POR OCASIÃO DA FESTA DE SÃO FRANCISCO – 3


Hoje, a vida está em festa porque é o dia do Santo da Festa da Vida. Hoje, 4 de outubro, é São Francisco de Assis, intensamente lembrado! Ele fez festa com o “unum necessarium”. Mostrou para todos como é bom viver com a medida do suficiente, sem acúmulos ou apegos. Isto o impediu de ter arrogância, inveja, ciúme, e daí podemos imaginar com que leveza pulsava o seu coração.

É festa porque fez do mundo um espaçoso claustro; um eremo de horizonte aberto que enxergava longe com os olhos da meditação. Acordou uma cidade toda dizendo: “Bom dia, gente boa!” e de casa em casa levantou a estima em sorrisos matinais. Fez a festa da paz nas tensões entre bispo e prefeito; foi contar histórias de seu Deus ao sultão Melek-el-Kamil que o ouviu com atenção de líder de um povo monoteísta. Domou no sinal de bênção um lobo feroz que veio mansamente deitar aos seus pés e comer em suas mãos. Fez a festa de todas as criaturas lembradas num Cântico cheio de otimismo. Na dor e no amor conservou sempre a mesma vibrante alegria.

É festa porque a sua amada Senhora Pobreza o ajudou a passar livre entre as tensões do espírito burguês de seu tempo. Para ele, dignidade é  compartir. Minoridade é unir o diverso. Fraternidade é interagir. Servir é ter tempo para, pacientemente, limpar cicatrizes gangrenadas de leprosos. É festa porque reuniu na mesma ciranda o poderoso e intuitivo Inocêncio III, penitentes e nobres, doentes e pobres, mendicantes e mandatários, abades e porteiros, o bom e o vulgar, o benfeitor e o sem lar, ladrões e aldeões, bardos e menestréis, cavaleiros e peregrinos, dominicanos e beneditinos, São João do Latrão e São Damião, Subásio e Porciúncula, Clara de Assis e Leão de Viterbo, crônicas e legendas, presépio e cruz, oriente e ocidente, cotovias e flores, sol e lua, esmola e banquete, beleza e natureza,  Eucaristia e casa reconstruída.

É festa porque Francisco fez o Evangelho ser possível e o cristianismo redivivo. A singularidade de sua pessoa criou a pluralidade do encontro. É o Santo que vai do eclesial ao social, da Encarnação à Paixão, do simples e primitivo grupo à organizada Ordem dos Menores. É o Santo da poesia, da simpatia, da cortesia, do violino sem corda tocando imaginária melodia. É o louco contemplativo e o místico intuitivo. Marcou com o sinal do Tau papiro e parede, bênção e bilhete para o amigo e confidente. Entrou na caverna da solidão para escutar a inspiração e saiu com a definitiva Regra da Missão. Boas Festas deste Seráfico e Simpático Francisco de Assis e do Mundo! Paz e Bem!

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