tag:blogger.com,1999:blog-29594554915108134262024-03-01T02:40:29.263-03:00Blog Frei VitórioVitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.comBlogger1017125tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-39714174624017403632024-02-21T07:31:00.005-03:002024-02-22T09:01:51.650-03:00DE JUBILEU EM JUBILEUS – 8<p><span style="font-size: 12pt; text-align: justify;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwx4ivoHfhVVwD4RVwGtNgg5tOtYyfAzVfNVQdCFuq8XLxy8Vo5qtWByRwVpl2SrNOA6vXUEnhZjoljDN9fzU2fmXUYI8ZNaCZ3bgah-bmpS8P1hbvlfPFR65OwR0MgVTvK20yzxsto-ZN1o1uV6IhgtVkPxuWu6mW7R0F-msM2oBTWe-4r-70rZeS5TNI/s1280/clara_blog.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwx4ivoHfhVVwD4RVwGtNgg5tOtYyfAzVfNVQdCFuq8XLxy8Vo5qtWByRwVpl2SrNOA6vXUEnhZjoljDN9fzU2fmXUYI8ZNaCZ3bgah-bmpS8P1hbvlfPFR65OwR0MgVTvK20yzxsto-ZN1o1uV6IhgtVkPxuWu6mW7R0F-msM2oBTWe-4r-70rZeS5TNI/s16000/clara_blog.jpg" /></a></div><br /> <span style="font-size: 12pt; text-align: justify;">São oito séculos tendo sempre na vida Guias Espirituais como método. Enfim, já tivemos, e ainda temos, uma espiritualidade que vem da
oração constante, afetiva e menos especulativa, livre e espontânea e aberta aos
dons místicos. Talvez hoje tenhamos a preguiça encorajada pelos muitos
subsídios, e uma mística equivocada porque perdeu a originalidade que vem do
coração; tem-se a impressão que há um orgulho de ser uma pessoa espiritual e
não a austeridade heroica da abnegação. Amor próprio pode sufocar o amor a
Deus. Nas origens a oração, meditação e contemplação eram voltadas para a
missão, evangelização e apostolado; hoje ela está voltada para as</span><span style="font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-size: 12pt; text-align: justify;">postagens midiáticas. Precisamos salvaguardar
a quietude da vida espiritual como uma fonte de nossas atividades. O Espirito
de Oração e Devoção foram</span><span style="font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-size: 12pt; text-align: justify;">nossos Mestres
nas origens e nos seguram de Jubileu em Jubileus.</span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">E não podemos deixar de falar da Contemplação na Ação! Temos
uma mãe e mestra: <b>Santa Clara de Assis</b>, o expoente mais qualificado da prece
contemplativa e da ação missionária a partir do claustro. Clara é o encontro da
sensibilidade de Francisco com a sensibilidade feminina. O feminino está
presente na história jubilar da Ordem e todas as suas ramificações como força e
concentração, serenidade, luz e alegria, fidelidade litúrgica, prece contínua.
O amor de Deus se fez muito claro em Clara e fez uma base sólida através da
pobreza mais radical, da humildade, enfim o caminho florido de tantas virtudes.
Com Clara de Assis, a Ordem aprendeu que contemplação é missão; que não existe
o título de Abadessa quando se é mãe e irmã, pois uma superiora e um superior
tem que viver e comportar-se como pai e mãe. Mesmo doente, Clara não quis
enfermaria, mas foi ficar no dormitório, junto com as Irmãs. Renunciou a lugares
especiais, e no refeitório não se fez servir, serviu. Lázaro Iriarte, OFMCap,
dizia que Clara nos ensinou: “Quem quer governar os outros, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>deve antes
de tudo ser aquele ou aquela que sabe governar-se e a si mesmo(a)”. Clara
sempre viu o encontro comum como algo essencial e necessário e reunia as Irmãs
semanalmente, não para tratar problemas, mas tendo como finalidade o Encontro
Fraterno.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Clara ensinou que os doentes são os privilegiados da
comunidade e o serviço a eles é uma resposta à Pobreza. Quem está doente do
corpo corre também o risco de se tornar doente do espírito, por isso deve ser
uma pessoa muito cuidada pelo amor de irmãos e irmãs. Ensinou que a arte de ser
amigo ou amiga é escutar demais a importância de alguém. Ela e Francisco
renunciaram a certos apegos particulares e podiam assim se querer muito bem.
Autenticamente cristãos, Clara e Francisco tiveram a coragem de ser Evangelho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Clara é uma mulher completamente ligada à sua terra natal. É
a santa de Assis, uma expressão da cidade. Francisco esteve em todos os
lugares, Clara não precisou sair dali para ganhar o mundo. Coragem, força e
fidelidade atraem para além dos muros do mosteiro. Assis precisou de Clara na
presença e na prece. Ela nunca se sentiu à parte da Ordem, mas sempre na mesma
caminhada única da Fraternidade. Ela não nasce apenas espiritualmente de
Francisco, mas o influenciou muito. Quem armou o Presépio, escreveu o “Cântico
das<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Criaturas” e teve uma Cruz marcada
no corpo, aprendeu muito com uma mulher. Se tirar a mulher do caminho
espiritual, a fonte seca.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-size: 12pt;">FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: 12pt;">______________________________________________</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16px;"><i>Imagem: Piero Casentini</i></span></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-39355284595696182122024-02-06T07:52:00.003-03:002024-02-06T07:52:49.752-03:00DE JUBILEU EM JUBILEUS – 7<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgneLCtAzio9x0ii8m5Uuk5AQ8poJNViuHIdFnLpEajh9R0XF16e-8VBqUWk7OTRqAD8b6-jWYAjjDi08Bya_ayvP5jSKCVAyn6wzXylAluLYNL9bPVwRQTtZh5Lj-NLiRivv2IFy3Mi6lADRXuCg4Ps3BvgkCkYzs_kNDSgXldi8QPnD6-eaWhLlBBP56V/s1280/capistrano_060224_d.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgneLCtAzio9x0ii8m5Uuk5AQ8poJNViuHIdFnLpEajh9R0XF16e-8VBqUWk7OTRqAD8b6-jWYAjjDi08Bya_ayvP5jSKCVAyn6wzXylAluLYNL9bPVwRQTtZh5Lj-NLiRivv2IFy3Mi6lADRXuCg4Ps3BvgkCkYzs_kNDSgXldi8QPnD6-eaWhLlBBP56V/s16000/capistrano_060224_d.jpg" /></a></div><br /><p></p><p>De Jubileu em Jubileus as Fraternidades Minoríticas se reinventam; umas decaem outras crescem na fidelidade ao melhor do Carisma. Algumas vivem a forte experiência espiritual, outras se ancoram no suporte jurídico. Na origem, as fraternidades primitivas eram construídas perto de onde passavam os rios e riachos. Há testemunho nos Arquivos Históricos que diz: “Façam nossas casas vizinhas ao rio para que possamos lavar os pés”. Peregrinos, andarilhos e itinerantes rachavam e sujavam os pés na terra e pedras das estradas, o lugar da água corrente era a sua sala de recreio. Não tinham claustro, mas abrigavam todos sem precisarem de senhas para entrar. Viver do pouco era uma ascese como um valor de domínio de corpo e espírito; hoje administrar o muito é contratar onerosa assessoria de empresas especializadas que transformam a ascese em ter que ler e escrever relatórios com inúteis e infundadas análises. Mesmo assim ainda sobrevivem os Juníperos e Egídios com santidade apropriada e adequada, porque o Carisma não deixa de ser um fenômeno. Nas origens os quadros de Giotto mostravam a Bíblia dos Pobres, hoje os pobres pintam um quadro provocativo fazendo fila em nossas obras. </p><p>Das <i>Lectio Divina</i> aos comunicados escritos ou virtuais; da teologia, da dogmática, do conhecimento metodológico e científico, do humanismo franciscano formativo às sendas perdidas de não saber mais para onde ir quando se fala de formação e estudos. Não conseguimos mais atualizar Francisco num mundo velho como o nosso. Se perdermos a mística e a espiritualidade como evangelizar? Por isso, de Jubileu em Jubileu temos que olhar e voltar a algumas raízes, e por que não conhecer?</p><p> Vejamos:</p><p><b> Pietro Olivi (+1228)</b> dizia que a fazer obra de caridade é exigência da contemplação, porque é consequência natural da nossa condição de Ser Menores, fundamento da Penitência. <b>Ângelo Clareno( +1337) </b>afirma que a pobreza é um caminho místico; e que para viver uma vida virtuosa é preciso uma certa violência espiritual como exercício, pois não há progresso espiritual sem esforço. <b>Ubertino de Casale (+1329)</b> ensina a meditar e a praticar os mistérios da vida de Jesus Cristo, sobretudo a Paixão e Cruz.<b> Jacopone de Todi (+1306)</b> ensinava a alegria do coração e do amor na aniquilação de si mesmo para exaltar o outro. Para ele, pobreza e minoridade exprimem um caminho de purificação, iluminação e união. <b>São Bernardino de Siena (+1444)</b> foi do eremitério às missões populares como o apóstolo do Nome de Jesus. A pregação itinerante era um modo de renovar a sociedade, um fruto maduro da meditação e oração que se tornavam sermão e opção. <b>João de Capistrano (+1456) </b>queria ao menos uma hora de meditação diária, repassando palavra por palavra, sílaba por sílaba os mistérios presentes no Ofício Divino e nas Coroas Franciscanas com seus sete mistérios de dores e alegrias.<b> Querubim de Spoleto (+1484) </b>escreveu uma Regra de Vida Espiritual como um método para rezar com a mente e coração em plena ligação com o corpo e espirito os 45 Pais-Nossos, diariamente, levando em conta o pensamento, a afeição, a fala, o modo, a conversação e como ele mesmo dizia, a “mundificação” da prece como pensar, meditar, amar, falar, fazer, conversar e perdoar. Para ele, a oração é concreção e participação. <b>Pedro de Alcântara (+1562) </b>trouxe o jeito de pensar os limites humanos como a consciência de si e a plena atenção aos benefícios de Deus. Preparar-se para rezar não pode ser feito de qualquer maneira, mas de um modo bem acurado para um agradecimento e oferta de si mesmo a Deus. </p><p><i>CONTINUA</i></p><p><i>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</i></p><p><i>Imagem: S. João de Capistrano (Vatican Media) </i><span style="background-color: white; color: white; font-family: "Museo Sans Cyrl", Verdana, sans-serif; font-size: 12px;">S</span></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-11320697214257472142024-01-16T08:34:00.000-03:002024-01-16T08:34:03.761-03:00DE JUBILEU EM JUBILEUS – 6<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMHPBqJ8VKrD3Gi-nOG6fpBz9hnGd-a9jJuflQzB3lmHLSgW3Ipep7Oajioe5ZlgF9oKPO96zF1p2x7slp8pobwV2niXk4kC0Dl3nDWVRT6GQczd5SY_cFCuz41ukXqmo3EIHwpybGDp5g3G3d_0jzAGfz0wn4vS4KAVa6U6rPebn-7oQKfNxj_edl8c_L/s1280/blog_carisma_d.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMHPBqJ8VKrD3Gi-nOG6fpBz9hnGd-a9jJuflQzB3lmHLSgW3Ipep7Oajioe5ZlgF9oKPO96zF1p2x7slp8pobwV2niXk4kC0Dl3nDWVRT6GQczd5SY_cFCuz41ukXqmo3EIHwpybGDp5g3G3d_0jzAGfz0wn4vS4KAVa6U6rPebn-7oQKfNxj_edl8c_L/s16000/blog_carisma_d.jpg" /></a></div><br /><p></p><p>Os Espirituais não querem perder o movimento que está no início da Ordem. Querem recriar o Movimento de Assis e imitar fielmente o São Francisco de Assis histórico. Não se impressionam pelo crescimento e transformação em uma Ordem, mas se apoiam no Espírito das Origens, na Tradição Oral e nos Escritos dos Primeiros Companheiros, destacando a Legenda dos Três Companheiros, (Ângelo( +1258), Rufino (+1278) e Leão( 1278), que são para eles os testemunhos privilegiados desta origem. Os Espirituais têm a liderança de Frei Leão e ainda destacam Bernardo de Quintavalle (+ 1242) que viveu 16 anos depois da morte de São Francisco, Clara de Assis (+1253), viveu 27 anos depois de São Francisco e Frei Egídio de Assis(+1261), viveu 35 anos após a morte de São Francisco.</p><p>Nos 50 anos após a morte de São Francisco estavam presentes ainda os Testemunhos Vivos que usavam a expressão em seus escritos: “Nos qui cum eo fuimus” ,isto é, “nós que com ele estivemos” ( cf. Compilação de Assis,14, 2 e nos vários parágrafos seguintes) Influenciavam gerações futuras. Tinham muito contato entre si e por cartas e bilhetes, mantinham viva a memória dos primeiros tempos. Foram muito importantes para o conhecimento de São Francisco. Ângelo Clareno entra na Ordem em 1260 e conheceu pessoalmente Ângelo, Egídio e João (companheiro de Egídio). Eles eram a Minoria, chamados os Súditos. O termo Espirituais vem a ser mais usado a partir de 1274 e tiveram nomes muito influentes por serem os que recolheram material para as Fontes dos primeiros tempos. Eram os seguintes: Giovanni de Parma, o Ministro Geral depois de Boaventura de Bagnoreggio; Corrado de Ofida, amigo pessoal de Frei Leão. Giacomo de Massa , muito amigo de Clara, Leão e Egídio. Viviam em Regiões bem destacadas que se tornaram os centros de irradiação dos Espirituais, nas Marcas, Itália, (ali viveu Ângelo Clareno), na Provença, França (Pedro Olivi) e na Toscana, Itália, (Ubertino de Casale).</p><p>Os <i>Fraticelli </i>que aparecem forte em 1317, são a difusão das Tradições dos Espirituais e passam a ser um nome genérico que indica Vários Grupos, Outros Grupos da frondosa árvore franciscana, são chamados de “frutus de paupere vita”, frutos da vida em pobreza. Deles também surgiram o ramo feminino das Beguinas e os Pizzochi. Sofreram bastante e foram tachados de hereges. Formam 02 grupos: 1. Os Religiosos que são bem radicais na vida da Pobreza e na opinião. Usavam o Latim na comunicação e na escrita. Deste grupo fazem parte Michelle de Cesena e Guilherme Ockham. 2. Os Leigos, as Beguinas e os Pizzochi. Escreviam e falavam o italiano vulgar. Estes dois grupos estavam nas Marcas, Úmbria, Toscana, Roma, Napoli, Sicília e Provença e eram grupos que reagiam contra o estilo de vida da Ordem e consideravam-se os que viviam melhor a Regra de São Francisco. Lançavam um questionamento que pode ser bem atual: Quem tem mais valor? Os que estão na Regra, mas não a viviam ; ou os que não estão na Ordem, porém vivem a Regra? </p><p>Estes grupos não criaram uma separação para detonar a Ordem, mas sim separar para ser o mais fiel possível a Forma de Vida das origens. Para todos estes grupos a questão é uma só: serem fiéis a Regra, ao Evangelho e a Pobreza. Diz Duncan Nimmo: “A união do coração vai melhor assegurada separando as estruturas”. Eles separaram o peso das estruturas, mas não se separaram no coração; por isso de Jubileu em Jubileus lá se vão 800 anos! </p><p>CONTINUA</p><p>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</p><p><b>Imagem ilustrativa</b>: <i>Afrescos de Ubaldo Oppi na Capela de São Francisco (Pádua, Basílica de Santo Antônio)</i></p><div><br /></div>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-12294722533607550022023-12-20T08:02:00.004-03:002023-12-20T08:03:28.180-03:00DE JUBILEU EM JUBILEUS – 5<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLlcCu1So9RZ9O0UgZk2O9Nih_nPrXuTTSNMTpoRnpaNp0AfwKTbEX-zznITh_okeWZAcb9_hxNtrRRZ96ntNsfc0oKi4PGOZ1PERGDDGIy4CEUKOi0tETIyI879nVNC0wJM8dwrJbR6MpOUL7heDrMMj-tgsLs4wUWk_9oSLnVhpiGHQNt8uNw7xIPUDP/s1280/blog_vitorio_2012.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLlcCu1So9RZ9O0UgZk2O9Nih_nPrXuTTSNMTpoRnpaNp0AfwKTbEX-zznITh_okeWZAcb9_hxNtrRRZ96ntNsfc0oKi4PGOZ1PERGDDGIy4CEUKOi0tETIyI879nVNC0wJM8dwrJbR6MpOUL7heDrMMj-tgsLs4wUWk_9oSLnVhpiGHQNt8uNw7xIPUDP/s16000/blog_vitorio_2012.jpg" /></a></p><p>De Jubileu em Jubileus a presença franciscana se consolida. São oito séculos de tantas vivências, experiências e divergências, fraternâncias e dissidências; mas sempre buscando a força da identidade de Ser Menor e isto resultou numa história muito transparente. Hoje nós temos um cristianismo não tanto segregado por igrejas, mas por movimentos; cada um achando que tem a solução e a salvação, mas perdem muito a identidade cristã seguindo fundadores cada vez mais presos a rubricas e estruturas. O que segurou a Ordem Franciscana é a busca comum do Espírito Comum; porém isto não impediu ramificações dentro da própria família religiosa; diferente e iguais; fraternalmente agrupados e espiritualmente fortalecidos. </p><p>A história dos grupos franciscanos primitivos não é só passado, mas nos faz entender como são os frades e tudo o que brota daí. A história é uma grande casa e precisamos de uma chave para entrar numa de suas muitas portas. As respostas que procuramos às perguntas que temos para esta casa serão sempre diferentes porque as pessoas e as épocas não são iguais, tanto no modo vivente, como no modo de assimilar a vida, por isso o franciscanismo soube ler cada época onde esteve e está presente. Na história jubilar da Ordem todos são de acordo sobre um Fundamento Único: O Evangelho como Vida e Regra. A diferença é de estrutura, escolha e opinião. As Reformas da Ordem mudaram e causaram muita opinião. As Estruturas pesadas que a Ordem criou para si causaram muita divisão. </p><p>Estas diferenças de opinião e estrutura criaram 03 grupos: Os Espirituais, Os <i>Fraticelli</i> e os Outros. Os Espirituais queriam seguir radicalmente São Francisco de Assis e a Regra Não Bulada de 1221. É um posicionamento fechado, literal, rigoroso. Os <i>Fraticelli</i> queriam priorizar a Regra Bulada de 1223 dizendo que ela contém toda a base da vida escolhida pelos frades menores. Reforçam-se de Bulas e Documentos Pontifícios. Os <i>Fraticelli</i> têm uma posição mais moderada. Os Outros queriam a dispensa da Regra e um posicionamento mais aberto frente ao Carisma, para que houvesse uma espiritualidade mais relaxada e ampla.</p><p>Esta divisão vem basicamente de dois grupos: a Comunidade e os Espirituais. A Comunidade é entendida como o grupo geral dos frades que querem sustentar um desenvolvimento do Ideal da Ordem mesmo que precisasse mudar o modo original da vida. É uma força grupal que vive e convive os 50 primeiros anos. Ela, a Comunidade, é a raiz de um grupo primitivo que cresce e se transforma e se fortalece como uma Ordem grandiosa e organizada. Tem uma força itinerante, missionária, apostólica, clerical, douta, camponesa e conventual, e se apoia nas Fontes Franciscanas com seus Escritos e Biografias. Era a Maioria no sentido de Superiores.</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p><b>Imagem ilustrativa:</b> Pádua – <i>Basílica do Santo – Capela de São Francisco - O Capítulo das Esteiras (Assis, 1221) – Ubaldo Oppi(século XX) criou o ciclo de afrescos dedicados a São Francisco na Basílica do Santo de Pádua. O frade com o pé apoiado no banco é o autorretrato do pintor.</i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-44000221181453999072023-12-11T09:07:00.003-03:002023-12-11T09:09:16.101-03:00DE JUBILEU EM JUBILEUS – 4<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfwW3doCe8DTt6Wqt60oiCxxAJIAbCeFTDhZx8QNu6fc6iAtUo199DglUS-vxBiCozzGwKOX4F5vlkelhBiSEbMw8kUZ9eYp2NMpij705gLRdYoFkLUW6DR3by1k0jwXZYonumJXHOJs5XSHWAVTLn6m2mYeo44d9KyvXqIttNLf9Gs_LCTa0B8_6FpOka/s1280/blog_carima_1112.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfwW3doCe8DTt6Wqt60oiCxxAJIAbCeFTDhZx8QNu6fc6iAtUo199DglUS-vxBiCozzGwKOX4F5vlkelhBiSEbMw8kUZ9eYp2NMpij705gLRdYoFkLUW6DR3by1k0jwXZYonumJXHOJs5XSHWAVTLn6m2mYeo44d9KyvXqIttNLf9Gs_LCTa0B8_6FpOka/s16000/blog_carima_1112.jpg" /></a></p><p>O movimento franciscano primitivo optou pelo não-ser e o não ter. Não ser nobre e rico de privilégios, porém estar como servos dos leprosos, doentes, mendigos, peregrinos e outros tantos segregados. Não se enquadraram nas prioridades materiais de seu tempo que opunha servo ao senhor do feudo, a burguesia da cidade que aos poucos ia assumindo o sistema mercantil, o feudalismo agrário, a produção artesanal e os enfrentamentos pela hegemonia do poder entre os síndicos da comuna, o papa e o imperador. O franciscanismo ficou fora desta tensão porque quer o não-ter um lugar que gere acúmulo e produção desenfreada. Prefere olhar quem são as categorias sociais da época olhando de perto em que lugar estão as pessoas, por isto se fazem peregrinos. Se não ir onde o povo está, como saber da realidade? Ser um itinerante, um peregrino, um forasteiro é uma base primordial da identidade franciscana. Saem dos limites de Assis e inauguram o “em saída” proclamada hoje pelo Papa Francisco. </p><p>Sonham um novo lugar para a humanidade e este lugar está no serviço desinteressado. Hoje, o movimento perdeu a itinerância porque se queda em paróquias e obras. Mexem com as estruturas do mundo, mas gastam tempo administrando o que emperra ou chora as estatísticas dos muitos que foram se incardinar fora da vida fraterna. O movimento primitivo partiu do não-lugar e do não-ter para um novo ser. Não excluem grandes ou pequenos, desde que a prioridade seja a fraternidade. O ser peregrino também redescobre a dimensão das criaturas. Assim consegue, sem grandes pretensões, tornar-se um fenômeno religioso, cultural e humano. Sabem que não conseguirão transformar de imediato a sociedade da época, mas mostram perfeita alegria ante as portas que se fecham. Não é fácil abrir entradas para ser irmão e irmã onde está a nobreza e o clericalismo. Igualdade social não existe onde está o seguro condomínio dos bens; por isso abraçaram os marginais. Não foram originais quanto a isso, apenas seguiram as trilhas do Evangelho que mostram que nenhuma utopia fracassa se o Amor está entre as gentes. </p><p>Sonhadores não morrem à beira da estrada, mas são persistentes. Desaparecem e reaparecem sempre. Ganharam nomes como <i>espirituais, fraticelli, joaquinitas, alcantarinos</i> e outros; passaram pelo furor da Inquisição, mas não esmoreceram na tarefa de sempre procurar o espírito genuíno do fundador, Francisco de Assis; a proposta do Evangelho; e de reforma em reforma, de jubileu em jubileus sempre quiseram a fonte primitiva da vida cristã, não como retrocesso, mas como processo de coerência. É medieval, moderno e de um esperançoso futuro; une missão, apostolado e martírio, entre o povo e a natureza. Afinal de contas, quem apanha mais é o povo e o explorado mundo das criaturas.</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p><b>Imagem ilustrativa</b>: <i>José Benlliure y Gil (Espanha, 1855-1937)</i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-27408493520876208322023-12-05T06:49:00.000-03:002023-12-05T06:49:28.831-03:00 DE JUBILEU EM JUBILEUS – 3<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzzLMW8uNUAihxiZHswnL6SI3cZuTZElAozRA0NTUztt3TqE-_chXgiKdMShhb7uRQ2w2sBpsyXE5IjRH70lS8ks6KxR80apuagSfQq2Y43psLRrkYGBibTsdPwvA-PoXy9tKJxtWkzT2M8MNK545qHzK_doWE7MRa7NExbIbAg3dZ0Es5FeLT5xIgYVZG/s1920/blog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="1920" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzzLMW8uNUAihxiZHswnL6SI3cZuTZElAozRA0NTUztt3TqE-_chXgiKdMShhb7uRQ2w2sBpsyXE5IjRH70lS8ks6KxR80apuagSfQq2Y43psLRrkYGBibTsdPwvA-PoXy9tKJxtWkzT2M8MNK545qHzK_doWE7MRa7NExbIbAg3dZ0Es5FeLT5xIgYVZG/s16000/blog.jpg" /></a></div><br /><p>Bem que tentaram, mas não encontraram nenhuma sobra de heresia no franciscanismo primitivo, que nunca se opôs a Igreja, mas mostrou para a eclesiologia que conversão também vale para os que são entusiastas da hierarquia. Ajudavam o clero na época mesmo sabendo que simonia e concubinato rodeavam algumas sacristias. Preferiam evitar conflitos e amavam através de um serviço prestado a todos; amor e serviço podem mudar algumas mentalidades. Mostraram que ser franciscano era fazer o que ninguém queria fazer. Procuraram descomplicar o modo de viver liturgicamente a religiosidade sempre confrontada pelos hereges . As heresias de ontem e de hoje se parecem muito, porque são radicais, com apegos a detalhes exagerados. esquecendo o mistério. </p><p>A heresia de hoje se opõe ao magistério e seus documentos, não reverencia o Papa, está mais preocupada com o modo de comungar do que com a Eucaristia ; briga sobre que lado se coloca o crucifixo no altar, mas não quer nada com a Cruz. Querem um reerguimento moral, mas discriminam pobres, negros, índios e com um sorrisinho condenatório, mostram seu lado homofóbico. Francisco de Assis e seus frades se misturaram ao povo sem julgar o que seria o normal de uma vida pública, mas declararam sempre a sua identidade social para que todos soubessem de que lado estavam e qual é o seu posicionamento moral-cristão na vida. O Evangelho sempre mostrou bem claro de que lado estava e está Jesus Cristo. Os frades primitivos não eram heróis de um catolicismo ascético e condenatório, mas sim penitentes mensageiros de paz.</p><p>Francisco de Assis não quis ficar fora da Igreja, mas estava mais dentro do Reino. Estar do lado do Reino é encher o mundo de esperança e conversão e não aumentar a fila da procissão de entrada nas missas com figurantes que não estão nem na Igreja e nem no Reino, mas reproduzem um certo culto da personalidade, ou, então para mostrar quanto mais fitas no pescoço melhor; trocam de fitas a cada reunião diferente, servem os eventos paroquiais, mas não estão a serviço da vida a partir do Evangelho. As heresias de hoje são piores do que as da Idade Média porque impõem uma dominação do modo religioso. Mas as heresias em todos os tempos se parecem. Francisco de Assis quis o Presépio, Altar e Cruz como transformações da humanidade sem muita pompa e circunstância, sem cerimônias preceituais, mas sim entrar no coração da vida pela Palavra e pelas práticas.</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p><i><b>Imagem: Benezzo Gozzoli,</b> "Cena da Vida de São Francisco: O Papa Inocêncio III teve um sonho, onde viu a Basílica de São João de Latrão prestes a desabar, apenas sustentada por um pobre religioso, que ele interpretou como sendo Francisco. Ao lado desta imagem, Francisco pede ao Papa a aprovação do modo de vida dos frades (1452, Wikiimedia Commons).</i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-86389308139010416742023-11-28T11:07:00.004-03:002023-11-28T11:11:18.075-03:00DE JUBILEU EM JUBILEUS – 2<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFnY2uSZCcpq7QloANLlWu2_-mvZywA_PuAHAwackhixUVfKU7FqOgupVyFGKEKWckK-JzHea_B3EVFFLBi0IKzD9ezllr3ln0Rw3eWOj9v5mTJo1EZPS2hwI3KRfuIQdMX04ogtzimx2pvi5cxxMGthO9GgxgeoAs6Aevk9WKe0UokzaRg0Ds-ES_eYps/s1280/beto_coelho.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFnY2uSZCcpq7QloANLlWu2_-mvZywA_PuAHAwackhixUVfKU7FqOgupVyFGKEKWckK-JzHea_B3EVFFLBi0IKzD9ezllr3ln0Rw3eWOj9v5mTJo1EZPS2hwI3KRfuIQdMX04ogtzimx2pvi5cxxMGthO9GgxgeoAs6Aevk9WKe0UokzaRg0Ds-ES_eYps/s16000/beto_coelho.jpg" /></a></p><p>A pureza do Evangelho vivido por ele incomoda até hoje os que querem seguir <i>coachs e experts </i>em conteúdos religiosos que se tornam influenciadores dos que não querem assumir a radicalidade que a vida cristã é: presépio, altar e cruz. Se for para seguir mesmo Jesus é preciso ser como Francisco de Assis: ir na contramão da sociedade e viver uma conversão pra valer. Ele fez seguidores no modo ideal de vida de seguir os conselhos evangélicos. Ele faz a todos revisitarem os primórdios do cristianismo. No seu tempo, ele soube dizer um não, bem determinado a tudo que disputava espaço na sua querida cidade de Assis: a força do senhorio feudal e a nascente burguesia que dominavam as cidades. Não apoiou o trabalho na servidão rural, mas ajudou os camponeses que precisavam de voluntarioso trabalho. Aprendeu o que era bom e o que não era necessário com os movimentos de religiosidade popular; não entrou no modismo dos hereges que a tudo contestavam, mas preferiu permanecer dentro da Igreja com as lentes mais nítidas do Evangelho.</p><p>Hoje, fala-se muito da Economia de Clara e Francisco. Muitos criticam dizendo que é coisa de Papa que tende ao comunismo. Mas deixemos isto para a ignorância dos desinformados e alienados. Voltemos os olhos para a história do Franciscanismo e seu fundador que não se deixou seduzir pelos valores da burguesia de Assis. Seu pai, Pedro Bernardone queria que ele tivesse posse e bens, ele preferiu o desprendimento necessário para seguir Jesus Cristo. Francisco não foi um mercador da comuna, mas um recusador do dinheiro e do sistema apropriativo. Se trazia segurança para os nobres, o <i>ethos</i> burguês enchia as ruas de mendigos. Os frades e os pobres preferiam a segurança de Francisco de Assis que se chamava Fraternidade, irmãos ajudando irmãos, incondicionalmente. A Fraternidade era uma resposta contra a acumulação. Francisco nasceu e cresceu na escola de seu pai, que era mestre na lei da oferta e da procura, e da prosperidade mercantil. Francisco optou pela partilha fraterna em substituição a economia de apropriação.</p><p>Francisco de Assis rejeita a paz e os tratados de paz fundados nas guerras e nas armas. Ele desarmou a mente, o corpo e o espírito, para não se deixar contaminar pelo neoliberalismo dos burgueses de Assis. Justiça para o franciscanismo primitivo é partilha. Bens são para ser colocados a serviço e não para comprar privilégios. Ele foi esmolar não para fazer obra de caridade, mas para dizer que a esmola era um direito do pobre e um dever de quem tinha a mais. Uma terra não pode abandonar os que nascem ali no seu lugar, mas tem que ajudar a prosperar, e não somente a prosperidade de uns poucos. Nascer como Movimento e fazer-se Ordem é colocar ordem na divisão de bens. Assis era um exemplo de desnível social. Francisco e seus frades mexeram com a ordem social de Assis, sem fazer revolução, mas andando como mendicantes e orantes. Eles trabalhavam com as próprias mãos para sobreviver como grupo e dividir com os que não tinham nenhum privilégio. O trabalho tornou-se serviço aos outros e não ascensão social; por isso recusavam postos de comando e chefias e se faziam ministros e servos do bem comum. Eles tinham a oração e a pregação a partir do coração e o trabalho artesanal nas mãos. Difícil foi ser coerentes com tudo isto, pois a subsistência tradicional da religião estava embasada em espórtulas, doações, esmolas, benefícios, privilégios, doações, rendas, remuneração e terras. Hoje os termos mudaram para prebendas, dízimo, campanhas de devotos, mas é a mesma coisa.</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p><i>Imagem ilustrativa: Frei Beto Coelho</i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-58151298234618454952023-11-23T06:57:00.006-03:002023-11-23T06:58:18.083-03:00DE JUBILEU EM JUBILEUS – 1<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbfT6aqK_xMT1wOlaCukeSBkhlBhj5EdbPhJWZMRC3PxEOqKsW3ctRsxB-tngJRxqMfrIhn5kSsteLSdUn3skCQpbFF2EHe0coGHEbLrUsbtxVdePnpZTjxrzAbR6N0J_8bOi3a8EIqQAS-fqTXAnkdpauvzo8gDaryKOAppCQrys7sQexZCbnNUX2GSKb/s1280/blog_02.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbfT6aqK_xMT1wOlaCukeSBkhlBhj5EdbPhJWZMRC3PxEOqKsW3ctRsxB-tngJRxqMfrIhn5kSsteLSdUn3skCQpbFF2EHe0coGHEbLrUsbtxVdePnpZTjxrzAbR6N0J_8bOi3a8EIqQAS-fqTXAnkdpauvzo8gDaryKOAppCQrys7sQexZCbnNUX2GSKb/s16000/blog_02.jpg" /></a></p><br /><p></p><p>De 2023 até 2026 a Ordem Franciscana celebra 800 anos da Regra Bulada, do Presépio de Greccio, dos Estigmas de São Francisco, do Cântico das Criaturas e do Encontro de Francisco com a Irmã Morte. O mundo franciscano vibra e se reinventa em aprofundamentos, afirmações e avaliações de seu modo original. É tempo também de repensar a Identidade deste carisma que tem muito a revelar ao mundo. Antônio Sebastiano Francesco Gramsci, filósofo, historiador e político italiano, escreveu: “Francisco foi um cometa no firmamento católico. Seu movimento foi popular enquanto viveu a recordação do fundador” (Gramsci A. "Lettere dal Carcere", Turim, Einaudi, 1968, p.154). Cometas voltam de anos em anos a criar uma trilha de luz na imensidão do cosmo. O brilho de Francisco se apresenta de jubileu em jubileus, mas é uma contínua estrela cataporando pingos de luz em cada momento onde ele é evocado. Ele é um humano santo que não sai do dia a dia, atrai grupos pequenos e multidões, famílias de seu frondoso tronco de Regra inspiradora, consagrados e simpatizantes, se ocupam com sua vida, escritos e história; mas sobretudo contemplam as faíscas de luz que ele deixa na história de tantos e tantas.</p><p>Há tantas caracterizações de Francisco de Assis; desde o modo como ele veste e faz a investidura do Evangelho em corpo, mente alma e coração; as marcas profundas da cristificação de sua vida, o jeito fraterno de relacionar-se com todos e com tudo, a iniciativa de agregar humanos e criaturas e antecipar por oito séculos a Laudato Sì; ele que começou colocando o Papa Inocêncio III para elucidar sonhos de reconstrução, até concretizar novamente a cristianização do catolicismo com um Papa que adotou seu modo de ser e seu nome, o Papa Francisco. E num mundo de poder e dominação é o profeta do ethos identificado com o ser menor, que é resguardar a dignidade da pessoa humana, do pobre, das aves e plantas, passando pelo senso crítico de um valor cultural e hagiográfico em todos os níveis. É o humano santo das Legendas, Escritos, Biografias, Teses e Literatura, Musicais e Filmes. Romantizado, seguido, amado e nem sempre bem compreendido, enche de admiração todos os que buscam uma senda espiritual.</p><p>Francisco de Assis passa a ser a referência relevante desde os primórdios do século XIII até hoje, de uma fidelidade, cheia de mística, poesia e obras escritas, do que vem a ser uma teocracia curial, uma hegemonia eclesiástica, um questionamento social e até uma certa ruptura com isto tudo para seguir uma única inspiração: a casa que está em ruínas tem que ser reerguida. Ele não embarca no sistema produtivo de acumulação e riqueza, mas vive a pobreza como uma profecia de despojamento de bens para não se corromper em privilégios. Ele abalou o civil e o clerical, ele refez a utopia do Evangelho para que se tornasse realidade aquela frase provocativa de uma oração eucarística que diz: “Dai força para construirmos juntos o vosso Reino que também é nosso”. Colocado nas cátedras, aulas e simpósios de teologia e filosofia, entra na ecologia e antropologia, e até suscita uma cosmovisão franciscana, mais vivida entre os buscadores da verdade do que pelos seus próprios Irmãos Menores. Mas é um pilar de fé, religiosidade popular, movimentos, ordens, institutos e congregações, novas formas de vida e patrono de pluralidades culturais, religiosas e de gênero. É um luzeiro para povos que sonham uma cultura de paz. Há um Francisco de Assis primordial e atual que precisa ser honestamente pensado. De 1209 a 1221 e de 1223 até 2023 ele faz muita gente debruçar sobre suas Regras não aprovadas e até Bulada, porque um visionário precisa ser controlado pelo jurídico-canônico e ser abençoado oficialmente para mostrar que o seu caminho não tem volta, com exigências canônicas ou sem elas; porque ele escolheu o Evangelho que não foi derrotado nem por um calvário sobre um monte chamado Gólgota.</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><div><i>Imagem ilustrativa: Piero Casentini</i></div>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-5554835021488952732023-11-03T10:16:00.001-03:002023-11-03T11:12:25.818-03:00800 ANOS DA REGRA BULADA – A REGRA E VIDA É ESTA: VIVER O EVANGELHO! - FINAL<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwmq8WQxAticw59asN5kn2M7f0SLqoZ6anvjSL1zD7Qv7k0aBK64OOz-IVrU3WMBeVs-708yTccRscLH9g7lo_YcwIaozWzVRKkLHQCqm2891I47rl0U83tkdbnAjzDQaZu6Dbu3mVPQGde8GEueEzzVjfWu3k7TgrvOsnvzh9z6Ecg3JpP_VcVV-cpmeG/s1280/blog_regra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwmq8WQxAticw59asN5kn2M7f0SLqoZ6anvjSL1zD7Qv7k0aBK64OOz-IVrU3WMBeVs-708yTccRscLH9g7lo_YcwIaozWzVRKkLHQCqm2891I47rl0U83tkdbnAjzDQaZu6Dbu3mVPQGde8GEueEzzVjfWu3k7TgrvOsnvzh9z6Ecg3JpP_VcVV-cpmeG/s16000/blog_regra.jpg" /></a></div><br /><p></p><p>Quando se lê a Regra pela primeira vez, tem-se a sensação de monotonia, aridez e exigência. Isto porque ela é simples no modo de dizer as coisas da vivência fraterna. Mas nela está o jeito de Deus, do Bem, da Misericórdia, da Fraternidade, do Amor, da Oração e Missão, da Igreja como lugar de unidade apostólica. As Regras e a Regra Bulada nascem dos Capítulos como a verdade de muitos. O Carisma pessoal e comum nascem à luz de Pentecostes. Uma Regra que destaca a pobreza, o trabalho como pura graça, as expressões de caridade, a pregação, o apostolado, tudo como Projeto de Vida. A partir da Regra confirma-se a virtuosidade mais pura do franciscanismo: evangelicidade, eclesialidade, minoridade, fraternidade, liberdade espiritual, apostolicidade, vida comunitária e espírito de serviço. São valores que nos levam a um encontro e ao brilho da convivência sem cair no pieguismo.</p><p>A Vida Fraterna é antes de tudo uma virtude; morar junto é consequência. A veste não é um esterótipo, mas símbolo de comunhão. Uma apresentação de um modo de vida que mais do que jurídico é modo de ser. A Regra nos dá uma proposta comum de vida para dizer que minha vida não é mais minha vida, mas pertence ao Projeto, a Forma de Vida. Dou a minha vida para aquilo que nos une e o que nos une traz fidelidade e felicidade. É preciso intuir na Regra um grande princípio, que a partir da Fraternidade gera uma nova humanidade.</p><p>Regra não é para ser padrão de censura, mas medida de inspiração, uma medida que sustentou e sustenta gerações e gerações de Fraternidades. Ela nos amadurece sem mesquinharia. A vida não se conquista com facilidade, mas com a provocação de sempre buscar a Graça e esta Graça gerou no inicio da Ordem pessoas vigorosas e regradas. A Regra levanta o nível dos nossos afazeres; qualquer ação é uma ação de maior grandeza; é uma tessitura onde vai-se formando uma vida franciscana. Todas as decisões do futuro dependem da escuta dos primeiros tempos da Regra; isto nos amadurece.</p><p>Nós somos a possibilidade de nos dispor com liberdade e responsabilidade à uma tarefa que é nos proposta: abraçar uma Forma de Vida. Ela é decisão, um querer que vem do coração, um empenho, tenacidade, constância perseverança, disposição para escutar o valor maior. É a busca de uma nova medida para a nossa vida, maior e mais profunda. Para isto a Regra é necessária. Ela não é imposta de fora, mas uma convocação que vem de dentro. Se vier de fora não vou sentir como se fosse minha. Mas se perceber que vem de dentro ela vai tocar o meu ser com afeição e paixão. Somos apaixonados pela Regra? Normalmente não. Como texto ela fica nas estantes e gavetas; como vivência ela precisa ser acordada, nem que seja a cada jubileu. </p><p>A Regra sustenta a OFM, a OFMConv, a OFMCap, a TOR, a OFS e mais de 350 Congregações e Institutos aprovados. Ela é a origem segura e ajuda a todos tornarem-se origem. A nossa origem a partir do Evangelho e do Movimento Penitencial é uma conversão contínua. Buscar a Deus e seu Projeto do Reino é a teologia da Regra; vencer o mal com o bem é sua dimensão ética; amar é sua força afetiva. </p><p>Francisco de Assis não inventou uma Regra, mas deu uma visão mais enriquecida de uma vivência do Evangelho mais prática. Sua vida foi acolher progressivamente Jesus Cristo, a Regra é a confirmação desta firmeza espiritual. Sua visão e imersão na vida de Jesus Cristo deu a ele e a seus seguidores e seguidoras uma prática de Cristo. A Regra é a arte de viver Cristo e indica um seguimento dinâmico, um itinerário vivo. O modo de seguir Jesus Cristo não é neutro ou de fazer cada um do seu modo, mas é um posicionamento. Francisco de Assis não quis criar uma escola teológica, mas sim propor um descobrimento prático dos divinos mistérios que envolvam um itinerário espiritual. A Regra nos exige a coragem de ser cristãos e cristãs na coragem de ser Evangelho, esta é a Vida.</p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><div><br /></div>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-59544067509497115722023-09-28T11:23:00.004-03:002023-11-03T11:14:18.893-03:00800 ANOS DA REGRA BULADA – A REGRA E VIDA É ESTA: VIVER O EVANGELHO - IV<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSJPExrEMyA1ZkWZYWl63zKh6n3yMsSC-2XfRdpTV2xewlUe-iscl8SiMAcSyshEkmJD3ScZV6MJ3nb5h1bkAu9pgpm6YzFIkVsCQqJjkYBK2lt09V7T9y6Dff_EblfdA5B3cVShbTDJf9yTigKJAwW13lXJ5EE0LjmtTK3Dkj0zV_Mbyz2hGYPBofixzm/s1280/blog_2809_01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSJPExrEMyA1ZkWZYWl63zKh6n3yMsSC-2XfRdpTV2xewlUe-iscl8SiMAcSyshEkmJD3ScZV6MJ3nb5h1bkAu9pgpm6YzFIkVsCQqJjkYBK2lt09V7T9y6Dff_EblfdA5B3cVShbTDJf9yTigKJAwW13lXJ5EE0LjmtTK3Dkj0zV_Mbyz2hGYPBofixzm/s16000/blog_2809_01.jpg" /></a></div><br /><p>A Regra Bulada é fato histórico colocado em forma normativa e não apenas uma Legenda. Não é Hagiografia, mas seta indicativa de onde deve ir e fundamentar as práticas. A História da Ordem vem da segurança da Regra. A força desta Regra é que ela vem de um convertido real que mostra uma conversão ideal. São Francisco é um convertido e nisto se enquadra a sua forte personalidade, pois a sua conversão não é um ardor momentâneo, mas que fez estrada de 1201 até 1226. O texto da Regra Bulada tem muito da espiritualidade e da personalidade de Francisco de Assis. Há uma graça especial, uma causa eminentemente teológica que vem da inspiração do Evangelho e que deve chegar àquele que vem tomar parte desta vida. “O Ministro o receba benignamente, conforte-o e lhe explique diligentemente em que consiste o nosso gênero de vida”. O Carisma está na origem da espiritualidade que o texto apresenta, mas ultrapassa as palavras da Regra e gera uma profusão de Carismas.</p><p>Toda Regra tem uma natureza ascética e preferencia certas virtudes para serem exercitadas. É preciso sonhar com os pés no chão, exercitando-se; este é o princípio da ascese. O princípio da Regra é nos ajudar a encontrar o nosso chão. Tudo o que me acontece é a Regra me exercitando. Amar o Evangelho, amar a Pobreza, a Vida Fraterna e tantas outras, porque na vida escolhas tem que serem feitas. A Regra primeiro foi vivida de 1209 até 1221, de 1221 a 1223; depois foi escrita. </p><p>O jeito Franciscano é de fazer e depois falar ou escrever. Tudo está em relação à vida vivida. O Evangelho e Francisco estão em cada palavra da Regra. Ela é uma imagem viva, um retrato espiritual, uma índole natural. Tendo isto presente é fácil construir um caminho de espiritualidade. Ao ditar a Regra para Frei Leão, Francisco não fala como um homem especulativo, de grandes pesquisas de estudo; mas sim a partir de um home prático, que tendia às obras. O texto da Regra Bulada é vigoroso e afetuoso. O coração e o canônico se encontram.</p><p>A Regra mostra que o amor só se revela amor quando se organiza e se entrega para que tudo e todos vivam a partir desta entrega. Ao estudarmos para compreender a Regra Bulada precisamos nos libertar da concepção de carisma e missão somente voltadas para o juridicismo. Às vezes, corre-se o risco de querer a tradição como tradicionalismo. Tradição é transmissão de uma grande experiência que atravessa séculos e está intimamente ligada como renovação. Tradicionalismo é estagnação. Tradição é nítida, tradicionalismo é confuso e cheio de pendulicários desnecessários. </p><p>O tempo medieval é uma época de coisas nítidas que vêm da nitidez da busca de Deus. Sem nitidez vem o fanatismo religioso. Se não cultivarmos a paixão pela verdade que a Regra propõe, facilmente caímos nos moralismos ou dogmatismos que não leva para muito longe. Precisamos despertar a beleza da Regra a uma grande tradição. A Fraternidade originária não faz um grupo a partir de interpretações pessoais, mas sim pela convocação de um viver inspirado e exigente. A Regra propõe um estilo de vida simples e sem sofisticação, com repetições feitas com generosidade em que se acredita, cada dia, numa novidade originária.</p><p>Francisco de Assis é um perseguido da Graça que invade sua vontade e os fatos de sua vida. Lê os sonhos e os escreve. Seu encontro de conversão não é só feito de momentos carismáticos, mas de abraço real na realidade. Flui na Regra a aproximação com os leprosos, com o Evangelho, com os primeiros irmãos, com o Crucifixo, com o cristocentrismo da experiência, com o fazer penitência. Ensinamento do Senhor é a base de todos os ensinamentos.</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-13966205749003903352023-09-21T08:30:00.014-03:002023-11-03T11:14:36.169-03:00800 ANOS DA REGRA BULADA – A REGRA E VIDA É ESTA: VIVER O EVANGELHO - III<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXOpet12KRUSjPDnPkHpI76rOlNXqiIZL1vwbasWIJIGcLjYUXDWCmQE5KZ4gJNLbpezqx63Q6-Z4FqNZyTlhpYloN2shRJU_TBNTGhMjtbztVQEwQJtNDSQ8P4A3s1D4VN7On6lGtYnBGU75X7cwGynB8RPBWEatHRKeEMBlTCxSGegriJvGkf3giMhqe/s1280/blog_vitorio_21.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXOpet12KRUSjPDnPkHpI76rOlNXqiIZL1vwbasWIJIGcLjYUXDWCmQE5KZ4gJNLbpezqx63Q6-Z4FqNZyTlhpYloN2shRJU_TBNTGhMjtbztVQEwQJtNDSQ8P4A3s1D4VN7On6lGtYnBGU75X7cwGynB8RPBWEatHRKeEMBlTCxSGegriJvGkf3giMhqe/s16000/blog_vitorio_21.jpg" /></a></div><br /><p></p><p>O biógrafo Tomás de Celano afirma que São Francisco “tinha um zelo muito ardente pela profissão e pela Regra, e deu uma bênção especial para os que eram zelosos por ela. Pois dizia aos seus que a Regra era o livro da vida, a esperança de salvação, a medula do Evangelho, o caminho da perfeição, a chave do paraíso, o pacto da eterna aliança” (2Cel. 208).</p><p>Também é muito expressivo o texto da Legenda Espelho da Perfeição: “Perfeito zelador da observância do Santo Evangelho, São Francisco desejava ardorosamente que todos observassem nossa Regra que, no seu entender, era o livro da vida, a medula do Evangelho, e concedeu uma bênção especial aos que a cumprissem fielmente. Dizia com efeito, a seus discípulos que a Regra que professamos é o livro da vida, a esperança da salvação, a escada da glória, a medula do Evangelho, a senda da cruz, o estado da perfeição, a chave do paraíso e o pacto da eterna aliança. Desejava que a compreendessem e a conhecessem e que nas conversações discutissem sobre ela, a fim de reanimar os desencorajados, e que para trazer à memória os votos proferidos meditasse cada um sobre ela, atenta e frequentemente. Ensinou também que a tivessem sempre diante dos olhos como testemunho da vida que deviam levar e de sua observância. Mais ainda, ensinava e aconselhava sus frades a conservarem consigo até a morte” (EP 76).</p><p>Nestes textos acima temos a definição do significado da Regra a partir das palavras inspiracionais das Fontes Franciscanas. E esta Regra Franciscana, tal como como foi escrita, é a última das quatro grandes Regras das importantes famílias religiosas: Basiliana, Agostiniana, Beneditina e Franciscana. É como a última pedra da construção sobre um modo muito específico de viver no mundo com solidez, com alicerce, com segurança.</p><p>Francisco diz que aos que quiserem abraçar esta vida, podem professar e observar a Vida e a Regra. Ele fala na investidura do hábito, no tempo da provação, “panos da prova” como sinal de comprometimento: “E terminado o de provação, sejam recebidos à obediência, prometendo observar sempre a Vida e Regra” (RB II).</p><p>Quando estudamos, celebramos e fazemos a nossa imersão no conhecimento da Regra Bulada, sabemos que estamos numa Fonte que vai inspirar tantas Formas de Vida de todos os ramos que nascem do único tronco. A seiva desta árvore fecunda e frondosa é o Evangelho, como se Jesus Cristo tomasse partido de Francisco e reivindicasse para si a origem da Regra. Quem não percebe isto está fora. A Regra não se perdeu, mas muitos se perderam da Regra. Ela vem da revelação divina. Escrita na montanha onde está o êremo de Fonte Colombo é como se um novo Sinai simbólico nos mostrasse um novo Moisés mostrando a Lei. Não se muda o que Deus inspira, mas encontra-se diversos modos de adequar o fundamento da Regra.</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p><i>Imagem ilustrativa: Giotto - São Francisco Pregando a Honório III (wikipedia, domínio público)</i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-47290164456635712932023-08-23T11:12:00.009-03:002023-11-03T11:14:50.178-03:00800 ANOS DA REGRA BULADA - A REGRA E VIDA É ESTA: VIVER O EVANGELHO - II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGw-PHcK2N4uQuawSdv7fkBTS-KJPemf_6zO5W_irAreUhktem6Itze46yM5bzrT_sTxPrgYMnkAVisD_pRE-fOGPfT7_GwTDGtNRcSrHws6GPakPVktsvdIHew6klsf7g6AlRy3puUX389ip8keprRLZ3mZCSqpYOMJi_t7OQeEu4n37AAE1edscRHgpd/s1280/regra_23.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGw-PHcK2N4uQuawSdv7fkBTS-KJPemf_6zO5W_irAreUhktem6Itze46yM5bzrT_sTxPrgYMnkAVisD_pRE-fOGPfT7_GwTDGtNRcSrHws6GPakPVktsvdIHew6klsf7g6AlRy3puUX389ip8keprRLZ3mZCSqpYOMJi_t7OQeEu4n37AAE1edscRHgpd/s16000/regra_23.jpg" /></a></div><br /><p> A Regra... O que é a Regra? É o que mede como uma régua, a medida exata; a regência. Não é uma imposição, mas a maturidade da própria vontade que assumimos. Regra organiza um potencial de amor. Quem tem Regra tem nas mãos e no coração uma força. É como montar um cavalo fogoso e saber conduzi-lo com rédeas de afeto; uma energia bem dirigida e não desbaratada. A Regra é a força de uma Vida sob o dinamismo de uma ordem. A Regra Bulada contém a evangelidade, a eclesialidade, a irmandade, a minoridade, a missionariedade, a liberdade, a apostolicidade e o discipulado. Ninguém conquista de graça a Vida, mas com a Graça contida na Regra que traz o Espírito do Senhor e o seu Santo modo de operar. Por isso a Regra, há oito séculos, criou e continua criando um grupo vigoroso de pessoas.</p><p>A Vida e a Regra é esta: viver o Evangelho. O Evangelho... O que é o Evangelho? É o encontro com a Palavra, é a Regra do Reino de Deus, a utopia realizada de Nossos Senhor Jesus Cristo. É pensar como Jesus pensava, praticar o que Ele praticava. É nunca perder a memória que existe Deus encarnado em mim. É acolher progressivamente Deus vivendo na terra com um itinerário vivo. A maneira de viver de Jesus não é neutra, mas um posicionamento. É preciso coragem para ser Evangelho, ser Boa Nova para levar a Boa Nova.</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><div><br /></div>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-34943207630455859642023-07-04T10:19:00.008-03:002023-11-03T11:14:01.464-03:00800 ANOS DA REGRA BULADA - A REGRA E VIDA É ESTA: VIVER O EVANGELHO - I<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp6a4M1fRnm0H3GUZg-X2tJ1-ky41ekpT4XtV1ZQiQ31vEsC84ooLf3gsOHgEQGJzf_ZG0q6SMK_gFwdIUP85vHPxF1xb0byBkK74zgPsJFI-Mven06zWSYb-5LNBgxYqoLB3L5YZEvRqfav-vplrzxX5dUrPJHU3hgI0_ygvf0ls8kZI455NUox_cGsN1/s1280/blog_carisma_0407.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp6a4M1fRnm0H3GUZg-X2tJ1-ky41ekpT4XtV1ZQiQ31vEsC84ooLf3gsOHgEQGJzf_ZG0q6SMK_gFwdIUP85vHPxF1xb0byBkK74zgPsJFI-Mven06zWSYb-5LNBgxYqoLB3L5YZEvRqfav-vplrzxX5dUrPJHU3hgI0_ygvf0ls8kZI455NUox_cGsN1/s16000/blog_carisma_0407.jpg" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mais uma vez estamos
em ano jubilar: em 1223, a Bula Papal aprova a Regra Bulada, e o ano 2023
celebra este texto definitivo e orientativo para todas as vertentes do
franciscanismo. Uma frondosa árvore com múltiplas raízes nasce e cresce desta
Fonte. Incontáveis grupos descobrem a partir da Regra Bulada o rumo para seu
caminho. Grupos que tem afinidade comum, espírito comum, rosto comum e
diferente ao mesmo tempo. Grupos que fazem uma experiência existencial,
espiritual e relacional. As três Ordens, a TOR, as incontáveis Congregações e
Institutos, os Grupos de Simpatizantes do Carisma. O que os identifica é a
vontade apaixonada de, cada vez mais, construir-se e aceitar a convocação
franciscana que é sempre o reconstruir-se com ternura e vigor. Ternura porque
aprendem a se amar de modo natural e fraterno. Vigor porque a Regra traz um
alento de forças, um acréscimo de inspiração e energia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A Regra Bulada é fonte de Espiritualidade porque é união de
vidas segundo o Espírito, porque é proposta da busca de ser melhor e mais
evoluído a partir do momento que se abraça uma forma de vida, um caminho de
interioridade e fraternidade, a pedra angular da reconstrução. Espiritualidade
é caminho feito com passos de fé acreditando em algo grandioso. Uma Regra
Franciscana porque, neste caminho se refaz os passos e a inspiração de um
convertido. A conversão de Francisco não é um ardor momentâneo, mas um modo de
ser que atravessa oito séculos. Os que seguem estes passos são perseguidos pela
Graça; e ajudados pela intuição franciscana, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>organizam-se para construir uma nova
humanidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A Vida e a Regra. A Vida...o que é a Vida? Não sabemos dizer
com palavras, mas, no entanto, vivemos a Vida, estamos imersos nela. Às vezes
articulamos a vida a partir das coisas materiais, e aí não temos respostas,
como Francisco de Assis não as teve. Mas há algo mais que dá sentido a vida.
Ela está presente em tudo o que somos e fazemos. Ela é a força concreta que
tudo movimenta. Vida é a história respirada, inspirada e expirada de cada
pessoa. Uma concreção de vivências e acontecências. A vida é espontânea, livre
e sem medidas, mas precisa de um mínimo de instituição.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i>CONTINUA</i></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i>Imagem: Giotto, Confirmação da Regra Franciscana, cena da Vida de São Francisco, c. 1317-1321, afresco. Florença, Santa Croce, transepto sul, Capela Bardi</i></span></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-65432983115454057972023-06-20T13:54:00.004-03:002023-06-21T07:09:46.509-03:00FRANCISCO DE ASSIS E A ENCARNAÇÃO: DE GRECCIO PARA TODOS OS CANTOS DO MUNDO – FINAL<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijRutcVo0-s5Zu0AMUwWnHx4Mj2IjOpKg7XXFzq6oMkujqoa0NKfbfYFwM8-_q_ZawCLe8URij1BCV3xnLJae5adEYb7XdjKIbgGS_2C9OWYoQ6mQsPFsxZo7ilm7VXs3_qcghIeP7-esjyCfrhlvM9L5QdNUzkr9w2TwrL7YT5rjUstx4FLX7c7RLlh0D/s1280/blog_vitorio_pres.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijRutcVo0-s5Zu0AMUwWnHx4Mj2IjOpKg7XXFzq6oMkujqoa0NKfbfYFwM8-_q_ZawCLe8URij1BCV3xnLJae5adEYb7XdjKIbgGS_2C9OWYoQ6mQsPFsxZo7ilm7VXs3_qcghIeP7-esjyCfrhlvM9L5QdNUzkr9w2TwrL7YT5rjUstx4FLX7c7RLlh0D/s16000/blog_vitorio_pres.jpg" /></a></div><br /><p></p><p>A partir de Francisco de Assis espalhou-se pelo mundo o costume de representar o nascimento de Jesus com imagens ou similares, recriando todos os protagonistas do momento originante da Encarnação. Da paisagem da Palestina e em todas as paisagens típicas do mundo, o Presépio encontra o seu jeito. A Encarnação atravessa fronteiras e se faz culto e cultura. Passa a ser feito com carinho porque não é uma representação qualquer, apenas decorativa, mas é como se fosse um altar de reverência onde fé e arte se encontram.</p><p>Em Firenze, Itália, temos um quadro de 1275, pintado por Barone Berlinghieri, que mostra a cena de Greccio feita por São Francisco. Em 1300, Giotto faz o seu famoso afresco que está na Basílica Superior, de São Francisco, em Assis, mostrando o Presépio de Greccio <i>(imagem acima)</i>. Os artistas mostram e retratam o que Francisco de Assis quis revelar. Os escritores e historiadores fazem um certo silêncio. Santa Clara tem uma visão na noite de Natal de 12, narrada na Legenda de Santa Clara, 29. Estava doente e queria estar celebrando o Natal na Porciúncula junto com Francisco e seus irmãos. Não podendo ir, viu o Presépio de Belém presente na celebração. E tem o Presépio que fazemos todos os anos em nossas casas e comunidades dando continuidade a este mundo de representações e significados.</p><p>Sem dúvida, a partir de São Francisco de Assis, o Presépio passa a ser a mais expressiva devoção popular. Ele traz o Evangelho não apenas para ser lido, mas visto; constrói um clima necessário para celebrar o Natal com fé pura e plena de ternura. Da Gruta de Belém para a gruta de Greccio e daí para a gruta do nosso coração. O que São Francisco fez foi inventar um jeito do Menino Jesus encontrar colo em nosso colo, ser silêncio contemplativo em nosso olhar extasiado diante do Presépio que mostra, fala e reflete este modo de Deus fazer morada em nossa casa. Em Greccio, Francisco responde mais uma vez a convocação: “Reconstrói a minha casa!”.</p><p><br /></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-53146951298526888652023-05-05T07:33:00.000-03:002023-05-05T07:33:20.892-03:00Francisco de Assis e a Encarnação – De Greccio para todos os cantos do mundo – 9<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSPJfGpi2V2jHnJxGn1O4blVZBYem7rF8JlcOR0rP_F-NHNrsoR4UZd7S8jE3qdPlou49_we1_7hEb-O7YrPqTT-LlfOZnA5AopS3AsVqPDy3j5q6dcPvC-QDwt_fSeGF7KexOXZJWWigPioKo1hBtRAQ8M9Fi_lbwcK9OXbLEnPwV-XBL_q59kUEcQw/s1280/blog_05.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSPJfGpi2V2jHnJxGn1O4blVZBYem7rF8JlcOR0rP_F-NHNrsoR4UZd7S8jE3qdPlou49_we1_7hEb-O7YrPqTT-LlfOZnA5AopS3AsVqPDy3j5q6dcPvC-QDwt_fSeGF7KexOXZJWWigPioKo1hBtRAQ8M9Fi_lbwcK9OXbLEnPwV-XBL_q59kUEcQw/s16000/blog_05.jpg" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-size: 12pt;">Em Greccio não havia o fausto das catedrais e das abadias,
onde normalmente eram celebradas as representações sacras. Não havia atores nem
textos a serem recitados. Não havia a coreografia das grandes cerimônias
pontifícias, que orientavam as celebrações do Ofício litúrgico, dentro do qual
estava inserida a sacra representação. Em Greccio havia somente uma gruta
verdadeira, natural, cavada na rocha, capaz de acolher somente o celebrante e
uns poucos assistentes sacros, além de dois animais junto à
manjedoura-presépio.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Os frades, vindo dos conventos vizinhos, estavam do lado de
fora, rezando, cantando com o povo em meio a grande júbilo, iluminados pela
claridade dos archotes, mas sem ler as palavras sagradas da liturgia e as notas
dos cânticos sacros porque não tinham breviários, antifonários ou outros
livros. Somente o ardor da fé e do amor os aquecia naquela noite gélida. O que
distingue certamente a celebração natalina de Greccio das outras celebrações
natalinas em uso nas catedrais e nas abadias foi precisamente o fato de não ter
sido uma representação sacra, mas pura celebração de fé e de amor” (Van Hulst,
Cesarius, Dicionário Franciscano, p. 471). Aqui está a originalidade de
Francisco de Assis!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Não podemos esquecer que Francisco de Assis foi em
peregrinação a Terra Santa, em 1219, e como todo peregrino foi a Belém. Ali,
provavelmente, nasceu a ideia de transformar um eremitério franciscano numa
nova Belém. Normalmente se espalham cruzes para lembrar o Calvário. Francisco
espalha manjedoura. Em 1223, Francisco de Assis está em Roma para obter a
aprovação, através de uma Bula, da sua Regra. Certamente foi a Santa Maria dos
Anjos, onde existe uma imitação da gruta de Belém, onde o Papa celebrava a
missa de Natal. Francisco não copiava, mas ampliava o que via e vivia. Logo
depois da estadia em Roma, ele pede ao seu amigo João Velita o lugar e as
possibilidades de fazer o Presépio de Greccio. Tudo feito sem grandes barulhos,
mas no silêncio e a partir de um pequeno espaço a expressão de um grande
significado. Aqui está a originalidade de Francisco de Assis!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Reunir personagens da ancestralidade familiar, pastoril,
animal, vegetal, sideral é visualizar as relações que sustentam a história do
Reino de Deus se instalando no mundo. O Presépio é experiência existencial e
rito, é o lugar privilegiado de fazer o Evangelho personificar-se na sua
origem; é comunhão universal onde tudo se irmaniza. É a Palavra da alegria e do
encontro; é um fato sem muitas cerimônias, é uma crônica revelada sem palavras,
mas gravada no olhar. O Presépio é mais do que o material. É um quadro de paz,
sem conflitividade e sem rótulos. Um silêncio que proclama e uma Palavra que é
referência a partir da força simbólica. Aqui está a originalidade de Francisco
de Assis!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><i>CONTINUA</i></p><p class="MsoNormal" style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p class="MsoNormal" style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><i>Imagem ilustrativa: Presépio de Frei Pedro Pinheiro, em Bragança Paulista, 2008</i> </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p> </o:p></b></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-78838079132543324982023-04-27T12:48:00.002-03:002023-04-27T12:48:34.244-03:00Francisco de Assis e a Encarnação – De Greccio para todos os cantos do mundo – 8<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp98JMVKEdPl5nz5aCwD5VuF9_ICa-PvnFQmLTL9Zsj63czYPFzgpKTkgRsbcLMlGyiXWnC3KLxYBA4XyoaT80odLDm9zuxOfUPDKPhaPsmgKqbQleWgk641TmAh1HKfTomkGiJsZYw2io9qSL2N6ISe3FLOF9mAgW0T1N-H5B9osH6gKBc5diM3JpXA/s1280/blog_27.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp98JMVKEdPl5nz5aCwD5VuF9_ICa-PvnFQmLTL9Zsj63czYPFzgpKTkgRsbcLMlGyiXWnC3KLxYBA4XyoaT80odLDm9zuxOfUPDKPhaPsmgKqbQleWgk641TmAh1HKfTomkGiJsZYw2io9qSL2N6ISe3FLOF9mAgW0T1N-H5B9osH6gKBc5diM3JpXA/s16000/blog_27.jpg" /></a><br /><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-size: 12pt;">A comparação entre Belém e o altar eucarístico ocorre em
vários autores do século XII, como por exemplo, Honório de Autun, Hugo São
Vitor, São Bernardo de Claraval, Zacarias Crisopolitano, Guarniero de
Rochefert, Guerrico d’Igny. Num sermão de Natal, Guerrico diz: “Irmãos, também
vocês encontrarão hoje um Menino envolto em faixas e colocado no Presépio do
Altar”. E Pedro de Blois, quase contemporâneo de São Francisco, usa
praticamente as mesmas palavras: “Irmãos, mesmo que vocês não sejam pastores,
assim mesmo verão hoje o nosso pequenino, que muitos reis e muitos profetas
quiseram ver; vão vê-Lo colocado no Presépio do Altar, não numa aparência de
glória, mas envolto em faixas”. A ideia eucarística do Presépio é comum a
escritores dos séculos XII e XIII e foi retomada por artistas, miniaturistas,
escultores e pintores. A originalidade de São Francisco de Assis está em
conseguir traduzir em formas plásticas, simples e realistas, ao alcance de
todos, a atualização do mistério do nascimento histórico no mistério
eucarístico.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Francisco foi original na representação da Natividade do
Menino Deus? Existiam já algumas representações dramatizadas para a liturgia do
nascimento do Senhor; mas que destacam também a adoração dos pastores e dos
Reis Magos, mas também colocavam em evidência a matança dos Inocentes pelo rei
Herodes. Isto já acontecia no século X; mas a representação era exclusiva para
atores clérigos sem a participação de mulheres. Eram celebrações luxuosas e
extremamente solenizadas. Em 1161, Gerhoh de Reichersberg, investiu contra este
costume argumentando que era uma dessacralização do texto evangélico. O monge
teve apoio da eclesiologia da época pois não podia se aceitar que homens representassem
figura de mulheres. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Diz Cesarius Van Hulst no Dicionário Franciscano: “A
celebração natalina de Greccio como nos é relatada pelo testemunho histórico
mais antigo e mais consistente, isto é, o de Celano, parece não ter nada ou
quase nada, de ligação com as representações sacras acima equivocadas. Sem
levar em conta o fato que, na Itália, salvo em algumas cidades do norte, estas
representações sacras eram quase que desconhecidas; a celebração de Greccio se
distancia enormemente de tais representações pela simplicidade de seu estilo,
pobreza dos meios e pureza da fé. Assim, ela não pode ser comparada de modo
algum a esses dramas litúrgicos exagerados, pomposos, enfáticos, e algumas
vezes, caricaturais. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i style="font-family: Lora, serif; font-size: 16px;">CONTINUA</i></p><p class="MsoNormal" style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></p><p class="MsoNormal" style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px; text-align: justify;"><i>Imagem ilustrativa: Presépio de Frei Pedro Pinheiro, em Bragança Paulista, 2008</i> </p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-75158628648645111672023-04-20T09:06:00.007-03:002023-04-20T09:11:10.619-03:00 Francisco de Assis e a Encarnação – De Greccio para todos os cantos do mundo – 7<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzUQ5wEAg6hMG5ML0WQb_IxQAQ_ld9bbzmhg69ZQi0PChRUo7BkYet1oaxQNyy3gORrJr8MaO1DXKXzbEeeOOsKXgw5dXiA8-xgOGM3REZFI2S03ud6dEBS6mccCp8ZBG7q03G8cYYnas67-PyzvpEFFNPRPhTFB02ltMMrbWuyAINSaVcnZXWrgbMPw/s1280/blog_20.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzUQ5wEAg6hMG5ML0WQb_IxQAQ_ld9bbzmhg69ZQi0PChRUo7BkYet1oaxQNyy3gORrJr8MaO1DXKXzbEeeOOsKXgw5dXiA8-xgOGM3REZFI2S03ud6dEBS6mccCp8ZBG7q03G8cYYnas67-PyzvpEFFNPRPhTFB02ltMMrbWuyAINSaVcnZXWrgbMPw/s16000/blog_20.jpg" /></a></p><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">Nas Admoestações, diz Francisco: “Eis que diariamente ele se
humilha como quando veio do trone real ao útero da Virgem, diariamente ele vem
a nós em aparência humilde; diariamente ele desce do seio do Pai sobre o altar
nas mãos do sacerdote. E assim como ele se manifestou aos santos apóstolos na
verdadeira carne, do mesmo modo ele se manifesta a nós no pão sagrado. E assim
como eles com a visão de seu corpo só viam a carne dele, mas contemplando-o com
olhos espirituais criam que ele é Deus, do mesmo modo também nós, vendo o pão e
o vinho com os olhos do corpo, vejamos e criamos firmemente que é vivo e
verdadeiro o seu santíssimo corpo e sangue. E, desta maneira, o Senhor está
sempre com seus fiéis, como ele mesmo diz: </span><i style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-style: normal;">Eis
que estou convosco até o fim dos tempos” </i><span style="font-size: 12pt;">(Adm 1, 16-22).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">Essa aproximação tão evidente que Francisco faz do Presépio
com a Eucaristia vem dos relatos de Greccio, desde a visão que João Velita tem,
quando Menino Deus aparece para ele dormindo e despertando de um sono profundo
e acordado por Francisco como a ressurreição acontecendo naquele bosque e se
atualizando em todos os altares em cada celebração. O Presépio e a Eucaristia acendem
a chama da presença. Não qualquer presença, mas aquela que aviva o mais
familiar. José e Maria representam o mais profundo da maternidade e
paternidade, o boi e o burro o jeito do mundo animal ativar afetos. A criança
eterna provoca o melhor do humano e o melhor de Deus; na Eucaristia a
manjedoura é o altar, berço da mais expressiva celebração; o pão e o vinho originam
a ancestralidade do alimento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">O Presépio é uma liturgia perene e a liturgia iniciada por
Francisco de Assis aproxima Greccio e Belém. É encontro, aproximação, oferenda,
louvor e beleza. Belém significa a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">casa
do pão</i>. Greccio encena e visualiza o pão vivo descido do céu, o pão da
vida.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Dicionário Franciscano lembra, a
partir do evangelho de Lucas: “Posto no Presépio, isto é, o corpo de Cristo
sobre o altar”. Aelred de Rivaux (abade cisterciense do século XII) escreve:” O
Presépio em Belém, o altar na Igreja. Não temos nenhum sinal tão grande e
evidente do nascimento de Cristo, como o corpo e sangue d’Ele, que consumimos
todos no santo altar. E aquele que uma vez nasceu da Virgem, O vemos todos os
dias imolado por nós. Por isso, irmãos, corramos depressa ao Presépio do
Senhor”. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>CONTINUA</i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>Imagem ilustrativa: Presépio de Frei Pedro Pinheiro, em Bragança Paulista, 2008</i> </p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-78708730740417457632023-03-24T09:05:00.004-03:002023-03-24T09:06:26.367-03:00FRANCISCO DE ASSIS E A ENCARNAÇÃO – DE GRECCIO PARA TODOS OS CANTOS DO MUNDO - 6<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo4CuW4lExFBJl3OReVcsTMdQmZOqSC8_4nrhft-SZbmfvaUt7W3m18RwJ53vj0aXHT9L0X4b5BRcvl-PiNnui5wgoOBOe4mlCzw6tDeo9qFBHpWK8-SuL9wfMmAwhYIgjwj5XQFVgGRQDo8QI5Y9dEffZfjePg6HmcYUWtSPDrCaKj_rkfvy05hOA1g/s1280/blog_24.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo4CuW4lExFBJl3OReVcsTMdQmZOqSC8_4nrhft-SZbmfvaUt7W3m18RwJ53vj0aXHT9L0X4b5BRcvl-PiNnui5wgoOBOe4mlCzw6tDeo9qFBHpWK8-SuL9wfMmAwhYIgjwj5XQFVgGRQDo8QI5Y9dEffZfjePg6HmcYUWtSPDrCaKj_rkfvy05hOA1g/s16000/blog_24.jpg" /></a></p><p>Para Francisco de Assis, todo lugar é lugar de uma grande revelação. O Presépio é uma pregação por si só. É achar o lugar certo e ir para muitos lugares: igrejas, conventos, casas particulares e logradouros públicos. O Evangelho é vivo no seu modo vivaz de mostrar como Deus veio habitar entre nós. O biógrafo Tomas de Celano, que faz a melhor narrativa do modo como Francisco preparou o Presépio, certamente esteve presente naquele momento em Greccio. Ele descreve de um modo preciso, vivaz, terno e eloquente. Arrumar uma gruta em meio à floresta e transformar o local no estábulo de Belém foi uma missa de Natal por demais expressiva. O Papa autorizou a novidade celebrativa: “E para que isto não pudesse ser tachado como novidade, tendo pedido e obtido a licença do sumo pontífice, mandou que fosse preparado o Presépio” (LM X,7). </p><p> No verbete do Dicionário Franciscano temos um detalhe interessante: “De fato, essa permissão especial do Papa era necessária, porque Inocêncio III, em 1207, numa carta ao arcebispo de Gnesa, na Polônia, havia proibido certos excessos do clero nas dramatizações litúrgicas de Natal. Havia uma circunstância especial na missa de Greccio, visto que ela seria celebrada numa gruta fora do convento, um pouco afastada do lugar onde moravam os frades; e só aí era permitido celebrar. A permissão pontifícia era também uma boa medida cautelar nos confrontos de eventuais contestações de direito da parte do clero local. Certamente não era próprio de Francisco o embaraçar-se em obstáculos jurídicos. A ele só interessava pôr em prática a sua visão interior em forma dramatizada. O que Francisco queria ver era a pobreza máxima e a extrema humilhação do Filho de Deus nascido em Belém e, ao mesmo tempo, a ligação entre a vinda de Jesus no Presépio e a vinda sacramental no altar eucarístico. Esta é certamente a interpretação mais apropriada do Natal de Greccio, não ó seu duplo aspecto cênico-pedagógico, espontâneo e tradicional, criativo e surpreendente, simbolizando no seu valor histórico (nascimento) e sacramental(eucaristia) com a manjedoura feita altar” (<i>Van Hulst, Cesário, Dicionário Franciscano, Natal, natividade, Greccio, Presépio – Verbete</i>, Vozes-Cefepal, Petrópolis, 1993, p. 468-475)</p><p><i><b>CONTINUA</b></i></p><p><b><i>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</i></b></p><p><i>Imagem ilustrativa: Gerard Seghers, "Santa Clara e São Francisco em adoração diante do Menino Jesus (1591–1651), Wikipédia (domínio público) </i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-31730334076590429222023-03-16T13:10:00.007-03:002023-03-16T13:13:56.833-03:00 FRANCISCO DE ASSIS E A ENCARNAÇÃO – DE GRECCIO PARA TODOS OS CANTOS DO MUNDO - 5<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifpo-ZYH3CzLD8HM5_TMJkXPuFtq5gZC6UEQCBoWp75Tg8_ucLb1WikSdUOvReXNG2Pa7SnI1uISV35MEN8y5dl9FfA1PPWVuX6clJg1WvP6dI5AmVQ1WyA0X5DsFw4aWiKpbBTfcX23hxy4DUKer6fBwB9iczPg59pkpv9TYFGNtrsjPyh3Mi3Cgevg/s1280/blog_alto.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifpo-ZYH3CzLD8HM5_TMJkXPuFtq5gZC6UEQCBoWp75Tg8_ucLb1WikSdUOvReXNG2Pa7SnI1uISV35MEN8y5dl9FfA1PPWVuX6clJg1WvP6dI5AmVQ1WyA0X5DsFw4aWiKpbBTfcX23hxy4DUKer6fBwB9iczPg59pkpv9TYFGNtrsjPyh3Mi3Cgevg/s16000/blog_alto.jpg" /></a></p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><p><b>“Um dia São Francisco</b></p><p><b>Inventou o Presépio</b></p><p><b>Foi assim que o quis</b></p><p><b>O Pobre de Assis:</b></p><p><b>Lapinha de nada,</b></p><p><b>A Mãe ajoelhada,</b></p><p><b>O Pai de vigia,</b></p><p><b>Os Anjos voando,</b></p><p><b>Os homens cantando, A Vaca e o Burrinho,</b></p><p><b>Tudo igualzinho</b></p><p><b>Como em Belém...”</b></p><p><b>(Dom Marcos Barbosa)</b></p></blockquote></blockquote><p>Como sabemos pelas Fontes Franciscanas, Francisco amava demais o Natal mais do que todas as Festas (2Cel199). Um grande Amor traz sempre para perto do coração e dos olhos. Junto a este Amor está seu Amor à Mãe Divina: “E rendemos-vos graças, porque, como por vosso Filho nos criastes, do mesmo modo, pelo santo Amor com que nos amastes, o fizestes nascer como verdadeiro Deus e verdadeiro homem da gloriosa sempre Virgem, a beatíssima Santa Maria” (RnB 23,3). Temos também na Carta aos Fiéis: “Esta Palavra do Pai tão digna, tão santa e gloriosa, o altíssimo Pai a enviou do céu por meio de seu santo anjo Gabriel ao útero da santa e gloriosa Virgem Maria, de cujo útero recebeu a verdadeira carne da nossa humanidade e fragilidade. Ele, sendo rico de todas as coisas, quis neste mundo, com a beatíssima Virgem, sua Mãe, escolher a pobreza” (2Fi 4-5). </p><p>Ao criar o Presépio, Francisco de Assis une o que está no seu coração e o que está nas realidades físicas e nas celebrações. Aproxima a Natividade da Eucaristia, um encontro diário de carne e espírito, a matéria totalmente transformada: “Eis que diariamente Ele se humilha, como quando veio do trono real ao útero da Virgem; diariamente Ele desce do seio do Pai sobre o altar nas mãos do sacerdote” (Adm 1, 16-18). Presépio e Eucaristia são presenças reais. Embora a Eucaristia e Paixão sejam as maiores evocações de presença salvífica, Francisco começa argumentar pela Encarnação, como diz na Compilação de Assis: “Pois o bem-aventurado Francisco tinha mais reverência pelo Natal do que por nenhuma outra solenidade do Senhor, porque, embora em outras solenidades o Senhor tenha operado a nossa Salvação, todavia por ter nascido para nós, como dizia o bem-aventurado Francisco, era necessário que fôssemos salvos. Por esta razão, queria que nesse dia todo cristão exultasse no Senhor, e, por amor daquele que se entregou a si mesmo, todo homem fosse generoso com alegria não somente para com os pobres, mas também para com os animais e as aves” (CA 14,7-8).</p><p>Pela representação do Presépio, Francisco cria um lugar para ser o memorial da Encarnação. Cena viva. Greccio é um espaço memorial. A Encarnação leva a conversão. O Presépio representa uma postura de vida que não fica indiferente. Gera convertidos. Olhar o Presépio é mudar algo dentro de si. O lugar evoca transformações: “Vendo, pois, o bem-aventurado Francisco que aquele eremitério dos irmãos em Greccio era honesto e pobre e que os homens daquela vila, embora fossem pobrezinhos e simples, agradaram mais ao bem-aventurado Francisco que outros daquela província, por isso, muitas vezes descansava e morava nesse eremitério, mormente porque havia lá uma cela pobrezinha que era muito afastada, na qual o santo pai ficava. Por isso, pelo exemplo e pregação sua e de seus irmãos, muitos deles entraram na religião com a graça do Senhor, muitas mulheres conservavam sua virgindade, permanecendo em suas casas, vestidas com vestes religiosas. E, embora cada uma permanecesse em sua casa, vivia honestamente em vida comum e afligia seu corpo com jejum e oração, de maneira que o modo de vida delas parecia aos homens e aos irmãos não ser um modo de vida entre os seculares e seus consanguíneos, mas entre pessoas santas e religiosas que por longo tempo haviam servido ao Senhor, ainda que fossem jovens e muito simples. Por isso, muitas vezes o bem-aventurado Francisco dizia com alegria entre os irmãos sobre os homens e mulheres daquela vila” De uma cidade grande não se converteram tantos à penitência quantos de Greccio, que é uma vila tão pequena” (CA 7425-29).</p><p><i><b>CONTINUA</b></i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p><b>Imagem ilustrativa</b>: <i> A Virgem Maria e o Menino Jeus, São Francisco e aos anjos, Cimabue (1240–1302) Wikipédia (domínio público) </i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-82479632091934263662023-02-15T13:28:00.000-03:002023-02-15T13:28:06.958-03:00Francisco de Assis e a Encarnação – De Greccio para todos os cantos do mundo – 4<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDFXSICo6ziMfb7ajghgSy6QrxlAskuBmuqUzCBC60B_GuAhb_pumDcqwXSz0ebBE5NzLhX6_KkYk-j5CEpRUSGA1_o3R1oVJO3qyA5DOGpj6oKFaXQvnTbAo4gk9W7k3EXKq_JUmRb_Bm35a1DcsPrCWlwM3Ir29jjl-UKM8M6mr38xALOQ9ZUmmJCg/s1280/blog_15.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDFXSICo6ziMfb7ajghgSy6QrxlAskuBmuqUzCBC60B_GuAhb_pumDcqwXSz0ebBE5NzLhX6_KkYk-j5CEpRUSGA1_o3R1oVJO3qyA5DOGpj6oKFaXQvnTbAo4gk9W7k3EXKq_JUmRb_Bm35a1DcsPrCWlwM3Ir29jjl-UKM8M6mr38xALOQ9ZUmmJCg/s16000/blog_15.jpg" /></a></div><br /><p> No presépio a Vida se dá como uma bela oferenda: “Tal é o encargo que recebi de Meu Pai: dar a minha vida” (Jo 10,18). “É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida” (Jo 10,17). “Ninguém tira a minha vida, mas eu a dou por vontade própria” (Jo 10,18). Francisco de Assis começou diante da Cruz de São Damião e vai terminar no presépio de Greccio e nas marcas do Alverne a essência de seu Carisma. Presépio, Eucaristia e Cruz são seus olhos fixos na vida daquele que transplantou para nós a Vida do Pai Celeste. É como diz Santo Agostinho: “A vinda do Filho em nossa carne é um colírio que consegue tornar perceptível aos nossos olhos o que nossos olhos nunca podiam ver”. Francisco de Assis nos ajudou a ver. Todo presépio é um colírio para os nossos olhos. Definitivamente a natureza humana encontra a sua natureza divina. O presépio une toda a humanidade, toda a realidade, toda verdade; ele nos toca e quando o tocamos tudo é divino, tudo é maravilhoso. No presépio todos somos filhos e filhas da mesma família sagrada; é o grande arranjo da filiação. Ele vem experimentar a nossa vida, o nosso nascimento, crescimento, sofrimentos, atividades. O Filho absorveu a nossa vida e nos irmana. Para Francisco o presépio tem jeito de fraternidade porque ser irmãos, irmãs, filhos e filhas é inseparável do ser fraterno. O Amor é impensável sem convivência. Por isso, o presépio é também um grande ensinamento e aprendizado fraterno. O amor mútuo quando se ajunta faz todo dia o amor encarnar-se. Por isso, cada ano podemos guardar o presépio nas caixas, mas ele não se desmonta na alma.</p><p>Nas Fontes Franciscanas temos Tomás de Celano narrando: “Celebrava com inefável alegria, mais que as outras solenidades, o Natal do Menino Jesus, afirmando que é a festa das festas, em que Deus, tornando-se criança pequenina, dependeu de peitos humanos” (1Cel 199). Jesus esteve no colo de sua Mãe e como toda criança mamou com muita receptividade naquela que era a mais pura receptividade da Palavra. Maria é fonte de fé e fidelidade, de leveza interior, de abertura ao Espírito do Senhor. No lar de Nazaré e desde Belém ela é pobre, humilde, pacífica, silenciosa e o encanto da mais expressiva pureza de ser mãe. Ela se esconde e deixa transparecer a presença de Deus. Quando contemplamos Maria, no presépio, temos que nos livrar de tudo o que obstrui em nós a presença da Palavra criadora: autossuficiência, orgulho, arrogância, violência, preconceito, desassossego, intolerância, barulho... Nada disso está em Maria, nela não há nenhuma autoafirmação egoística. </p><p>É isto que a faz Imaculada, isto é, livre de toda mancha de egoísmo que pudesse obscurecer a luz de Deus no seu ser. Repleta de Amor ela pode receber e conceber a Palavra para o mundo. Ofereceu seu ventre para, na mais completa hospitalidade e humildade, o Deus Encarnado fosse fecundado ali. Maria preparou seu ser para que Deus, infinitamente despojado, habitasse numa Mulher infinitamente despojada. Jesus em seu colo experimenta o que diz Santo Agostinho: “Ela amamentava com leite o nosso Pão”. Por isso, São Francisco, na Saudação à Mãe de Deus, diz: “Ave, palácio do Senhor! Ave, tabernáculo do Senhor! Ave, casa do Senhor! Ave, vestimenta do Senhor! Ave, serva do Senhor!”</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p><i>Imagem ilustrativa: A Natividade na Basílica de São Francisco de Assis, Giotto (1266–1337), Wikipédia (domínio público</i>) </p><p><br /></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-7389684274903809112023-01-31T08:38:00.002-03:002023-01-31T08:38:32.943-03:00FRANCISCO DE ASSIS E A ENCARNAÇÃO – DE GRECCIO PARA TODOS OS CANTOS DO MUNDO - 3<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaXz2MGORB4EL6kcsfz0hgmkZ55X2eBSrPkJMNkHQQ6m2tGKtA0acmKbwrc20ERliHpw2nNnqs8PmnRsVaAm97bDI0bgfMMXSh4pH8e5wFEPkAb8ZulA1YVwoHXjf6xKKOZuHbSW7rJJ5BQ6F1BRculU9RsWoLbH086E2hczY6M3isHao-gNXcGgI5Wg/s1280/blog_31.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaXz2MGORB4EL6kcsfz0hgmkZ55X2eBSrPkJMNkHQQ6m2tGKtA0acmKbwrc20ERliHpw2nNnqs8PmnRsVaAm97bDI0bgfMMXSh4pH8e5wFEPkAb8ZulA1YVwoHXjf6xKKOZuHbSW7rJJ5BQ6F1BRculU9RsWoLbH086E2hczY6M3isHao-gNXcGgI5Wg/s16000/blog_31.jpg" /></a></div><br /><p></p><p>Estamos nesta reflexão por causa do Jubileu do primeiro presépio feito por São Francisco em 1223, portanto, 2023, ano celebrativo do evento acontecido naquele bosque próximo a aldeia de Greccio. O que Francisco de Assis realizou ali foi a visualização criativa da narração do Evangelho sobre o nascimento de Jesus, num processo de criação de personagens de um modo criativo, inteligente, piedoso e infinitamente transbordante de mensagens. O presépio não é uma metáfora, é um fato que revela Deus que diz: aqui estou! Não é apenas uma encenação, é uma revelação. </p><p>No presépio a Palavra dá vida a cada criatura e cada criatura se torna palavra viva, brilhando em cada sinal. O presépio passa a ser este sinal inesgotável e cada criatura que ali se apresenta tem a sua plenitude. A Encarnação deixa-se dizer no presépio que passa a ser o próprio reflexo de Deus no mundo sensível. Greccio é celebração de alegria porque o Evangelho da Infância exulta de alegria. Cada detalhe da existência, através da Encarnação se conecta com Deus. A vida de tudo está na Palavra e a Palavra tem que ser mostrada para dizer que tudo tem as marcas do Criador. Para São Francisco não existem apenas as criaturas, mas sim a comunicação que cada criatura é no sentido da Palavra. </p><p>Para Francisco de Assis o presépio resplandece a divindade e a humanidade de Jesus Cristo numa bela teofania, a mais bela de todas, e por isso precisa de homenagem! Fazer presépio é honrar de um modo luminoso a luminosa presença de Senhor em nossa história. Presépio não é ajuntamento de imagens, mas comunhão com Deus por meio da percepção e da gratidão. Se a Palavra se fez criatura, as criaturas se reúnem para proclamar a Palavra que veio ser como nós: pessoa! O presépio é o estar junto, estar em casa, ver, contemplar, viver com e viver por uma causa. Um Reino que abraça o universo a partir de uma manjedoura, um trono simples para um Menino Rei humanizado. Nele a gloria é visível. “Quem me vê, vê o Pai”(Jo 14, 7). </p><p>No presépio a Palavra tem carne de nossa carne e se manifesta na plasticidade da Encarnação que Francisco quis mostrar. A partir de então o presépio mostra a identidade de Jesus que é pura relação. Estar em relação com o Pai, com o Espírito, com todos os seres. Ele é o Pai tornado Ele mesmo em todas as criaturas. A Palavra que começa a ser gerada no princípio está para sempre em toda a eternidade. Palavra vem para o mundo para dar vida ao mundo. No presépio, cada personagem diz que a Palavra vivifica o mundo e se distribui em todos os cantos da vida. </p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO</b></p><p><i>Imagem ilustrativa: Presépio do Convento São Francisco (SP)</i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-41539033723177953862022-12-20T06:57:00.001-03:002022-12-20T06:57:11.759-03:00Francisco de Assis e a Encarnação – De Greccio para todos os cantos do mundo - 2<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi53cBSaOQoScAAZ8eLaxdfqCsAw0DwySTACD6g-bnT4bh0XXwRj0F6mgPZrKeid_UGvjNxHqyChuBJdt2L1FHiss88aI7tYVpDrlUxr846BLoZyCLHULdrXWgmhaLtqI529l0aNE62yAk2rp0IkzU3nLB8-OBeJAQedWHMcjZkBaZen009VDJ90EVbMg/s1280/presepio_20.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi53cBSaOQoScAAZ8eLaxdfqCsAw0DwySTACD6g-bnT4bh0XXwRj0F6mgPZrKeid_UGvjNxHqyChuBJdt2L1FHiss88aI7tYVpDrlUxr846BLoZyCLHULdrXWgmhaLtqI529l0aNE62yAk2rp0IkzU3nLB8-OBeJAQedWHMcjZkBaZen009VDJ90EVbMg/s16000/presepio_20.jpg" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">A Luz que vem do alto entra na poeira da estrada e faz tudo
mais transparente. Às vezes a Palavra pregada, teologada e estudada esconde
demais de um modo opaco, aquilo que pode ser representado em detalhes de vida.
Deus se dá em pedaços de inteireza, porque tem hora que é pão e tem hora que é
versículo; sabe ser migalhas para saciar a fome de muitos; e estas migalhas se
transformam em centelhas da energia divina que trabalha sobre nós e nos recria.
O presépio refaz o Gênesis mostrando como a Palavra faz tudo ser novamente uma
bela, nova e boa notícia.</span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Francisco de
Assis de Assis não conhece Palavra que não seja encontro pessoal. Ele não lê a
Palavra, mas faz um encontro de intensa intimidade; uma união transformadora de
esfregar corpo, mente, alma e coração na Escritura.</span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Aprendeu as perfeições divinas nas perfeições
do natural. Para ele, Deus não é invisível nem imperceptível, pois não dá para
tornar amável o que não se vê.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Para Francisco de Assis, há uma Palavra derramando bondade,
sabedoria, beleza e alegria em cada criatura. Deus é visto, amado, adorado em
tudo o que fez e faz; por isso montar o presépio é para Francisco de
Assis,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ajeitar cada criatura em seu
lugar para dizer da amabilidade de Deus. Para Francisco, o presépio é um sermão
sem palavras, uma pregação silenciosa. Não precisa dizer nada, basta estar ali.
Deus, a humanidade, o universo, as criaturas tudo mais são perfeições que
tornam Deus desejável. Aliás, o presépio é a fala de Deus a clamar: desejei
estar aqui! A sabedoria divina tem seus atalhos e Francisco descobriu as trilhas
sem se perder na floresta do desejo de desejar Deus. O presépio foi um parceiro
de conversa, igual a como e quando conversamos com um fim de tarde na roça. Ou
será uma declaração de amor? Porque não existe declaração de amor que não reúna
tudo o que há debaixo do céu. Para Francisco de Assis, o presépio é uma
declaração de amor encarnada e mostra as possibilidades do amor entrando na
vida por inteiro. É a Palavra que temos que ver, ouvir, sentir e saborear. A
face de Deus está ali num mundo de reflexos para crer e ver, receber a vida
como glória de Deus e paz na terra, cheia de vontade boa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se você vê e ama, não tem como ir embora.
Diante do presépio é melhor permanecer para reviver, tornar-se vivo na mesma
visão beatífica. Nem todos os livros e pregações, nem todas as bibliotecas e
oficinas, nem todos os movimentos espirituais e seus mentores são capazes de
conter e contar a comunicação de Deus do jeito que Francisco conta para nós. No
princípio havia a Palavra; em 1223 havia Greccio, no século XIII e até hoje
existe Francisco mostrando o Natal como nosso eterno presente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i>CONTINUA</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO </b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i>Imagem ilustrativa: Presépio da Exposição Franciscana do
Convento São Francisco (SP)</i><o:p></o:p></span></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-74183273057332967792022-12-13T08:43:00.002-03:002022-12-13T08:43:26.795-03:00Francisco de Assis e a Encarnação – De Greccio para todos os cantos do mundo - 1<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgImXW_VXSxl7RwzGTpAgEFMBohzTT9x3xGaWdyPb6PdQax0EgnOSdKpU8olmsKsCtPKXG6c18S7RsNLCGZG6fA-nQVOSBpkwDeS2T71Tn8baPGUSg4YI9UNbWRduQR-dQeXQFKJKOsi4Jd1FCysTh8CoK8Nfj-xUBq_TI8rvsiIF7rWZ8D3oOq496-Tg/s1280/blog_1312.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgImXW_VXSxl7RwzGTpAgEFMBohzTT9x3xGaWdyPb6PdQax0EgnOSdKpU8olmsKsCtPKXG6c18S7RsNLCGZG6fA-nQVOSBpkwDeS2T71Tn8baPGUSg4YI9UNbWRduQR-dQeXQFKJKOsi4Jd1FCysTh8CoK8Nfj-xUBq_TI8rvsiIF7rWZ8D3oOq496-Tg/s16000/blog_1312.jpg" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Quando lemos os textos das Fontes Franciscanas temos alguns
detalhes de como São Francisco de Assis amava o Natal: “Celebrava com inefável
alegria, mais do que as outras solenidades, o Natal do Menino Jesus, afirmando
que é a festa das festas” (2Cel 199,1). ”(...)No terceiro ano antes de sua
morte, na aldeia de Greccio, que ele decidiu celebrar a memória do nascimento
do Menino Jesus com a maior solenidade que pudesse para reavivar a devoção” (LM
10,7). “Pois o bem-aventurado Francisco tinha mais reverência pelo Natal que
por nenhuma outra solenidade do Senhor, porque, embora em outras solenidades o
Senhor tenha operado a nossa salvação, todavia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">por ter nascido para nós,</i> como dizia o bem-aventurado Francisco,
era necessário que fôssemos salvos. Por esta razão, queria que nesse dia todo
cristão exultasse no Senhor, e, por amor daquele que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">se entregou a si mesmo</i>, toda pessoa fosse generosa com alegria não
somente para com os pobres, mas também com os animais e as aves” (CA 14.7). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Da mesma forma, que todos os governantes das cidades e os
senhores dos castelos e das vilas sejam obrigados, a cada ano, no dia do Natal
do Senhor, impor que os homens espalhem trigo e outros grãos pelas estradas,
fora das cidades e dos castelos, para que as irmãs cotovias e também as outras
aves tenham o que comer, nesse dia tão solene; e que, por respeito ao Filho de
Deus, a quem nessa noite a beatíssima Virgem Maria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">reclinou num presépio </i>entre o boi e o asno, quem tiver um boi ou um
asno, seja obrigado, nessa noite, a provê-los abundantemente com a melhor
forragem. Do mesmo modo, neste dia, que todos os pobres devam ser saciados
pelos ricos com bons alimentos” (2EP 114,1). “Se desejas que celebremos em
Greccio a presente festividade do Senhor, apressa-te e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">prepara diligentemente</i> as coisas que te digo” ( 1Cel 84,6).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Os irmãos foram chamados de muitos lugares; homens e
mulheres daquela terra, com ânimos exultantes, preparam, segundo suas
possibilidades, velas e tochas para iluminar a noite que com astro cintilante
iluminou todos os dias e os anos”( 1Cel 85,2). “Prega em seguida ao povo
presente e profere coisas melífluas sobre o nascimento do Rei pobre e sobre
Belém, a pequena cidade.”( 1Cel 86,3). “Finalmente, o lugar do presépio foi
consagrado como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">templo do Senhor” </i>(
1Cel 87, 4). “Por isso, uma vez, ao aproximar-se a festa do Natal do Senhor e
querendo representar da maneira mais verossímil possível a humildade e a
pobreza do Menino Salvador que nasceu em Belém, o homem de Deus preveniu um
homem devoto e nobre, de nome João, na vila de Greccio. Este lhe preparou o boi
e o asno com o presépio em vista das futuras alegrias da festa” (Jul 53,4)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Tendo acorrido muita
gente de todas as partes, a noite foi passada em meio a uma insólita alegria,
toda iluminada por velas e fachos, e as solenidades da nova Belém foram
celebradas com um novo rito. Os irmãos cantavam os devidos louvores do Senhor,
e todos os que estavam presentes aplaudiam com novos cantos de alegria. O
bem-aventurado Francisco estava diante do presépio; repito, estava ali entre
suspiros de imensa alegria; estava ali inundado de indizível suavidade” (Jul
54, 3-5).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E nas Regras temos: “E jejuem desde a festa de Todos os
Santos até o Natal do Senhor” (RB III,6 e RnB III,11).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Estes são alguns textos das Fontes Franciscanas bem a jeito
de Francisco que fazia sua imersão na vida transformando palavras em carne de
sua carne, numa infusão de vida espiritual paisageando o natural. Para São
Francisco de Assis, palavra é caminho, vila, estrada e bosque, porque abre
compreensões. A leitura que ele faz da vida é colocar a vida diante dos olhos
acesos de percepções. E quando se trata da Palavra Sagrada, Francisco é
receptividade, criatividade, mutabilidade, chão lunar que deixa filtrar a
potência do sol. Em Francisco a existência permanece constantemente acesa pela
luminosidade do Evangelho, e junto com Clara de Assis, ele se faz reflexo
espelhado da Luz Divina. Francisco e Clara são esposo e esposa<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">logos
,</i>e, com simplicidade intuitiva unem a comunicação divina com a compreensão
humana. A Palavra não é apenas lida ou ouvida, mas fala de uma conversa caseira
com o humano. Luz ofertada, luz recebida. É muito bom aprender adequar a
Palavra no quadro do cotidiano; faz bem para o ser, para o intelecto, para o
espiritual e para o corporal. Presépio franciscano tem isso: a natureza humana
e divina encontra lugar em tudo que se apresenta. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i>CONTINUA</i></span></p><p style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px;"><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO </b></p><p style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px;"><em style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: MyriadPro, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.2; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: right;"><b>Imagem ilustrativa</b>: Afresco do Presépio, no Santuário de Greccio, atribuído ao mestre de Narni (Giovanni di Giovannello di Paulello, pintor de Narni)m datado entre 1375 e 1410.</em></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-2169243139707072722022-11-30T13:11:00.007-03:002022-11-30T13:13:39.442-03:00EVANGELIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO - FINAL<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoiHDW_o6P-uE4enHJFNsmSkTVDRnfRpZV2D0SoixGQpd-KBOmdRs75xHpeYXei9P8JzXl5MszkIfohdKBgw0FYj4japnR4TtFikA5YEz0x7mAVbLHibXvRG8sGQj_x4qLNXwu8aA8G3IXovIe6kNI3vzZ58EbZh0W0Fp4omhfZmuiV-r7BGthz3Ot1w/s1626/bomjesus_alto.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="1626" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoiHDW_o6P-uE4enHJFNsmSkTVDRnfRpZV2D0SoixGQpd-KBOmdRs75xHpeYXei9P8JzXl5MszkIfohdKBgw0FYj4japnR4TtFikA5YEz0x7mAVbLHibXvRG8sGQj_x4qLNXwu8aA8G3IXovIe6kNI3vzZ58EbZh0W0Fp4omhfZmuiV-r7BGthz3Ot1w/s16000/bomjesus_alto.jpg" /></a></p><p>Segundo Paulo VI na <i>Evangelii Nuntiandi,</i> evangelizar significa “levar Boa-Nova a todos os ambientes da humanidade e, com o seu influxo, transformar desde dentro, renovar a própria humanidade” (n.18). Já o termo “pastoral” diz respeito ao empenho de organizar as ações evangelizadoras dos cristãos, ela está ligada a realidades específicas, a necessidades prementes. Faz uso de meios adequados para se chegar a fins predeterminados. Compete à pastoral cuidar da organicidade e da processualidade das ações evangelizadoras dos cristãos. </p><p> A pastoral cumpre a tarefa de concretizar setorizando o processo de evangelização. Ela é parte do processo de evangelização e está referida a uma comunidade guiada de algum modo por um pastor. Evoca a ideia de acompanhar, doutrinar, ensinar, conduzir, A tradição cristã utiliza a metáfora do pastor de ovelhas para simbolizar o cuidado de Deus pelos seres humanos.</p><p>Em termos teológicos, a pastoral é a ação evangelizadora organizada da Igreja no mundo. Pastoral remete à práxis que é ação transformadora, porém, articulada com a reflexão; práxis não é, como comumente se afirma, um simples sinônimo de prática, de ação ou comportamento. Não é oposto de teoria. Práxis é aqui entendida como forma concreta de desempenho histórico; é o agir consciente da história. A práxis cristã é a concretização consciente na vida do alcance ético-histórico da fé. A pastoral pressupõe atenção à realidade concreta das pessoas, é a práxis cristã que visa responder aos seus apelos em seus contextos vitais” (Obra citada, 59).</p><p><b>CONCLUSÃO</b></p><p>Precisamos muito das motivações evangélicas e franciscanas no nosso Projeto Educacional. Nós estamos nos ombros daqueles que vieram antes de nós e nunca esqueceram desta verdade: fazer do franciscanismo na educação uma presença evangélica, mística e profética. Precisamos viver isto sempre de forma nova, com muita abertura para as surpresas do Espírito. O franciscanismo é uma grande inclusão em meio à diversidade, é um dom para o mundo, uma tradição viva e verdadeira que atravessa séculos. Possui uma energia muito forte porque sempre acreditou na força das pessoas que se unem de modo fraterno. Continuemos com força e fé, neste sentir-se bem onde o Senhor nos enviou para servir e anunciar a Boa Nova!</p><p><b style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px;">FREI VITORIO MAZZUCO FILHO </b></p><p><span style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px;"><i>Imagem<b>:</b></i></span><b style="background-color: #fdfaf0; font-family: Lora, serif; font-size: 16px;"><i> Pagina inicial da Associação de Ensino Bom Jesus</i></b></p><p><br /></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2959455491510813426.post-34153572610954599372022-11-25T06:56:00.005-03:002022-11-25T06:56:52.002-03:00EVANGELIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO - 13<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAhPxLF3MiAmx9-6_z-OsgXodUFij5lZMxEL-wHwNfz3RS7hi8xoCeZZva27VAmKmXY78l2kjqWQjcnEZnw3ebDl876xGQJvjF2mR_ByOqzAYjy9PINHJqlKGd2CBjOLaE27ZPjJ9scPuxjxtkNLWARsRvANKEXNVIlVHtydjsrs51uw0UhRoFPKdLyg/s1280/blog_251122.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAhPxLF3MiAmx9-6_z-OsgXodUFij5lZMxEL-wHwNfz3RS7hi8xoCeZZva27VAmKmXY78l2kjqWQjcnEZnw3ebDl876xGQJvjF2mR_ByOqzAYjy9PINHJqlKGd2CBjOLaE27ZPjJ9scPuxjxtkNLWARsRvANKEXNVIlVHtydjsrs51uw0UhRoFPKdLyg/s16000/blog_251122.jpg" /></a></div><br /><p>O vocábulo “universidade” remete a “universo”, que significa o conjunto da criação, sendo o universo uma palavra de origem latina (<i>universus</i>) composta de “uno” e “verso”, cujo significado é rumo à unidade. A universidade é uma representação do universo, pois nela coexistem inúmeros bens: o conhecimento, a experiência, o interesse e a paixão pela ciência. Há nela, constantemente, perguntas que dificilmente seriam postas ou trabalhadas com a mesma intensidade em outros ambientes. Faz parte da universidade também a reflexão crítica, o aprofundamento, a busca pela verdade, a inquietação de conhecer sempre mais e melhor o ser humano a partir da contribuição das distintas disciplinas, a busca de soluções criativas para os mais diversos problemas e a procura pela compreensão do todo também por meio da música, da literatura , do teatro, etc” ( Obra citada, 24).Na situação presente, as Universidades Católicas têm a missão de resgatar a própria ideia de universidade. As Universidades católicas, por causa de sua identidade e por causa da sua história estão em condições de poder modificar, pelo menos parcialmente, a tendência atual” (Zamagni, S. <i>A Identidade e a missão de uma universidade católica.</i> São Leopoldo: Cadernos IHU Ideias, 2013, v.185, n.11, p.8). </p><p>Retomando o bom texto de José Abel de Sousa ele cita quatro aspectos importantes: 1. O serviço à Igreja e à sociedade: que se traduz na busca por uma fé entendida como ato de adesão e compromisso com o conteúdo da revelação realizada por Jesus Cristo em harmonia com a razão no contexto específico da cultura compreendida no conjunto da vida humana. 2. A pastoral universitária: como protagonista do anúncio do Evangelho a ser realizado por meio do diálogo e deverá ter em vista a busca pela verdade. 3. O diálogo cultural: como foco do ideal que ilumina a realidade da universidade no âmbito de construção do conhecimento que, no caso da universidade católica, deve estar sob a iluminação do Evangelho e deve ter em vistas o seu anúncio dentro da universidade (meio acadêmico) e também fora. 4. A evangelização que deve acontecer por meio da integração fé e vida objetivo último da missão evangelizadora da universidade católica e se dá a partir da interação entre realidade e ideal. (cf. José Abel de Sousa, <i>Universidade em Saída – Identidade e missão à luz do humanismo integral,</i> Edições CNBB, 2022 ,p.35).</p><p>A função de evangelizar o meio acadêmico foi, desde sempre, a razão de ser e de existir da universidade católica. Nos tempos atuais, marcados pela diversidade religiosa, pelo pluralismo cultural, e pela crescente secularização, mais do que nunca cabe enfatizar que a missão evangelizadora da universidade católica deve ser compreendida à luz do humanismo cristão ou crístico, uma vez que toda humanidade, não apenas os cristãos, está assinalada pelo dom de Deus (Obra citada, 42).</p><p>Educação e evangelização são ambas dimensões eclesiais que devem estar sempre integradas, pois, embora distintas, são complementares. O processo de evangelização na universidade católica é também eclesial, e, por isso, necessita manter o caráter de continuidade histórica do itinerário de promoção da vida pela fé, iniciado com Jesus, no mundo e para o mundo. Partimos da constatação de que é necessária a superação de uma ciência fragmentária e da reinvindicação de uma educação integral, comprometida com o desenvolvimento harmônico das qualidades do ser humano: “Educar é atitude, mas não qualquer atitude. A atitude esperada da educação católica é aquela que considera o despertar da consciência do estudante para a beleza da vida e do mundo” (Mendonça, S. Educação católica, ciências e educação a urgência do “<i>Instrumentum Laboris</i>”. Revista Reflexão. Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2018, v.43, n.1, p.71).</p><p><i>CONTINUA</i></p><p><b>FREI VITORIO MAZZUCO FILHO </b></p><p><i>Imagem: Celebração do Tempo Pascal na USF (2022)</i></p>Vitório Mazzuco Fºhttp://www.blogger.com/profile/07410489271075468862noreply@blogger.com0