Fraternidade não é apenas convívio de grupo religioso



São Francisco é o santo da Fraternidade. Deu um jeito de dizer que todos os seres estão interligados numa irmandade: frades, irmãos, irmãs, pedras e bichos, seres estelares e matérias orgânicas. Mostrou que Fraternidade é um jeito de estar no mundo e fazer do lugar onde se está um mundo melhor. Fraternidade não é morar em algum lugar, mas saber por que se está ali, naquele lugar. É viver apaixonadamente o conviver. O estar junto determina muito quem eu sou sob o filtro do diferente de mim. O melhor de mim passa pelo outro e se dilui no gostoso da convivência.

A minha identidade é feita de muitos seres que moldam a beleza do meu ser. Mas todos os seres me convocam a sair de mim e acrescentar algo de mim à verdade de todos os seres. Fraternidade tem este jeito de eu mesmo ser um ingrediente a mais na receita. Francisco era um pouco de Clara, um tanto de Leão, mais uma pitadinha de Junípero, um copo de água, uma medida de lua, um recheio de sol, um fermento do Amor de Deus e a Forma de Vida e a forma do saboroso pudim do Evangelho. Fraternidade é uma multiplicidade de, sabores, gostos e sentidos.

Fraternidade não é onde encosto ou penduro minhas coisas e minhas manias, mas é onde eu dou o melhor de mim mesmo. Se apenas me escoro ali, não vejo a beleza de ser um ser original e singular entre muitos.

Hoje temos muitos problemas de vida fraterna, porque em vez de levar a gente mesmo e a beleza dos outros para a sala do convívio, fazemos do lugar fraterno um depósito de coisas inúteis e em desuso, sucateando nossas casas. Fraternidade é varrer a casa, tirar o lixo, colocar uma flor no vazio, repartir o que tenho, sou, penso e faço. Não é ter muitas regras, mas grafitar o Primeiro e Maior Mandamento na parede do quarto. Sentar na hora da boa conversa e fazer valer o espirito franciscano dialogando com os detalhes de tudo e de todos. Por ser fraterno, Francisco amansou um lobo em Gubio, escutando simplesmente qual era a sua fome. Viver em fraternidade é adivinhar qual a sede e a fome de alguém sem querer afastar da mesa. Francisco, faz uma visitinha lá em casa para restaurar o recreio!

Frei Vitório Mazzuco, OFM

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