo novo e eu faço! “Senhor, que queres que eu faça?” (LTC 5).

Como imaginamos o nosso aluno entrando em nossa escola? Como imaginamos o aluno saindo de nossa escola?  Um humano evoluído e bem formado em sua totalidade; consciente que nossa missão e valores o moldaram?  Um Iniciado para o resto da vida? Alguém preparado para ter um caminho de fé, um diálogo com o mundo e o ambiente,  possuidor de uma nítida e engajada cidadania? Ele usará em sua língua o que o ajudamos conquistar com a mente, coração e com as mãos? Evangelizar é construir pontes para uma educação integral, com métodos fortes, convictos, celebrativos, interativos e simbólicos. Um ícone vale mais do que mil palavras! O novo paradigma da evangelização é que ela tem que  ser interativa. Encontrar o espaço evangelizador, atingir a consciência, o afeto, e ter participação sócio-política e religiosa, na realidade local e global.

Hoje estamos imersos numa megacrise de interpretação de sentidos. Em nossas escolas, são acessíveis as hermêuticas, o sentidos e a simbólica? Passamos para o alunado a consistência evangelizadora ou usamos a auto-ajuda? Uma evangelização qualificada é um cartão de visita da escola. Estamos convidando o aluno, pessoalmente, para participar e somar neste processo, ou ele é apenas um passivo espectador?

Sempre temos a tentação de julgar a disciplina e a submissão do aluno, todavia nem sempre o levamos para uma educação libertadora. Da condição de educação cognitiva para uma educação integral, holística e histórica. O cientificismo e a técnica, que afirmam que o maior poder e preparo está no conhecimento, deixaram a ética aos cuidados da religião e da escola. Estamos realmente mostrando uma Ética com princípios cristãos e franciscanos, que nasceu exatamente de uma forte espiritualidade laica e fraterna. Nasceu de forte convivência. Hoje, muitos de nossos alunos vivem uma certa solidão. “A solidão é tão difundida que se tornou paradoxalmente uma experiência compartilhada”. Vivem juntos, porém fechados. Educar, “educere” é conduzir para uma saída. A Ética começa com a consciência que se tem do outro. Educar com sabedoria, isto é, com a conjugação de vários saberes, com o saborear a vida e as relações fraternas, e lançar para a vida e para as convivências.

O lugar da evangelização é contribuir hoje no plural, com carisma e compromisso. Não só cuidar dos alunos, mas evangelizar também o corpo docente, os colaboradores, a família, a direção. Cuidar dos cuidadores. O lugar da evangelização é ocupar um lugar estratégico na gestão. Os coordenadores de curso, a direção, os diversos segmentos da escola não podem ouvir o projeto evangelizador e pastoral da instituição com risinhos de deboche ou indiferença, como se o trabalho Evangelizador e a Pastoral fossem apenas um apêndice.  É um clichê, mas é real: “Pastoral não é uma salinha que fica escondida debaixo da escada”, cuidando apenas de tutorar os problemas de logística dos alunos.

CONTINUA

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